A Obsessão, suas Causas e Efeitos
Parte III
PERGUNTA: - E quais os fatores mais comuns que os obsessores descobrem
para produzir esse "ponto hipnótico", que então lhes assegura o êxito
nas obsessões?
RAMATÍS: - Devido ao seu profundo
conhecimento das mazelas humanas, os espíritos obsessores, quando conscientes,
logram focalizar o "desejo central" oculto na alma da vítima, e que
já expusemos com certos detalhes. Certas vezes, esse "desejo central"
pode se originar de um "reflexo-suicida" de vida passada, com uma
base emotiva de desespero, quase sempre não trazendo à tona nem o fato nem o
motivo do gesto tresloucado do passado, que podia ter sido o orgulho recalcado,
o amor-próprio, a excessiva avareza, a luxúria, a cobiça ou o remorso. Mesmo
uma forte disposição para o vício, ou q.m estímulo psíquico desregrado, que se
mantenha, a custo, soterrado sob a censura da consciência, serve de pretexto
fundamental para os obsessores criarem a oportunidade favorável para a
constituição de um "ponto hipnótico" no indivíduo.
No psiquismo do ser humano, há quase
sempre um "tema fundamental" predominante e que, sendo vulnerável às
sugestões mefistofélicas do Além, pode servir de motivo básico para se formar
esse "centro" ou "ponto hipnótico" necessário ao êxito da
obsessão. É por isso que comumente se diz que os nossos maiores adversários
estão no seio de nossa alma e devem ser combatidos em nossa própria intimidade
pois, na verdade, as nossas mazelas e vícios são os alicerces perigosos em que
os malfeitores desencarnados se firmam para impor-nos o comando obsessivo.
Desde muitíssimos anos a voz amiga do Além adverte o homem de que o segredo de
sua segurança espiritual ainda provém do "conhece-te a ti mesmo".
Os obsessores se dedicam
maquiavelicamente a explorar esse "desejo central" predominante,
quase sempre ignorado do seu portador e, se a vítima não tiver consciência exata
de sua situação ou desprezar a fiel observância do Evangelho do Cristo, é certo
que não tardará a se submeter ao comando e aos desejos torpes do astral
inferior. Assim como o hipnotizador encarnado consegue criar o desejado
"ponto hipnótico" no seu paciente, o obsessor procura transportar
para a consciência em vigília, do encarnado, o seu "desejo
fundamental", que tanto pode ser uma incontida vaidade, um grande orgulho
ou desejo de comando despótico como também uma represada luxúria, sensualismo
ou mesmo a propensão para os entorpecentes ou o alcoolismo.
O obsidiado, ignorante dos verdadeiros
objetivos do obsessor, mas responsável pelo descontrole de suas emoções e
pensamentos, é conduzido docilmente à criação de um "centro
hipnótico" ou de fascinação, que pouco a pouco constitui sua atração
psíquica, tornando-se um "clichê mental" ou "idéia fixa".
Logo isso se transforma em vigorosa força comandando-lhe a zona cerebral, onde
se localiza a sua bagagem subconsciente e o controle dos instintos animais do
pretérito; sorrateiramente os gênios das trevas impõem-se através daquela
"distração" fixa, passando a comandar o sistema nervoso e a excitar
cada vez mais as emoções e os desejos de sua vítima.
A criatura é obsidiada porque se distraiu
com a sedução que constitui o seu "ponto hipnótico"; afrouxa então a
vigilância em torno de sua habitação carnal, porque está voltada exclusivamente
para um objetivo que a domina emotivamente. Isto sucedido, os espíritos
daninhos procuram favorecer os desejos da criatura e as suas realizações
perigosas, prolongando o transe sedutor, com o que se firma cada vez mais o
"ponto hipnótico", que lhes permitirá maior acesso ao equipo físico
da vítima.
PERGUNTA: - Podeis nos dar alguns exemplos concretos de outras
hipnoses das quais se aproveitam os obsessores?
RAMATÍS: - Muitos artistas, escritores,
líderes, desportistas, taumaturgos ou crianças prodígios, que já conseguiram
visível destaque no mundo material, se deixam às vezes fascinar tão
perigosamente pelo seu sucesso ou pelas suas glórias súbitas, que tombam de
seus pedestais de barro, vítimas de sua própria vaidade, que é habilmente
explorada pelos espíritos do astral inferior.
