PARTE 4/4
Texto extraído do Livro "Umbanda – Mitos e Realidades" de
Iassã Ayporê Pery.
16. E os colares
na Umbanda?
Os “colares”,
os quais chamamos de “guias”, são utilizados para auxiliar fixação da vibração
do Orixá e tem a função de atração ou proteção.
Utilizar ou
não, a quantidade de contas e quanto o tipo varia de Terreiro para Terreiro
conforme a orientação da Entidade Chefe ou do Dirigente. Mas elas não devem ser
compradas, pois devem ser preparadas pela própria pessoa segundo os preceitos
de cada casa.
17. Na Umbanda
não existe sacrifícios de animais? Mas já vi terreiros que praticam esses
rituais, então eles não são Terreiros de Umbanda?
Não, não são
terreiros de Umbanda. A Umbanda anunciada e fundada como culto pelo Caboclo das
7 Encruzilhadas não tem a prática de sacrificar animais.
O que precisa
ficar bem claro é que Terreiro que pratica sacrifícios de animais, seja para
iniciações, descarrego, oferendas ou qualquer outra coisa, não é um terreiro de
Umbanda, mas sim outra forma de culto que não nos cabe discorrer sobre.
18. Porque fazer
firmeza para Exús e Pombas-gira?
Exús e
Pomba-giras são nossos guardiões e defensores dos ataques do astral inferior.
Ao fazermos firmeza para eles estamos fornecendo pontos de energização e
fixação de energia que visam a facilitar este trabalho.
19. Como é o
trabalho de um Exú e uma Pomba-gira?
Como já vimos
Exús e Pombas-gira trabalham para nossa defesa e proteção. Atuam nas regiões
umbralinas ou onde sua presença se fizer necessária. São verdadeiros soldados
do astral envolvendo os trabalhos de defesa com sua energia equilibradora.
20. Qual é a
importância de uma gira de Exús?
As giras de
exus servem para expurgar, descarregar, encaminhar, limpeza do terreiro, dos
médiuns e de todos os trabalhos de desobsessão do mês.
Servem também
para oportunizar a estas entidades maravilhosas, através da incorporação e da
consulta, sua evolução e na busca de conselhos de assuntos mais de terra.
Não podemos
esquecer que eles é que dão o primeiro combate contra as forças trevosas, são
eles que nos defendem, que representam e levam as ordens dos enviados de orixás
aos níveis mais baixos da crosta, são eles os executores dos kármas, que
limpam, descarregam e atuam como elementos magísticos no desmanche de trabalhos
de magia negra.
21. Porque
algumas entidades na Umbanda bebem e fumam?
A Umbanda, seus
médiuns, os espíritos que nela trabalham e, em particular, os espíritos que
trabalham na linha de Exu são alvos de muitas críticas devido ao uso da bebida
alcoólica e do fumo durante seus trabalhos. Essas críticas baseiam-se no
conhecimento, com o qual concordamos plenamente, de que o vício e a mediunidade
responsável são incompatíveis.
Por isso, a
Umbanda é comumente associada a espíritos ainda muito apegados à matéria e/ou a
médiuns despreparados e de precária estrutura moral. É claro que temos
entidades que por estarem em um plano ainda próximo ao da terra guardam os
vícios de uma encarnação recente, bem como médiuns que se utilizam das
entidades para se embriagarem. Mas isso não é regra, não é porque uma entidade
bebe e fuma que ela é um espírito inferior, o fumo e a bebida também fazem
parte da caracterização da entidade e ajuda na comunicação entre a entidade e
consulentes que associando, por exemplo, um preto-velho que fuma cachimbo ou um
Exu que bebe marafo como legítimos e, portanto, dignos de confiança e respeito.
Muita das vezes, mesmo pessoas cultas podem levantar dúvidas quanto à
legitimidade da comunicação mediúnica quando ela não envolve o uso desses
instrumentos de caracterização da entidade (nos quais se incluem, também, a
mudança de voz ou de postura física do médium, embora esses elementos tenham
suas devidas funções, como se explicará melhor em outra oportunidade).
Essa caracterização das entidades é fundamentada em processos culturais
desenvolvidos desde os tempos antigos e presentes no surgimento da Umbanda e
facilitam que o médium iniciante reconheça e assimile a personalidade da
entidade, permitindo que a entidade se expresse sem maior influência da sua
personalidade, já que o médium se torna mais flexível a uma realidade psíquica
estranha à sua.
Dentro do
conceito elemental, o fumo é uma defumação direcionada, que traz além do
vegetal, os quatro elementos básicos (terra, água, ar e fogo) para trabalhos de
magia prática. O Sopro por si só traz efeitos terapêuticos e espirituais muito
valorosos e eficazes nos trabalhos de cura e limpeza, que somado ao poder das
ervas é potencializado muitas vezes em resultados largamente vistos durante os
trabalhos de Umbanda. Já o Álcool é do elemento água, provindo de um vegetal (a
cana), que se sustenta na terra, altamente volátil no ar e considerado o
"Fogo líquido", de fácil combustão. Tanto o Fumo quanto o Álcool são
utilizados para desagregar energia negativa, queimar larvas e miasmas astrais,
e no caso do Álcool para desinfetar e limpar no externo e no interno já que
pode ser ingerido.
O fumo, Tabaco,
o álcool são considerados um "Elemento de Poder", usados há milênios
pelos povos indígenas, considerado sagrado com larga utilização em seus
trabalhos de cura. Tudo que é sagrado traz o divino e as virtudes para nossas
vidas, sempre que profanamos algo sagrado atraímos a dor e o vicio. Assim o
mesmo tabaco e o álcool que cura em seu aspecto sagrado também vicia e traz a
dor quando utilizado de forma profana.
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