Livro : "As dores da alma"
AS DORES DA ALMA
(HAMMED / FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO)
15 - PERDA
- A natureza
deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Portanto, a criatura não
deve “endurecer o coração e fechá-lo à sensibilidade”, se receber ingratidão de
seus amigos, porquanto o Homem de coração se sente sempre feliz pelo bem que
faz, pois sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em
outra
- Se
alimentarmos essa crença de que os amigos verdadeiros são aqueles que se
modelam ao nosso perfeito “idealismo mítico”, isto é, relacionamento
estruturados em “castelos no ar”, poderemos estar vivendo, fundamentalmente,
sob uma consistência irreal a respeito de amizade
- Os reconhecidos,
porém, como, amigos “íntimos” ou “permanentes” são aqueles que possuem afeto
mútuo e o conservam indefinidamente. A intimidade entre eles faz com que tenham
um crescente amadurecimento espiritual, alargando seu mundo interior à medida
que aumentam a capacidade de compreender as similaridades e as diferenças entre
si mesmos
- Em verdade,
para se possuir real intimidade e adquirir plena confiança entre amigos é
necessário nunca esconder o que há de desagradável em nós; em outras palavras,
é preciso revelar nossa falibilidade
- Preciso é que
tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque o que chamamos destruição
não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos
seres vivos. A morte é um intervalo entre as diversas transformações da vida, a
fim de que a renovação e a aprendizagem se estabeleçam nas almas, ao longo da
eternidade
- A perda de um
ente querido é universalmente causa de tristeza e de lágrimas, em qualquer
rincão do Planeta, mas a forma está intimamente moldada ao nosso grau evolutivo
- São
compreensíveis as lamentações e os pesares, o pranto e os suspiros, pois o ser
humano passa por processos psicológicos de adaptação e de reajuste às perdas da
vida
- Uma das mais
importantes funções da tristeza é a de propiciar um ajustamento íntimo, para
que a criatura replaneje ou recomece uma nova etapa vivencial
- O isolamento
transitório pode ser considerado também como uma forma psicológica de defesa
para suportar esses transes dolorosos
- O
esquecimento e o desprezo a que relegamos os velhos, a atitude nociva de
considerá-los vivendo “a segunda infância”, de condená-los à monotonia
denominando-os de “desatualizados”, é porque não sabemos lidar com a questão do
homem idoso
- Não
olvidemos, porém, que, a cada dia que passa, todos nós estamos envelhecendo. Os
processos orgânicos degenerativos são paulatinos e gradativamente notados. Uma
outra problemática a ser considerada na velhice é o apego às tradições ou o
preconceito contra as novidades, que , em verdade, não são atuais
- Não só na
terceira idade, mas em toda as etapas da vida, deve-se fugir dos hábitos,
opiniões e idéias conservadoras, porquanto não se pode adotar nada em caráter
definitivo
- O
envelhecimento não é uma perda para aqueles que mantêm uma vida extremamente
ativa, para os que continuam combatendo o confinamento de seu mundo íntimo. Não
confundamos, no entanto, idosos que se confinam interiormente, por abstração e
alheamento dos acontecimentos habituais, com aqueles que fazem o exercício da
introspecção e da contemplação, técnicas altamente positivas
- Deixar
inertes as forças físicas e mentais faz com que elas se degenerem, visto que a
ação laboriosa protege-nos de grandes males, como o tédio e a solidão
- Na natureza
nunca há perda. Quando finda uma etapa de nossa existência, outra vem ocupar a
lacuna deixada, porque nossas vidas sucessivas estão entregues ao Poder
Perfeito do Universo, que tudo cuida e desenvolve
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