sábado, 31 de dezembro de 2016
CARTA DE ANO NOVO

Lembra-te de que o ano em retorno é novo dia a convocar-te para a
execução de velhas promessas que ainda não tivestes a coragem de cumprir.
Se tens inimigos, faze das horas renascer-te o caminho da
reconciliação.
Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada
para frente.
Se descansaste em demasia, volve ao arado de tuas obrigações e
planta o bem com destemor para a colheita do porvir.
Se a tristeza te requisita, esquece-a e procura a alegria serena da
consciência tranquila no dever bem cumprido.
Ano Novo! Novo Dia!
Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te
não entenderam até agora.
Recorda que há mais ignorância que maldade em torno de teu destino.
Não maldigas nem condenes.
Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na
inquietude da escuridão.
Não te desanimes nem te desconsoles.
Cultiva o bom ânimo com os que te visitam dominados pelo frio do
desencanto ou da indiferença.
Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como
que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora: Ama e
auxilia sempre. Ajuda aos outros amparando a ti mesmo, porque se o dia volta
amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu
coração.
pelo Espírito Emmanuel, no livro "Vida e Caminho",
psicografado por Chico Xavier
domingo, 25 de dezembro de 2016
O NATAL DE JESUS
A Sabedoria da Vida situou o Natal de Jesus frente do Ano Novo, na
memória da Humanidade, como que renovando as oportunidades do amor fraterno,
diante dos nossos compromissos com o Tempo.
Projetam-se anualmente, sobre a Terra os mesmos raios excelsos da
Estrela de Belém, clareando a estrada dos corações na esteira dos dias
incessantes, convocando-nos a alma, em silêncio, à ascensão de todos os
recursos para o bem supremo.
A recordação do Mestre desperta novas vibrações no sentimento da
Cristandade.
Não mais o estábulo simples, nosso pr6prio espírito, em cujo íntimo
o Senhor deseja fazer mais luz...
Santas alegrias nos procuram a alma, em todos os campos do
idealismo evangélico.
Natural o tom festivo das nossas manifestações de confiança
renovada, entretanto, não podemos olvidar o trabalho renovador a que o Natal
nos convida, cada ano, não obstante o pessimismo cristalizado de muitos
companheiros, que desistiram temporariamente da comunhão fraternal.
E o ensejo de novas relações, acordando raciocínios enregelados com
as notas harmoniosas do amor que o Mestre nos legou.
E a oportunidade de curar as nossas próprias fraquezas retificando
atitudes menos felizes, ou de esquecer as faltas alheias para conosco,
restabelecendo os elos da harmonia quebrada entre nós e os demais, em
obediência à lição da desculpa espontânea, quantas vezes se fizerem
necessárias.
È o passo definitivo para a descoberta de novas sementeiras de
serviço edificante, atrav6s da visita aos irmãos mais sofredores do que n6s
mesmos e da aproximação com aqueles que se mostram inclinados à cooperação no
progresso, a fim de praticarmos, mais intensivamente, o princípio do “amemo-nos
uns aos outros”.
Conforme a nossa atitude espiritual ante o Natal, assim aparece o
Ano Novo à nossa vida.
O aniversário de Jesus precede o natalício do Tempo.
Com o Mestre, recebemos o Dia do Amor e da Concórdia.
Com o tempo, encontramos o Dia da Fraternidade Universal.
O primeiro renova a alegria.
O segundo reforma a responsabilidade.
Comecemos oferecendo a Ele cinco minutos de pensamento e atividade
e, a breve espaço, nosso espírito se achará convertido em altar vivo de sua
infinita boa vontade para com as criaturas, nas bases da Sabedoria e do Amor.
Não nos esqueçamos.
Se Jesus não nascer e crescer, na manjedoura de nossa alma, em vão
os Anos Novos se abrirão iluminados para nós.
Pelo espírito: Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Fonte de Paz
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
O Porquê das Mortes Coletivas?
As grandes comoções que ocorrem na nossa sociedade material trazem
sempre enormes indagações e dúvidas por parte de pessoas que ainda não
adquiriram conhecimentos das verdades evangélicas a respeito da Lei de Causa e
Efeito e das vidas sucessivas. Segundo ainda ensinamentos Evangélicos, “não caí
uma só folha da árvore sem que Deus saiba” e, com toda certeza, as “mortes
coletivas” não foram obras do acaso, mas sim, todas estavam cadastradas nos
anais da espiritualidade para participarem dessas desencarnações coletivas.
Muitos desses fatos são consequências de Leis Naturais, ou
juridicamente chamadas de “casos fortuitos”, como maremotos, terremotos,
erupções de vulcões, etc., porém, outros ocorrem por acidentes ou desastres,
que são provocados pelo próprio Homem, como por exemplo, acidentes aéreos,
marítimos, ferroviários e, hoje em dia, até por ato terrorista. Ora esses fatos
acontecem sem serem provocados por Deus, mas, em ambos os tipos de ocorrências,
há a influência do ser humano, direta ou indiretamente. No primeiro caso,
apesar de ser um fato natural, físico, corrobora a influência inferior da
Humanidade. No segundo caso, pela imprudência do próprio homem.