Alguns pregadores religiosos arvorados em
missionários ou salvadores da humanidade, doutrina dores entusiastas, críticos
sisudos do labor do próximo e médiuns de brilhante fenomenologia por vezes se
perdem, dominados pela vaidade ou orgulho, porque lhes falta o abençoado senso
crítico do "conhece-te a ti mesmo". Fecham os ouvidos às mais
sensatas advertências que recebem e passam a cometer as maiores estultices,
como se fossem manifestações de genialidade espiritual. Então enclausuram-se na
sua; vaidade e autofascinam-se convictos de sua paradoxal modéstia, mas
ignorando que o velho "desejo central" delituoso, do passado, pode
estar eclodindo lentamente, explorado pela astúcia e capacidade das
trevas" Chega o momento em que também não tardam em se abater,
desmoronados pelas próprias forças destruidoras que aliciaram em si mesmos,
ficando então relegados à obscuridade e ao anonimato inglório, quando pior
sorte não os lança no desvario ou na alienação mental.
Em verdade, essas criaturas deixam-se
iludir pela presunção de serem almas de alta estirpe espiritual, incapazes de
se equivocarem e permanentemente atuadas pelas hierarquias superiores; isso, em
breve, torna-se excelente fator para aflorar a sua vaidade e o potencial de
orgulho adormecido no recôndito do ser, com a inevitável convergência para um
"centro de fascinação" ideal para a operação das sombras. Muitas
vezes a vaidade grita tão alto a essas criaturas, que elas tomam o
maquiavelismo dos obsessores como sendo grandes surtos de revelação espiritual!
Então, não tardam em pregar o ridículo à conta de sabedoria, os lugares comuns
como preceitos doutrinários, e transformam a irascibilidade ou os
envaidecimentos íntimos em posturas messiânicas; "distraem-se"
através de suas próprias fascinações, enquanto do invisível lhes guiam os
pensamentos e as emoções. Enquanto cultivam fanàticamente o seu "desejo
central" e se desorientam refesteladas no trono de sua vaidade presunçosa,
são como fortalezas inexpugnáveis e hostis a qualquer advertência benfeitora; a
cegueira hipnótica leva-as gradativamente ao ridículo, à decepção e ao
equívoco, maquiavelicamente planejados pelas trevas.
PERGUNTA: - Essa hipnose e perseguição sistemática, que os espíritos
malfeitores exercem sobre os encarnados, circunscreve-se unicamente a desforras
ou vinganças contra adversários do passado, ou inclui outros objetivos
subversivos?
RAMATÍS: - As almas trevosas, além de
cruéis e vingativas, vivem cheias de desejos inferiores carnais que ficaram
impedidas de satisfazer devido à morte corporal. Acresce que as condições
vibratórias sutilíssimas, do mundo astral, acentuam as sensações do
perispírito, que é a sede dos desejos da alma; então esses desejos ainda
recrudescem e se tornam mais violentos, sem poder se saciar por intermédio do
corpo físico destruído, ao qual estavam condicionados. O alcoólatra, por
exemplo, tem a mente conturbada pelo desejo insofreável que vibra no seu
perispírito, mas, quando na posse do corpo carnal, sacia-se em parte, devido às
reações físicas produzidas pelo corrosivo e que depois repercutem no mundo
astral dos desejos. No entanto, quando perde o corpo de carne, em verdade
desmantela o seu alambique vivo, pois que, desencarnado, se vê obrigado a
servir-se do corpo de um vivo na matéria, para que este absorva a maior quantidade
possível de álcool e lhe garanta a satisfação mórbida de poder aspirar a
substância astral volatizada pelo corrosivo e exsudada pela aura.
Este é um dos motivos pelos quais os
espíritos desregrados despendem tenazes esforços para conseguir os necessários
"canecos vivos", que na Terra lhes possam transferir e volatizar a
maior quantidade possível de bebidas alcoólicas, destinadas a acalmar-lhe a
insaciabilidade viciosa superexcitada no mundo astral. E eis porque os
desencarnados do astral inferior não se cingem exclusivamente a desforras
contra os seus desafetos encarnados mas, depois de vingados, ainda envidam
todos os esforços para conduzir as suas próprias vítimas a se tornarem
intermediárias dos seus nefandos vícios e desejos torpes que trazem da matéria.
Esses infelizes espíritos, constituindo-se na forma de verdadeiras agremiações
delituosas, auxiliam-se mutuamente nas suas empreitadas. vingativas,
trabalhando em equipes que atuam ardilosamente sobre os encarnados, a fim de
transformá-los em "repastos vivos" de suas insaciabilidades viciosas.
