O
dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a data em
que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).
Para
falar dos(as) Pretos(as) Velhos(as) é preciso resgatar uma lamentável época da
história da nossa colonização: a escravidão dos negros africanos. As grandes
Metrópoles (Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc.) subjulgavam suas
colônias, fazendo dos negros mercadorias, objetos sem direitos ou alma.
No
Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI e
XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII. Os primeiros grupos que vieram para
essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubás; geges; hauçá;
minas e malês. A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial,
custou-nos quatro séculos, do XV ao XIX, de exploração escancarada (entre
escravizados e mortos 65 a 75 milhões de pessoas). Um contingente que
constituiu uma parte considerável da população local.
Desse
contexto, é importante perceber como seus cultos eram a forma dos escravos
resistiam, simbolicamente, à dominação. A “macumba” era, (e ainda é!) um ritual
de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas, batucadas, danças e cantos
representavam maneiras de aliviar a asfixia da escravidão.
Estes
negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir – mesmo de maneira
precária – uma união representativa da língua, do culto aos Orixás e aos
antepassados e, tornaram-se, assim, um elemento de referência para os mais
novos. Quem refletia os velhos costumes da Mãe África. Assim, eles conseguiam
preservar e até modificar, no sincretismo, parte importante de sua cultura e
sua religião.
Hoje,
pensar na corrente das alma – essa linha tão bendita que, humildemente celebramos
no mês de Maio – é o mesmo que pensar nesses milhares de espíritos que
desencarnaram, cada qual, em situações bastante adversa, mas que hoje voltaram
para a prática da caridade e do aprimoramento moral e espiritual.
Muitos
ainda, usando seu linguajar característico, praticando os sagrados rituais do
culto, utilizados desde tempos imemoriais, manifestaram-se em indivíduos
previamente selecionados de acordo com a sua ascendência (linhagem), costumes,
tradições e cultura. A legião de espíritos chamados “pretos-velhos” foi formada
no Brasil, como parte integrante e fundamental do Culto aos Orixás.
Depois
de desencarnados, passaram a surgir em lugares adequados, principalmente para
se manifestarem. Ao se incorporarem, trazem os Pretos-Velhos os sinais característicos
das tribos a que pertenciam.
Eles
representam a humildade, força de vontade, a resignação, a sabedoria, o amor e
a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam:
curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio pelas
humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
Com seus cachimbos, fala pausada,
tranquilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam,
independentes de sua cor, idade, sexo e de religião. São extremamente pacientes
com os seus filhos e, como poucos, sabem discorrer sobre conceitos como karma e
resignação como ninguém.
Não
se pode dizer que em sua totalidade esses espíritos são diretamente os mesmos
Pretos Velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram
por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos,
pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam
escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de
Preto-Velho. Outros, nem negros foram, mas escolheram como missão voltar nessa
pseudo-forma. Assim como crianças, caboclos e outras Linhas de Umbanda. Esses
espíritos assumem esta forma com o objetivo de manter uma perfeita comunicação
com aqueles que os vão procurar em busca de ajuda assim, com essa identidade e
afinidade.
O
espírito que evoluiu tem a capacidade de assumir qualquer forma, pois ele é
energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma consequência do que eles
tenham que fazer na terra. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua
missão.
Para
muitos os Pretos Velhos são conselheiros mostrando a vida e seus caminhos; para
outros, são psicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para outros,
são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo,
pontos riscados e outros, apoiados pelos exus desfazendo trabalhos. Também
combatem as forças negativas (o mal), espíritos obssessores e kiumbas.
Olha que coisa mais linda que estou vendo do lado de lá
É o navio dos pretos velhos querendo trabalhar
Como é bonito o seu patuá tem arruda e guiné
Pra nos abençoar
ORAÇÃO
DOS PRETOS VELHOS
Ao
Sagrado Princípio do Todo invocamos, do mais íntimo de nossa Consciência, em
sinal de reverência à Verdade, ao Amor e à Virtude, propositando cooperar junto
às Legiões de Pretos Velhos, Índios, Hindus e Caboclos, para os serviços que
são chamados a desempenhar na Ordem Doutrinária.
Ao
Cristo apelamos, como Diretor Planetário e Senhor dos Sete Escalões em que se
distribui a Humanidade Terrestre, composta de encarnados e desencarnados,
desejando oferecer colaboração eficiente, de caráter fraterno, em defesa da
Verdade e da Justiça, contra aqueles que, contrariando os Sagrados Objetivos da
Vida, se entregam aos atos que contradizem a Lei de Deus.
Conscientes
da integridade da Justiça Divina, afirmamos a mais fiel e intensa observância
dos Mandamentos da Lei, conforme o Divino Exemplo do Verbo Exemplar, para todos
os efeitos invocativos. Acima de alternativas constituirá barreira contra o
Mal, em qualquer sentido em que se apresente, venha de onde vier, seja contra
quem for, conquanto que, em defesa da Verdade, do Bem e do Bom.
Consequentemente,
que aos bondosos Pretos Velhos seja dado refletir, em seus trabalhos, os sábios
e santos desígnios daqueles que, traduzindo a Divina Tutela do Cristo
Planetário, assim determinarem das Altas Esferas da Vida.
Que
as legiões de Índios, simples, espontâneas e valorosas, sempre maravilhosamente
ligadas à natureza exuberante, possam agir sob a direção benévola e rigorosa
dos Altos Mentores da Vida Planetária. Lutando pela Ordem e pelo Bem, pelo
progresso no seio do Amor, que tenham de Deus as graças devidas.
Que
às numerosas legiões de Hindus, profundamente ligadas às mais remotas
Civilizações do Planeta, formando portanto nas Altas Cortes da Hierarquia
Terrestre, sejam concedidas pelo Senhor Planetário as devidas oportunidades,
para que forcem, sustentem e imponham a Suprema Autoridade. Que nesta hora
cíclica, em que a Terra transita de uma para outra Era, as Mentes humanas
possam receber os eflúvios da Pureza e da Sabedoria, a fim de que sintam os
Divinos Apelos do Cristo, em favor dos Santos Desígnios do Pai amantíssimo, que
é a divinização de todos os filhos.
Que
as legiões de Caboclos, humildes e bondosos, tão ligadas aos que peregrinam a
encarnação, para efeito de expiações, missões e provas, a todos possam envolver
proteger e sustentar, desde que se esforcem a bem da Moral, do Amor, da
Revelação, da Sabedoria e da Virtude, pois que, fora dessa Ordem Doutrinária,
não há Evangelho.
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