Essas ocorrências, chamadas catastróficas, que ocorrem em grupos de
pessoas, em família inteira, em toda uma cidade ou até em uma nação, não são
determinismo de Deus, por ter infringido Suas Leis, o que tornaria assim, em
fatalismo. Não. Na realidade são determinismos assumidos na espiritualidade,
pelos próprios Espíritos, antes de reencarnar, com o propósito de resgatar
velhos débitos e conquistar uma maior ascensão espiritual. O Espírito André
Luiz, no livro Ação e Reação, afirma esses fatos: “nós mesmos é que criamos o
carma e este gera o determinismo”.
São ações praticadas no pretérito longínquo, muito graves, e por
várias encarnações vamos adiando a expiação necessária e imprescindível para
retirada dessa carga do Espírito, com o fim de galgar vôos mais altos. Assim,
chega o momento para muitos, por não haver mais condições de protelar tal decisão,
e terão que colocar a termo a etapa final da redenção pretendida perante as
Leis Divinas. Dessa complexidade de fatos é que geram as chamadas “mortes
coletivas”.

Assim, a Previdência Divina, com sua pré-ciência, aparelha
circunstâncias de hora, dia e local, para congregar aqueles que assumiram tais
resgates aflitivos, e, por outro lado, os que não vão fazer parte desse
processo coletivo, por um motivo ou outro, não estarão presentes.
No livro Tempo de Transição, do escritor Juvanir Borges de Souza,
tiramos os seguintes ensinamentos referentes a este assunto: “...o mesmo
princípio aplicável a cada indivíduo estende-se às coletividades; uma família,
uma nação ou uma raça formam as individualidades coletivas; “...entidades
coletivas contraem responsabilidades agindo como individualidades coletivas,
respondendo seus por seus atos e pelas consequências deles; “...as expiações
coletivas são os resgates de ações anteriores praticadas em conjunto pelo grupo
envolvido; “...os grupos se reúnem na Terra para tarefas ou missões comuns,
assim como são reunidos, para purgar faltas cometidas em conjunto,
solidariamente, assim, o inocente de hoje pode estar respondendo por seus atos
de ontem; “...a Providência Divina tem meios e formas para determinar os
reencontros, o reinício das tarefas, os resgates, tanto no plano individual
quanto no coletivo, em processos complexos que nos escapam à percepção”.
Em seguida, o preclaro escritor traz exemplos significativos,
lembrando da escravatura negra no Brasil que, durante três séculos foi uma
instituição oficial, uma mancha social da qual resultam efeitos morais e
espirituais até em nossos dias. Recorda ainda, a Guerra do Paraguai, país de
menores recursos humanos e materiais, arcou com sofrimentos e dificuldades
pesadas. Entretanto, passados mais de um século desse triste acontecimento, os
governos uniram-se em tratado de honra e os dois povos construíram a maior
usina hidroelétrica do mundo, que proporciona enorme progresso às populações de
ambos os países, com considerável vantagem para o Paraguai, uma vez que o
empreendimento foi custeado na sua quase totalidade pelo povo brasileiro.
Entende-se como uma espécie de ressarcimento de débito do passado, sob a forma
de compreensão, cooperação e realizações positivas e justas.
Existem ainda, “mortes coletivas”, provenientes de seguidores de
pessoas com alto grau de persuasão, mas de baixo senso moral, que conseguem
anular sentimentos e raciocínios de pessoas despreparadas e com tendência ao
materialismo, inculcando ensinamentos de salvação através de atos externos,
apregoando os suicídios coletivos. Mais uma vez, recorremos das palavras sábias
do escritor Amilcar Del Chiaro Filho: “Quando a pessoa se fanatiza por alguma
coisa, especialmente pelas ideias religiosas, o desequilíbrio se apresenta, e o
que é distorcido, desatinado, parece reto, equilibrado. Existe alguma relação
com obsessores? Sim, existe. Espíritos obsessores se aproveitam das disposições
dos encarnados para dominar-lhes a mente e impor-lhes a própria vontade”.
Transcrevermos ainda, palavras do Profº Waldo Lima de Valle,
retiradas do seu livro, Morrer e Depois!: “mortes coletivas são provações muito
dolorosas para os que ficam e também para os que partem, mas integram programas
redentores do Espírito endividado perante a Lei e condição para que possam
usufruir, merecidamente, as glórias da Vida Eterna (...) a dor coletiva corrige
falhas mútuas, dos que partem e, também, dos que ficam”.
O Meigo Nazareno, como não poderia deixar de ser, ensina em suas
“Boas Novas” a respeito dessas vítimas: “Pensais que esses galileus eram mais
pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas cousas? Não
eram, eu vo-lo afirmo: se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente
perecereis. Ou cuidais que aqueles dezoito, sobre os quais desabou a torre de
Siloé e os matou, eram mais culpados que todos os outros habitantes de
Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos
igualmente perecereis” - Lucas 13.1-5. Isso significa que os que padecem desse
drama no desencarne não são mais culpados do que outros, também habitantes
deste planeta ainda inferior, pois carregamos todas dívidas e imperfeições de
Espíritos que faz jus reencarnar aqui na Terra. O que precisa é o arrepender
que Jesus ensina, ou seja, não mais praticarmos o mal contra nosso irmão, e
praticarmos sim, a caridade para compensar o mal já efetivado em vidas
passadas, para termos oportunidade de escaparmos dessas aparentes tragédias.
