Abençoado seja meu
Caboclo de Aruanda.
Faz de mim um
instrumento de vosso trabalho, que eu seja vosso arco e vossa flecha.
Em momentos de
tensão, a corda se esticará e o arco irá se dobrar, mas jamais irá se romper.
Ensina-me a não
sucumbir diante das adversidades da vida.
Hoje o céu está
tempestuoso e o ar congelante, mas o amanhã virá e com ele dias de sol e calor.
Afaste-me do
confronto com meus inimigos, mas se o choque for inevitável, que eu tenha a
força e a coragem de lutar.
Afaste o medo da
derrota, já que sempre há a possibilidade de um novo recomeço.
Ensina-me a arte da
paciência, pois às vezes é necessário esperar um dia inteiro, até que a caça caia
na armadilha.
Ensina-me a
linguagem mágica das plantas, para que eu possa conhecer os mistérios da vida.
Vossa nudez é
libertadora, ensina-me a andar nu, pois tenho que vestir-me todos os dias para
ser uma pessoa que não reflete minha verdadeira natureza.
Meus pés descalços
irão penetrar a terra, ligando-me ao grande Deus Tupã.
Faça de mim uma
flecha de luz, atirando-me aonde a escuridão imperar.
Se eu ficar
cansado, irei recostar-me no tronco da Jurema e adormecer coberto pelas suas
folhas, ouvindo o canto dos pássaros anunciando o fim do dia.
O som da cachoeira
irá embalar meus sonhos.
Quando chegar a
hora da passagem, amarre minha alma na ponta da flecha, suba na mais alta
montanha, estique a corda ao máximo e lance-me rumo ao infinito.
Assim Seja...
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