Livro : "As dores da alma"
AS DORES DA ALMA
(HAMMED / FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO)
10 – MÁGOA
- A maior parte das criaturas se
comporta como se o amor não fosse um sentimento a ser cada vez mais aprendido e
compreendido. Agem como se ele estive inerte na intimidade humana e passam a
viver na expectativa de que um dia alguém ou alguma coisa possa despertá-lo em
toda a sua potência numa espécie de fenômeno encantado
- Nas questões do amor, vale
considerar que, quanto mais soubermos, mais teremos para dar. Quanto maior o
discernimento, maior será a nossa habilidade para a mar. Quanto mais
compartilharmos o amor com os outros, mais estaremos alargando a nossa fonte de
compreensão a respeito dele
- Negamos frequentemente o fracasso
amoroso, durante anos e anos, para não admitir diante dos outros nossas
escolhas precipitadas e equivocadas
- Porque não renunciamos à
necessidade neurótica de ser perfeitos, ficamos sempre presos a uma pressão
torturante de infalibilidade
- Perdemos excelentes momentos de
crescimento pessoal, queixando-nos cotidianamente de que estamos sendo
ignorados e usados, porém nunca tomamos atitude alguma
- Deixamo-nos magoar pelos outros e
acabamos magoando também a nós mesmos. Reagimos às ofensas e ao desdém,
experimentando sentimentos de frustração, negação, autopiedade, raiva e imensa
mágoa
- Culpamos as pessoas pelos nossos
sofrimentos, verbalizando as mais diversas condenações e. em seguida,
esforçamo-nos exaustivamente para não ver que a origem de nossas dores morais é
fruto de nossa negligência e comodismo
- O produto amargo de nossa
infelicidade amorosa são nossas mágoas, resultado direto de nossas
expectativas, que não se realizam, sobre nós mesmos e sobre as outras pessoas
- Nós nos “barateamos” quando
colocamos nossa autovalorização em baixa na espera de seduzir e modificar seres
humanos que nos interessam
- Justificamos nossa infelicidade
conjugal como sendo “débitos do passado” e passamos uma vida inteira buscando
“álibis reencarnatórios” para compensar o desprezo com que somos tratados e a
opção que fizemos de viver com criaturas que nos desconsideram e nos agridem a
alma constantemente
- Aprendemos quem somos e como
agimos convivendo com os defeitos e qualidades dos outros. É justamente nos
conflitos de relacionamento que retiramos as grandes lições para identificar as
origens de nossas aflições
- Querer não “sentir dor” pode
dessensibilizar as comportas de nossos mais significativos sentimentos,
inclusive atingindo de forma generalizada nossa capacidade de amar. Muitas
vezes, queremos representar que possuímos uma segurança absoluta, quando, na realidade,
todos nós somos vulneráveis de alguma forma
- O querer viver uma existência
inteira desprovida de decepções e de ingratidão, com aceitação e consideração
incondicionais, é desastrosamente irreal
Portanto, não podemos passar uma
vida inteira ocultando de nós mesmos que nunca ficaremos magoados. Devemos,
sim, admitir a mágoa, quando realmente ela existir, para que possamos resolver
nossos conflitos e desarranjos comportamentais
- Mágoa não elaborada se volta
contra o interior da criatura, alojando-se em determinado órgão,
desvitalizando-o. Mágoa se transforma com o tempo em rancor, exterminando
gradativamente nosso interesse pela vida e desajustando-nos quanto a seu
significado maior
- O fato de criarmos o hábito de
desviar a atenção como forma de dispersar a dor da agressão e de isso funcionar
muito bem em determinados momentos expressivos de nossa vida, mantendo a mágoa
dissimulada, poderá se tornar um estilo comportamental inadequado, pois
distorce a realidade de nossos relacionamentos
- Sentimentos não morrem. Poderemos
enterrá-los, mas mesmo assim continuarão conosco e se não forem admitidos, não
serão compreendidos e, consequentemente, estarão desvirtuando a nossa visão do
óbvio e do mundo objetivo
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