Para encerrarmos este assunto completamos com outra parábola de
Jesus que demonstra materialmente essa verdade: “Certo homem tinha uma figueira
plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse
ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho;
pode cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra? Ele,
porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor
dela e lhe ponha estrume. Se vier dar fruto, bem está; se não, mandarás
cortá-la”. Lucas 13.6-9. Fica assim comprovado que Deus espera de nós os frutos
que devemos dar pela oportunidade da reencarnação, no sentido de melhorarmos
moral e espiritualmente, para não termos que expiarmos, drasticamente, nossas
faltas pretéritas.
Fundação Espírita André Luiz - FEAL
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Guardiões da magia
EXÚ E
POMBOGIRA
Exú
é o eixo, aquele que movimenta, que traz a energia de viver, o guardião que te
protege e te guarda das influências dos que querem te consumir.
Ao
contrário do que muitos pensam, Exú não é o demônio, ou tinhoso, ou coisa ruim.
Exú não é mal e nem bom, ele é o guardião da magia, o executor da justiça
kármica, o intermediário entre nós e os Orixás. Assim como as Pombogiras que
são o lado feminino do polo negativo que atua junto com os Exús.
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
PROGRAMAÇÃO REENCARNATÓRIA
O acaso não existe; a vida é causal, não casual
O que rege as nossas existências, ensina o Espiritismo, não é o
acaso, mas o livre-arbítrio, uma conquista do ser humano que se desenvolve com
a evolução da alma. O livre-arbítrio se exercita, no entanto, de modos
diferentes quando estamos na erraticidade e quando no plano físico, assunto que
Kardec elucida de forma magistral no item 872 d’ O Livro dos Espíritos.
Reportando-se ao assunto, André Luiz pede que evitemos o uso do
vocábulo acaso, tanto quanto as palavras sorte e azar, porque tais termos não
têm a significação que lhes atribuímos.
Depois de uma tempestade, diz o ditado popular, vem a bonança.
André Luiz discorda, asseverando: “Depois da tempestade, aguarde outras”. Em
compensação, em vez de afirmar que “há males que vêm para bem”, podemos dizer
que “todos os males vêm para o nosso bem”.
Joanna de Ângelis confirma a tese exposta por André Luiz ao tratar
dos chamados acontecimentos inesperados: “Imprevisível é a presença divina
surpreendendo a infração. Insuspeitável é a interferência divina sempre vigilante.
Inesperado é a ocorrência divina trabalhando pela ordem” (Alerta, cap. 3, obra
psicografada por Divaldo P. Franco).
O caso do czar Alexandre – Kardec fez, na Revista Espírita de 1866,
pp. 167 a 171, interessantes observações a propósito de uma tentativa de
assassinato de que fora vítima o czar Alexandre da Rússia. No momento do
atentado, um jovem camponês chamado Joseph Kommissaroff interveio, evitando que
o crime fosse consumado.
Eis o que Kardec escreveu sobre o assunto: 1) Muitos atribuirão ao acaso o surgimento do
jovem camponês na cena do crime. O acaso, porém, não existe. Como a hora do
czar não havia chegado, o moço foi escolhido para impedir a realização do
crime, pois as coisas que parecem efeito do acaso estavam combinadas para levar
ao resultado esperado. 2) Os homens são os instrumentos inconscientes dos
desígnios da Providência e é por eles que ela os realiza, sem haver necessidade
de recorrer para tanto a prodígios. 3) Se o jovem Kommissaroff tivesse
resistido ao impulso recebido dos Espíritos, estes se valeriam de outros meios
para frustrar o crime e preservar a vida do czar. 4) Uma mosca poderia picar a
mão do assassino e desviá-la do seu objetivo; uma corrente fluídica dirigida
sobre seus olhos poderia ofuscá-lo e assim por diante. Mas, se tivesse soado a
hora fatal para o imperador russo, nada poderia preservá-lo.
Levado o caso a uma sessão espírita realizada na casa de uma
família russa residente em Paris, o Espírito de Moki, por meio do Sr. Desliens,
explicou que mesmo na existência do mais ínfimo dos seres nada é deixado ao
acaso: os principais acontecimentos de sua vida são determinados por sua
provação; os detalhes, influenciados por seu livre arbítrio. Mas o conjunto da
situação foi previsto e combinado antecipadamente por ele e por aqueles que
Deus predispôs à sua guarda.
A programação reencarnatória
O livre-arbítrio quando estamos na erraticidade, ou seja, quando
nos encontramos desencarnados, consiste na escolha do gênero de existência e da
natureza das provas, dois itens fundamentais da chamada programação
reencarnatória tão em voga em nossos dias e que a doutrina espírita esmiúça nas
questões 258, 262 e 872 d’ O Livro dos Espíritos.
