Estudo – Parte 5/5
Obra:
VIDA E SEXO
Emmanuel, FEB, 1971,
2a edição
Sexo e religião
168. A necessidade da
reencarnação para o progresso da criatura
humana está claramente posta no
item 166 de “O Livro dos Espíritos”. Para alcançar a perfeição, é indispensável
sofrer a prova de uma nova existência corporal. (PÁG. 105)
169. A criatura que
abraça encargos de natureza religiosa está procurando para si mesma aguilhões
regeneradores ou educativos, de vez que ordenações de caráter externo não
transfiguram milagrosamente o mundo íntimo. As realizações da fé se concretizam
à base de porfiadas lutas da alma; ninguém se burila de um dia para outro.
(PÁGS. 105 e 106)
170. As leis do
Universo não destroem o instinto, mas transformam-no em razão e angelitude, na
passagem dos evos, pelos mecanismos da sublimação. (PÁG. 106)
171. Efetivamente,
existem Espíritos superiores e já erguidos a notáveis campos de elevação que,
unicamente por amor e sacrifício, tomam assento nas organizações religiosas da
Terra, volvendo à reencarnação em atividades socorristas, nas quais impulsionam
o progresso dos seus irmãos. (PÁGS. 106 e 107)
172. Esses
missionários vibram em faixas de amor sublime, quase sempre inacessível à
compreensão dos seus contemporâneos. Não ocorre o mesmo entre os que renascem
sob regime disciplinar, requisitado por eles contra eles mesmos, de vez que
grande número desses obreiros das idéias religiosas, reencarnados em condições
de prova, demonstram dificuldades e inibições múltiplas, no corpo e na mente,
quando não sofrem exagerada tendência aos desvarios sexuais. (PÁG. 107)
173. Surgem daí os
incidentes menos felizes – quantas vezes! – em que vemos expositores ardentes e
apaixonados, dessa ou daquela idéia religiosa, tombando em experiências
emotivas, muito mais complicadas e deploráveis do que aquelas outras que eles
próprios reprovavam no caminho e na vida dos companheiros! ... (PÁG. 107)
174. Aliás, o
fenômeno é mais que justo, porquanto, aceitando os distintivos de determinada
seara religiosa, o Espírito impõe a si mesmo um fator de frenagem e
autopoliciamento, sem que as marcas exteriores da fé signifiquem mais que um
convite ou um desafio a que se aperfeiçoe, de acordo com os princípios
doutrinários que abraça. (PÁGS. 107 e 108)
175. Instruções
religiosas exteriores não alteram, de improviso, os impulsos do coração,
conquanto se erijam em fortaleza de luz, amparando a criatura que a elas se
acolhe para o serviço de auto aprimoramento. (PÁG. 108)
176. Por todo o
exposto, percebe-se que somos nós mesmos, Espíritos endividados ante as Leis do
Universo, que nos enlaçamos uns com os outros, encarnados e desencarnados,
aperfeiçoando gradativamente as qualidades próprias e aprendendo, à custa de
trabalho e de tempo, como alcançar a sublimação que demandamos, em marcha
laboriosa para a conquista dos Valores Eternos. (PÁG. 108)
À margem do sexo
177. Em lição
constante do item 16 do cap. X, “O Evangelho segundo o Espiritismo” recomenda
que nos lembremos daquele que julga em última instância, que vê os movimentos
íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas
que censuramos, ou reprova o que relevamos, porque conhece o móvel de todos os
atos. (PÁG. 109)
178. Em face dos
ensinos do Cristo, elucidados pelos Espíritos superiores, devemos, à frente de
todas as complicações e problemas do sexo, abster-nos de censura e condenação.
A razão é simples. Todos nós – os Espíritos em aperfeiçoamento nos climas do
planeta – estamos emergindo de passado multimilenar, em que as tramas da alma
se entreteciam em labirintos de sombra, para que as bênçãos do aprendizado se
nos fixassem no espírito. Ainda assim, estamos muito longe da meta por
alcançar. (PÁGS. 109 e 110)
179. Se alguém parece
cair, sob enganos do sentimento, silenciemos e esperemos! Se alguém parece
tombar em delinquência, por desvarios do coração, esperemos e silenciemos!...
Sobretudo, compadeçamo-nos uns dos outros, porque, por enquanto, nenhum de nós
consegue conhecer-se tão exatamente, a ponto de saber hoje qual o tamanho da
experiência aflitiva que nos aguarda amanhã. (PÁG. 110)
180. Devemos calar os
nossos possíveis libelos, ante as supostas culpas alheias, porquanto nenhum de
nós, por agora, é capaz de medir a parte de responsabilidade que nos compete a
cada um nas irreflexões e desequilíbrios dos outros. (PÁG. 110)
181. Não dispomos de
recursos para examinar as consciências alheias e cada um de nós, ante a
Sabedoria Divina, é um caso particular, em matéria de amor, reclamando
compreensão. Muitos dos nossos erros imaginários no mundo são caminhos certos
para o bem, ao passo que muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para
o mal de que nos desvencilharemos um dia! ... (PÁGS. 110 e 111)
182. Abençoemos e
amemos sempre. E diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja
com quem for e como for, coloquemo-nos em pensamento no lugar dos acusados,
analisando as nossas tendências mais íntimas e, após verificar se estamos em
condições de censurar alguém, escutemos no âmago da consciência o apelo inolvidável
do Cristo: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. (PÁG. 111)
Londrina, 17/5/1998
Astolfo O. de Oliveira Filho
Vida e sexo, de Emmanuel
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