Livro : "As dores da alma"
AS DORES DA ALMA
(HAMMED / FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO)
5 -
ILUSÃO
- A criatura humana que modela suas reações emocionais através dos
critérios dos outros, estabelece para si própria metas ilusórias na vida.
Constantemente, criamos fantasias em nossa mente e recusamos aceitar a verdade.
- A negação é um desses mecanismos psicológicos, e ela aparece como
primeira reação diante de uma perda ou de uma derrota. Portanto, negamos,
invariavelmente, a fim de amortecer nossa alma das sobrecargas emocionais.
- Um exemplo clássico de ilusão é a tendência exagerada de certas
pessoas em querer fazer tudo com perfeição. Essa abstração ilusória as coloca
em situação desesperadora. Trata-se de um processo neurótico que faz com que
elas assimilem cada manifestação de contrariedade dos outros como um sinal do
seu fracasso e a interpretem como uma rejeição pessoal.
- Sua incapacidade de aceitar os outros como são é reflexo de sua
incapacidade de aceitar a si próprio. Sua busca doentia da perfeição é uma
projeção de suas próprias exigências internas, pois o perfeccionismo é, por
certo, a mais comum das ilusões.
- A sensação de que podemos controlar a vida de parentes e amigos
também é uma das mais frequentes ilusões e, nem sempre, é fácil diferenciar a
ilusão de controlar e a realidade de amar e compreender.
- Agimos, em outras circunstâncias, com segundas intenções,
envolvendo criaturas que nos parecem trazer vantagens imediatas, achando que
conseguiremos lograr êxito, mas, como sempre, todo plano oportunista, mais cedo
ou mais tarde, será descoberto, e, quando isso acontece, indignamo-nos contra a
pessoa e não contra a nossa auto-ilusão.
- Certamente, esquecemo-nos de que somos nós mesmos que nos
iludimos, por querer que as criaturas deem o que não podem e que ajam como
imaginamos que devam agir.
- As ilusões que criamos servem-nos, de certa forma, de defesas contra
nossas realidades amargas.
- Muitos de nós conservamos a ilusão de que a posse material
proporciona a felicidade, de que o poder e a fama garantem o amor, de que a
força bruta protege de uma possível agressão, e de que a prática sexual dá uma
integral gratificação na vida.
- Quase sempre, desenvolvemos essas ilusões na infância com nossos
pais, professores, outros parentes e, mesmo quando crescidos e maduros,
sentimos medo de abandoná-las.
- Enquanto usarmos nossa mente, sem que ela esteja ligada a nossos
sentidos mais profundos, ficaremos agarrados a esses valores ilusórios e às
vezes, na denominada educação ou norma social, assimilamos as ilusões dos
outros como sendo realidades.
- Colocar restrições às emoções é como querer segurar as ondas do
mar, enquanto colocar restrições ao comportamento humano é perfeitamente
possível e válido, pois são os comportamentos adequados que promovem o bem
estar dos grupos sociais e são necessários a harmonia da comunidade.
- As emoções são simplesmente emoções. É importantíssimo aprendermos
a perdoar e sermos compreensivos, desde que façamos isso agindo por livre
escolha, não por medo ou por autonegação emocional.
- Para que nossos atos e comportamentos sejam verdadeiros, as
emoções devem ser percebidas como são e totalmente reconhecidas pela nossa
personalidade, a fim de que nossa expressão seja natural, fácil e apropriada às
situações.
- Habitualmente, os pais costumam repreender o filho dizendo que
não deveria ter raiva ou medo. Por certo, condenam as crianças por essas
emoções e as obrigam a escondê-las, porém eles não conseguem extirpá-las e, ao
punirem seus filhos, por estes expressarem suas emoções naturais, talvez não
estejam usando o melhor método educativo. Não seria melhor ensinar-lhes os
códigos do bom comportamento social, deixando que seu modo de ser flua com
naturalidade e equilíbrio, sem anular a personalidade ou torná-los submissos?
- Na infância, se as emoções forem impedidas de se manifestar, irão
ocasionar sérios danos no desenvolvimento psicoemocional da adulto, constituindo
sê-lhe um obstáculo para atingir a auto segurança.
- A raiva ou o medo são emoções que proporcionam certo “estado de
alerta”, que nos mantem despertos. Sem eles, ficamos impotentes e não
conseguimos proteger nossa integridade física nem a psicológica das ameaças que
enfrentamos na vida. São eles que nos orientam para a defesa ou para a fuga em
situações de risco.
- A repressão das emoções inibe o ritmo e a pulsação interna,
limita a vitalidade e reduz a percepção. Quando reprimimos uma emoção, por
certo estaremos reprimindo muitas outras. Ao reprimirmos nossas emoções básicas
(medo e raiva), certamente estaremos reprimindo também as emoções da
afetividade.
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