Duas únicas exceções à tese da escolha são referidas pelos
Espíritos Superiores. A primeira, quando o Espírito em sua origem não tem
experiência suficiente para exercê-la. A segunda, quando, por sua inferioridade
ou má-vontade, não está apto a compreender o que lhe é mais profícuo. Deus
pode, então, impor-lhe uma existência sem ouvi-lo, mas o Pai sabe esperar e não
precipita jamais a expiação.
Confirmando o ensino contido na obra fundamental da doutrina
espírita, Kardec consignou na Revista Espírita de 1866, pp. 182 a 188, as
informações que se seguem:
I – Ao deixar a Terra, conforme as faculdades ali adquiridas, os
Espíritos buscam o meio que lhes é próprio, a menos que, não podendo estar
desprendidos, estejam na noite, nada vendo nem ouvindo.
II – Quando se prepara para reencarnar, o Espírito submete suas
idéias às decisões do grupo a que pertence. O grupo discute o assunto,
pesquisa, aconselha.
III - O Espírito pode, então, aconselhado, esclarecido,
fortificado, seguir, se quiser, seu caminho, ciente de que terá na jornada
terrena uma multidão de Espíritos invisíveis que não o perderão de vista e o
assistirão.
IV – Cada pessoa tem no mundo uma missão a cumprir. Seja em grande
escala, seja em escala menor, Deus pedirá a todos contas do óbolo que lhes foi
entregue.
V – Nesse sentido, o dever dos espíritas é muito grande, porque o
dom que lhes foi concedido é um dos soberanos dons de Deus. Sem se envaidecer
por isto, devem os espíritas fazer todos os esforços para merecê-lo.
VI – Que ninguém reserve apenas para si esse talento, mas que o
ofereça a todos os irmãos, trabalhando na seara espírita, sob a assistência dos
Bons Espíritos, que jamais lhe faltará.
VII – Instruir os ignorantes, assistir os fracos, ter compaixão dos
aflitos, defender os inocentes, lamentar os que estão no erro, perdoar aos
inimigos – eis as virtudes que devem crescer em abundância no caminho do
verdadeiro espírita.
O planejamento da reencarnação - A planificação para a reencarnação
é quase infinita e obedece a critérios que decorrem das conquistas morais ou
dos prejuízos ocasionais de cada candidato. Na generalidade, assevera Manoel P.
de Miranda em Temas da Vida e da Morte, existem estabelecidos automatismos que
funcionam sem maiores preocupações por parte dos técnicos em renascimento, e
pelos quais a grande maioria dos Espíritos retorna à carne, assinalados pelas
próprias injunções evolutivas.
Ao lado desse automatismo das leis da reencarnação, há programas e
labores especializados para atendimento de finalidades específicas. Os
candidatos em nível médio de evolução, antes de serem encaminhados às
experiências terrenas, requerem a oportunidade, empenhando nisso os melhores
propósitos e apresentando os recursos que esperam utilizar, a fim de granjear a
bênção do recomeço, na bendita escola humana.
Examinados por hábeis e dedicados programadores, que recorrem a
técnicas especiais de avaliação das possibilidades apresentadas, são eles
submetidos a demorados treinamentos, de acordo com o serviço a empreender, com
vistas ao bem-estar da Humanidade,
após o que são selecionados os melhores, o que reduz a margem de
insucesso. Os que não são aceitos, voltam a cursos de especialização para
outras atividades, especialmente de equilíbrio, com que se armam de forças para
vencer as más inclinações defluentes das existências anteriores que se
malograram, bem como para a aquisição de
valiosas habilidades que lhes repontarão, futuramente, no corpo como tendências
e aptidões.
De acordo com a ficha pessoal do candidato, é feita,
concomitantemente, pesquisa sobre aqueles que lhe podem oferecer guarida,
dentro dos mapas cármicos, providenciando-se necessários encontros ou
reencontros na esfera dos sonhos, ou diretamente, quando for um plano elaborado
com antecedência, no qual os membros do futuro clã convivem, primeiro, na
erraticidade, de onde partem já com a família adredemente estabelecida. (Angélica
Reis)
A influência da lei de causa e efeito
O direito de programar a própria reencarnação nos é conferido por
uma lei: a que concede aos seres humanos o livre-arbítrio, a liberdade de escolha
e de conduta que Kardec estuda minuciosamente em suas obras. O livre-arbítrio
sofre, porém, limitações por força de uma outra lei: a lei de causa e efeito,
segundo a qual cada um de nós recebe da vida o que dá à vida, visto que a
semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
Vê-se, pois, que o comportamento do homem afeta de maneira rigorosa
a programação de sua vida. São de duas classes – adverte Manoel P. de Miranda
em Temas da Vida e da Morte – as causas que influem na existência humana: as próximas,
ocasionadas na encarnação presente em que a pessoa se movimenta, e as remotas,
que procedem das ações pretéritas.