Ficam profundamente furiosos e aumentam o
seu ódio contra as estirpes angélicas quando percebem que, pela liquidação
cármica ou proteção superior, as suas vítimas estão sendo amparadas no campo
vibratório do seu perispírito e imunizadas contra a ação deletéria do mundo
astral inferior. Irrita-os a idéia de que mais um "prato vivo" lhes
fuja vibratoriamente da ação indigna, muitas vezes depois de ter-lhes custado
imenso trabalho para confeccioná-lo a contento de sua voracidade satânica. Daí
o fato de preferirem desenvolver, em suas operações obsessivas sobre os
encarnados, os desejos e vícios latentes do passado, que mais facilmente os
fascinem. A vingança, quase sempre, é o pretexto com que mais tentam justificar
suas ações sombrias do mundo trevoso mas, em verdade, o que mais lhes interessa
é o culto dos objetivos torpes e a busca das satisfações viciosas, que ainda os
acicatam como fogo ardente e inconsumível.
PERGUNTA: - Sempre nos pareceu que o corpo físico deveria ser uma
espécie de anteparo ou escafandro protetor contra as investidas das trevas.
Reconhecemos que os obsessores operam pela, via interna do nosso espírito, mas
é claro que nós poderíamos dominar com facilidade o nosso corpo físico, em
lugar de atender às solertes infiltrações que podem nos conduzir à obsessão.
Qual o motivo dessa grande facilidade com que os malfeitores desencarnados
dominam grande parte dos encarnados?
RAMATÍS: - É preciso não esquecerdes de
que, entre o vosso espírito e o corpo físico, interpõe-se o perispírito, que é
o verdadeiro veículo ou elo das relações boas ou más a que vos entregais com o
mundo invisível. O domínio do corpo físico não se exerce por uma ação
energética produto exclusivo da matéria, nem ele é uma entidade estranha,
controlada por processo especial e isolado do vosso pensamento; a carne
materializa em sua configuração todos os atributos e conquistas milenárias não
dela, mas do perispírito, que é o sobrevivente absoluto de todas as
transformações físicas.
O perispírito é um conjunto de natureza
vital poderosíssima e de intensa atividade no seu plano eletivo do mundo
astral, sendo organização levíssima e de tão assombrosa plasticidade, que reage
imediatamente à mais sutil cogitação mental do espírito, por cujo motivo é
extraordinariamente influenciável pela natureza dos pensamentos bons ou maus
das entidades desencarnadas. Durante a encarnação, o perispírito
"desce" vibratoriamente, a fim de aglutinar a matéria carnal do mundo
físico, mas sempre o faz com sua poderosa influência magnética e com o seu
psiquismo elaborado nos milênios findos; a seguir, então, submete-se às leis da
vida física e sofre a ação das tendências hereditárias do corpo de carne, malgrado
os seus princípios milenários.. O organismo físico, apesar dos seus ascendentes
biológicos, que parecem dar-lhe uma autonomia toda especial e um valor
exclusivo em sua linhagem hereditária carnal, é apenas o revelador objetivo da
alma à luz do ambiente do mundo material.
No período de gestação do corpo carnal, o
perispírito recapitula rapidamente todas as lições já vividas na escalonada
animal, e que lhe foram proporcionados nos vários contatos anteriores com o
mundo material para, em seguida, servindo-se da nova oportunidade da vida
física, poder ampliar e consolidar as suas próprias realizações anteriores.
Embora creiais que o "biombo de
carne" deva se tornar um protetor poderoso contra as tentativas obsessivas
dos malfeitores desencarnados, convém refletirdes que o comando do vosso
espírito sobre a carne também não se faz diretamente pelo cérebro físico, mas
sim através do cérebro do perispírito, que é a sua matriz etéreo-astral, o
maravilhoso aparelhamento que se assemelha a poderosa e divina usina a serviço
da vida superior.
O cérebro perispiritual é o valioso órgão
responsável pelo pensamento humano, desempenhando as admiráveis funções de
transmissor da vontade e da inteligência da alma, como um produtor de ondas,
luzes e energias de todos os matizes, fazendo cintilar as suas altíssimas
emissões desde o encéfalo até as forças e os elementos que se agrupam na região
dos lobos frontais, que será o campo avançado das atividades do homem do
futuro. O corpo físico, embora servindo, como dizeis, de escafandro ou de
muralha de carne protetora do espírito, é no mundo exterior o agente e o
reagente dos fenômenos provindos das relações do espírito com o meio ambiente.
E o seu verdadeiro domínio, obviamente, se processa no seu mundo interno e
através do controle delicadíssimo do perispírito.
O verdadeiro controle do organismo de
carne, portanto, é processado por via interna, através do perispírito, isto é,
exatamente onde tanto podem atuar os espíritos benfeitores como os malfeitores,
isso dependendo, sem dúvida, da natureza elevada ou inferior de vossas
simpatias psíquicas
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