As causas próximas, situadas na presente existência, geram novos
compromissos que, se negativos, podem ser atenuados de imediato por meio de
atitudes opostas, e, se positivos, ampliados na sua aplicação. O tabagismo, o
alcoolismo, a toxicomania, a sexolatria, a glutoneria, entre outros fatores
dissolventes e destrutivos, são de livre opção, não incursos no processo
educativo de ninguém. Aquele que se vincula a qualquer deles padecer-lhe-á,
inexoravelmente, o efeito prejudicial.
O tabagismo responde por cânceres de várias procedências, na
língua, na boca, na laringe, e por inúmeras afecções e enfermidades
respiratórias, destacando-se o terrível enfisema pulmonar. O alcoolismo é
gerador de distúrbios orgânicos e psíquicos de inomináveis conseqüências,
gerando desgraças que de forma nenhuma deveriam suceder. É ele o desencadeador
da loucura, da depressão ou da agressividade, na área psíquica, sendo o
responsável por distúrbios gástricos, renais e, principalmente, pela
irreversível cirrose hepática. (Angélica Reis)
O livre-arbítrio na existência corpórea
Feita a programação reencarnatória no estado de erraticidade, o
livre-arbítrio consiste, depois que estamos encarnados, na faculdade que temos
de ceder ou resistir aos arrastamentos, às tentações e às influências a que
somos voluntariamente submetidos. Muitos cedem, poucos resistem. É nisso que o
papel da educação e o período da infância são fundamentais ao ser humano, como
Kardec adverte no item 872 d’ O Livro dos Espíritos.
Estamos, pois, em
nossa existência corpórea, sujeitos a mudanças, por força do livre-arbítrio que
Deus nos outorgou. Muitos matrimônios precipitados nascem disso, porque uma
pessoa pode perfeitamente envolver-se com outra pessoa, fora da sua programação
reencarnatória, podendo daí até mesmo nascer filhos. O fato não significa que
os filhos venham por acaso. Significa apenas que os protetores e amigos
espirituais aproveitam toda oportunidade, mesmo as equivocadas, para semear o
bem. O filho que nasce de uma ligação dessa natureza possui, evidentemente,
ligações com um dos pais.
Os matrimônios
precipitados geralmente têm vida muito curta. A razão é simples: se nos
programados existe toda uma equipe de mentores e amigos do casal ajudando para
que as coisas dêem certo, nos outros nem sempre isso ocorre.
Existem ainda os casos de reprogramação, em que, para atender a uma
emergência, pode ser dado novo rumo à história de uma pessoa. Exemplos disso,
inúmeros, encontramos nas obras de André Luiz. Um dos casos é quando o esposo
se suicida, deixando mulher e filhos sem o arrimo necessário ao cumprimento de
suas tarefas. Um segundo matrimônio na vida dessa mulher pode perfeitamente ser
estabelecido, com a ajuda dos protetores espirituais. Eis aí uma hipótese até
comum de reprogramação da existência corpórea.
A experiência de
Otávio - O exemplo seguinte, extraído do cap. 7 do livro Os Mensageiros, obra
de André Luiz psicografada por Francisco Cândido Xavier, mostra o que pode
acontecer na vida de uma pessoa que se rebela ante o programa traçado. É o que
ocorreu com Otávio, cuja existência foi de absoluto fracasso.
Após contrair dívidas enormes em outro tempo, Otávio havia sido
recolhido por irmãos dedicados de "Nosso Lar", que se revelaram
incansáveis para com ele. Preparou-se, então, durante trinta anos consecutivos,
para voltar à Terra em tarefa mediúnica, desejoso de saldar suas contas e
elevar-se na senda da perfeição. O Ministério da Comunicação favoreceu-o com
todas as facilidades e, sobretudo, seis entidades amigas movimentaram os
maiores recursos em benefício do seu êxito.
O matrimônio não estava nas suas cogitações; seu caso particular assim
o exigia. Não obstante solteiro, deveria receber aos vinte anos os seis amigos
que muito trabalharam por ele em "Nosso Lar", que chegariam ao seu
círculo como órfãos. No início, ele enfrentaria dificuldades crescentes; depois
viriam socorros materiais, à medida que fosse testemunhando renúncia,
desprendimento, desinteresse por remuneração.
Aos treze anos de idade, Otávio ficou órfão de mãe, espírita desde
a juventude, e aos quinze começaram os primeiros chamados da esfera superior. O
pai casou-se segunda vez e, apesar da bondade e cooperação que a madrasta lhe
oferecia, Otávio colocou-se num plano de falsa superioridade em relação a ela,
passando a viver revoltado, entre queixas e lamentações descabidas. Levado a um
grupo espírita de excelente orientação evangélica, faltavam-lhe as qualidades
de trabalhador e companheiro fiel. Nutria desconfiança com relação aos
orientadores espirituais e revelava acentuado pendor para a crítica dos atos
alheios. E tanto duvidou, que os apelos espirituais foram levados à conta de
alucinações. Um médico lhe aconselhou experiências sexuais e, aos dezenove
anos, Otávio entregou-se desenfreadamente ao abuso do sexo, fato que o afastou
gradativamente do dever espiritual.
O pai desencarnou quando ele contava pouco mais de vinte anos. Dois
anos depois, a madrasta foi recolhida a um leprosário, deixando na orfandade
seis crianças, que Otávio abandonou definitivamente, sem imaginar que lançava
seus credores generosos de "Nosso Lar" a destino incerto. Mais tarde,
casou-se e recebeu como filho uma entidade monstruosa ligada a sua mulher,
criatura de condição muito inferior à sua. Seu lar passou a ser um tormento
constante até que desencarnou, mal tendo completado 40 anos, roído pela
sífilis, pelo álcool e pelos desgostos, sem nada haver feito de útil para o seu
futuro eterno.
ANGÉLICA REIS
De Londrina
O CONSOLADOR
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
VIDA E SEXO, Emmanuel, PARTE 5/5
Estudo – Parte 5/5
Obra:
VIDA E SEXO
Emmanuel, FEB, 1971,
2a edição
Sexo e religião
168. A necessidade da
reencarnação para o progresso da criatura
humana está claramente posta no
item 166 de “O Livro dos Espíritos”. Para alcançar a perfeição, é indispensável
sofrer a prova de uma nova existência corporal. (PÁG. 105)
169. A criatura que
abraça encargos de natureza religiosa está procurando para si mesma aguilhões
regeneradores ou educativos, de vez que ordenações de caráter externo não
transfiguram milagrosamente o mundo íntimo. As realizações da fé se concretizam
à base de porfiadas lutas da alma; ninguém se burila de um dia para outro.
(PÁGS. 105 e 106)
170. As leis do
Universo não destroem o instinto, mas transformam-no em razão e angelitude, na
passagem dos evos, pelos mecanismos da sublimação. (PÁG. 106)
171. Efetivamente,
existem Espíritos superiores e já erguidos a notáveis campos de elevação que,
unicamente por amor e sacrifício, tomam assento nas organizações religiosas da
Terra, volvendo à reencarnação em atividades socorristas, nas quais impulsionam
o progresso dos seus irmãos. (PÁGS. 106 e 107)
172. Esses
missionários vibram em faixas de amor sublime, quase sempre inacessível à
compreensão dos seus contemporâneos. Não ocorre o mesmo entre os que renascem
sob regime disciplinar, requisitado por eles contra eles mesmos, de vez que
grande número desses obreiros das idéias religiosas, reencarnados em condições
de prova, demonstram dificuldades e inibições múltiplas, no corpo e na mente,
quando não sofrem exagerada tendência aos desvarios sexuais. (PÁG. 107)
173. Surgem daí os
incidentes menos felizes – quantas vezes! – em que vemos expositores ardentes e
apaixonados, dessa ou daquela idéia religiosa, tombando em experiências
emotivas, muito mais complicadas e deploráveis do que aquelas outras que eles
próprios reprovavam no caminho e na vida dos companheiros! ... (PÁG. 107)
174. Aliás, o
fenômeno é mais que justo, porquanto, aceitando os distintivos de determinada
seara religiosa, o Espírito impõe a si mesmo um fator de frenagem e
autopoliciamento, sem que as marcas exteriores da fé signifiquem mais que um
convite ou um desafio a que se aperfeiçoe, de acordo com os princípios
doutrinários que abraça. (PÁGS. 107 e 108)
175. Instruções
religiosas exteriores não alteram, de improviso, os impulsos do coração,
conquanto se erijam em fortaleza de luz, amparando a criatura que a elas se
acolhe para o serviço de auto aprimoramento. (PÁG. 108)
176. Por todo o
exposto, percebe-se que somos nós mesmos, Espíritos endividados ante as Leis do
Universo, que nos enlaçamos uns com os outros, encarnados e desencarnados,
aperfeiçoando gradativamente as qualidades próprias e aprendendo, à custa de
trabalho e de tempo, como alcançar a sublimação que demandamos, em marcha
laboriosa para a conquista dos Valores Eternos. (PÁG. 108)
À margem do sexo
177. Em lição
constante do item 16 do cap. X, “O Evangelho segundo o Espiritismo” recomenda
que nos lembremos daquele que julga em última instância, que vê os movimentos
íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas
que censuramos, ou reprova o que relevamos, porque conhece o móvel de todos os
atos. (PÁG. 109)
178. Em face dos
ensinos do Cristo, elucidados pelos Espíritos superiores, devemos, à frente de
todas as complicações e problemas do sexo, abster-nos de censura e condenação.
A razão é simples. Todos nós – os Espíritos em aperfeiçoamento nos climas do
planeta – estamos emergindo de passado multimilenar, em que as tramas da alma
se entreteciam em labirintos de sombra, para que as bênçãos do aprendizado se
nos fixassem no espírito. Ainda assim, estamos muito longe da meta por
alcançar. (PÁGS. 109 e 110)
179. Se alguém parece
cair, sob enganos do sentimento, silenciemos e esperemos! Se alguém parece
tombar em delinquência, por desvarios do coração, esperemos e silenciemos!...
Sobretudo, compadeçamo-nos uns dos outros, porque, por enquanto, nenhum de nós
consegue conhecer-se tão exatamente, a ponto de saber hoje qual o tamanho da
experiência aflitiva que nos aguarda amanhã. (PÁG. 110)
180. Devemos calar os
nossos possíveis libelos, ante as supostas culpas alheias, porquanto nenhum de
nós, por agora, é capaz de medir a parte de responsabilidade que nos compete a
cada um nas irreflexões e desequilíbrios dos outros. (PÁG. 110)
181. Não dispomos de
recursos para examinar as consciências alheias e cada um de nós, ante a
Sabedoria Divina, é um caso particular, em matéria de amor, reclamando
compreensão. Muitos dos nossos erros imaginários no mundo são caminhos certos
para o bem, ao passo que muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para
o mal de que nos desvencilharemos um dia! ... (PÁGS. 110 e 111)
182. Abençoemos e
amemos sempre. E diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja
com quem for e como for, coloquemo-nos em pensamento no lugar dos acusados,
analisando as nossas tendências mais íntimas e, após verificar se estamos em
condições de censurar alguém, escutemos no âmago da consciência o apelo inolvidável
do Cristo: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. (PÁG. 111)
Londrina, 17/5/1998
Astolfo O. de Oliveira Filho
Vida e sexo, de Emmanuel
02/11 – Dia de Finados
Detendo o umbandista a tranquila convicção de que seu ente querido
não mais se demora por estas bandas, tendo demandado estâncias outras, mais
ricas de vida, guarda a consciência clara de que tudo o que ficou na sepultura
foi a "roupagem gasta", e não mais, portanto, a pessoa com quem
compartilhou experiências e afeto.
O hábito de visitar os mortos, como se o cemitério fosse
sala de visitas do Além, é cultivado desde as culturas mais remotas. Mostra a
tendência em confundir o indivíduo com seu corpo. Há pessoas que, em desespero
ante a morte de um ente querido, o "VISITAM" diariamente. Chegam a
deitar-se no túmulo. Desejam estar perto do familiar. Católicos, budistas,
protestantes, muçulmanos, espíritas - somos todos espiritualistas, acreditamos
na existência e sobrevivência do Espírito. Obviamente, o ser etéreo não reside
no cemitério. Muitos preferem dizer que perderam o familiar, algo que mostra
falta de convicção na sobrevivência do Espírito. Quem admite que a vida
continua jamais afirmará que perdeu alguém. Ele simplesmente partiu. Quando
dizemos "perdi um ente querido", estamos registrando sérios
prejuízos emocionais. Se afirmarmos que ele partiu, haverá apenas o imposto da
saudade, abençoada saudade, a mostrar que há amor em nosso coração, o
sentimento supremo que nos realiza como filhos de Deus. Em datas
significativas, envolvendo aniversário de casamento, de morte, finados, Natal,
Ano Novo, dia dos Pais, dia das Mães, sempre pensamos neles.
COMO PODEMOS AJUDAR OS QUE PARTIRAM ANTES DE NÓS?
Envolvendo o ser querido em vibrações de carinho, evocando
as lembranças felizes, nunca as infelizes; enviando clichês mentais otimistas;
fazendo o bem em memória dele, porque nos vinculamos com os Espíritos através
do pensamento. Além disso, orando por ele, realizando caridade em sua
homenagem, tudo isso lhe chegará como sendo a nossa contribuição para a sua
felicidade; a prece dá-lhe paz, diminui-lhe a dor e anima-o para o reencontro
futuro que nos aguarda.
PODEMOS CHORAR?
Podemos chorar, é claro. Mas saibamos chorar. Que seja um
choro de saudade e não de inconformação e revolta. O choro, a lamentação
exagerada dos que ficaram causam sofrimento para quem partiu, porque eles
precisam da nossa prece, da nossa ajuda para terem fé no futuro e confiança em
Deus. Tal comportamento pode atrapalhar o reencontro com os que foram antes de
nós. Porque se eles nos visitar ou se nós os visitarmos (através do sono) nosso
desequilíbrio os perturbará. Se soubermos sofrer, ao chegar a nossa vez, nos reuniremos
a eles, não há dúvida nenhuma.
Carta de um morto
Pede-me você notícias do cemitério nas comemorações de
Finados. E como tenho em mãos a carta de um amigo, hoje na Espiritualidade,
endereçada a outro amigo que ainda se encontra na Terra, acerca do assunto,
dou-lhe a conhecer, com permissão dele, a missiva que transcrevo, sem qualquer
referência a nomes, para deixar-lhe a beleza livre das notas pessoais.
Eis o texto em sua feição pura e simples:
Meu caro, você não pode imaginar o que seja entregar à terra
a carcaça hirta. no dia dois de Novembro.
Verdadeira tragédia para o morto inexperiente.
Lembrar-se-á você de que o enterro de meu velho corpo,
corroído pela doença, realizou-se ao crepúsculo, quando a necrópole enfeitada
parecia uma casa em festa.
Achava-me tristemente instalado no coche fúnebre, montando
guarda aos meus restos, refletindo na miserabilidade da vida humana...
Contemplando de longe minha mulher e meus filhos, que
choravam discretamente num largo automóvel de aluguel, meditava naquele antigo
apontamento de Salomão – “vaidade das vaidades, tudo é vaidade” –, quando, à
entrada do cemitério, fui desalojado de improviso.
Na multidão irrequieta dos vivos na carne, vinha a massa
enorme dos vivos de outra natureza. Eram desencarnados às centenas, que me
apalpavam curiosos, entre o sarcasmo e a comiseração.
Alguns me dirigiam indagações indiscretas, enquanto outros
me deploravam a sorte.
Com muita dificuldade, segui o ataúde que me transportava o
esqueleto imóvel e, em vão, tentei conchegar-me à esposa em lágrimas.
Mal pude ouvir a prece que alguns amigos me consagravam,
porque, de repente, a onda tumultuária me arrebatou ao círculo mais íntimo.
Debalde procurei regressar à quadra humilde em que me
situaram a sombra do que eu fora no mundo... Os visitantes terrestres daquela
mansão, pertencente aos supostos finados, traziam consigo imensa turba de almas
sofredoras e revoltadas, perfeitamente jungidas a eles mesmos.
Muitos desses Espíritos, agrilhoados aos nossos
companheiros humanos, gritavam ao pé das tumbas, contando os crimes ocultos que
os haviam arremessado à vala escura da morte, outros traziam nas mãos
documentos acusadores, clamando contra a insânia de parentes ou contra a
venalidade de tribunais que lhes haviam alterado as disposições e desejos.
Pais bradavam contra os filhos. Filhos protestavam contra
os pais.
Muitas almas, principalmente aquelas cujos despojos se
localizam nos túmulos de alto preço, penetravam a intimidade do sepulcro e, de
lá, desferiam gemidos e soluços aterradores, buscando inutilmente levantar os
próprios ossos, no intuito de proclama aos entes queridos verdades que o
tímpano humano detesta ouvir".
Muita gente desencarnada falava acerca de títulos e
depósitos financeiros perdidos nos bancos, de terras desaproveitadas, de casas
esquecidas, de objetos de valor e obras de arte que lhes haviam escapado às
mãos, agora vazias e sequiosas de posse material.
Mulheres desgrenhadas clamavam vingança contra homens
cruéis, e homens carrancudos e inquietos vociferavam contra mulheres insensatas
e delinquentes.
Talvez porque ainda trouxesse comigo o cheiro do corpo
físico, muitos me tinham por vivo ainda na Terra, capaz de auxiliá-los na
solução dos problemas que lhes escaldavam a mente, e despejavam sobre mim
alegações e queixas, libelos e testemunhos.
Observei que os médicos, os padres e os juízes são as
pessoas mais discutidas e criticadas aqui, em razão dos votos e promessas,
socorros e testamentos, nos quais nem sempre corresponderam à expectativa dos
trespassados.
Em muitas ocasiões, ouvi de amigos espíritas a afirmação de
que há sempre muitos mortos obsidiando os vivos, mas, registrando biografias e
narrações, escutando choro e praga, tanto quanto vendo o retrato real de
muitos, creio hoje que há mais vivos flagelando os mortos, algemando-os aos
desvarios e paixões da carne, pelo menosprezo com que lhes tratam a memória e
pela hipocrisia com que lhes visitam as sepulturas.
Tamanhos foram meus obstáculos, que não mais consegui rever
os familiares naquelas horas solenes para a minha incerteza de recém-vindo, e,
somente quando os homens e as mulheres, quase todos protocolares e
indiferentes, se retiraram, é que as almas terrivelmente atormentadas e
infelizes esvaziaram o recinto, deixando na retaguarda tão somente nós outros,
os libertos em dificuldade pacífica, e fazendo-me perceber que o tumulto no lar
dos mortos era uma simples consequência da perturbação reinante no lar dos
vivos.
Apaziguado o ambiente, o cemitério pareceu-me um ninho
claro e acolhedor, em que me não faltaram braços amigos, respondendo-me às
súplicas, e a cidade, em torno, figurou-se-me, então, vasta necrópole, povoada
de mausoléus e de cruzes, nos quais os espíritos encarnados e desencarnados
vivem o angustioso drama da morte moral, em pavorosos compromissos da sombra.
Como vê, enquanto a Humanidade não se habilitar para o
respeito à vida eterna, é muito desagradável embarcar da Terra para o Além, no
dia dedicado por ela ao culto dos mortos que lhe são simpáticos e antipáticos.
Peça a Jesus, desse modo, para que você não venha para cá,
num dia dois de Novembro. Qualquer outra data pode ser útil e valiosa, desde
que se desagarre daí, naturalmente, sem qualquer insulto à Lei. Rogue também ao
Senhor que, se possível, possa você viajar ao nosso encontro, num dia nublado e
chuvoso, porque, em se tratando de sua paz, quanto mais reduzido o séqüito no
enterro será melhor.
E porque o documento não relaciona outros informes, por
minha vez termino também aqui, sem qualquer comentário.
(Livro: Cartas e Crônicas, ditadas pelo Espírito Irmão X,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB)
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