Estudo – Parte 2/5
Obra:
VIDA E SEXO
Emmanuel, FEB, 1971, 2a edição
Filhos
64. Informa
Kardec (“O Evangelho segundo o
Espiritismo”, cap. XIV, item 8) que os laços do sangue não criam forçosamente
os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não
procede do Espírito, porque este já existe antes da formação do corpo. O pai
não cria o Espírito de seu filho; apenas lhe fornece o invólucro corpóreo,
cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do
filho, para fazê-lo progredir. (PÁG. 45)
65. Surge comumente,
entre os casais, o problema do abandono, pelo qual o parceiro lesado é
compelido à carência afetiva. Integradas duas criaturas na comunhão recíproca,
é natural que o afastamento uma da outra provoque, em numerosas circunstâncias,
o colapso das forças mais íntimas naquela que se viu relegada a esquecimento.
(PÁG. 45)
66. O cônjuge
menosprezado no círculo doméstico detém, no entanto, a faculdade de refazer as
condições que julgue necessárias à própria euforia, com base na consciência
tranqüila. Não há obrigações de cativeiro para ninguém nos fundamentos morais
da Criação. Um ser não dispõe de regalias para abusar impunemente de outro, sem
que a vítima se veja espontaneamente liberta de qualquer compromisso para com o
agressor. (PÁG. 46)
67. As Leis da Vida,
todavia, rogam – sem impor – às vítimas da deslealdade ou da prepotência que
não renunciem ao dever de amparar os filhos, notadamente se esses filhos ainda
não atingiram a puberdade. (PÁG. 46)
68. Em semelhantes
crises, é preciso que haja no cônjuge largado em desprezo uma revisão
criteriosa do próprio comportamento, para verificar até que ponto terá ele
provocado a agressão moral sofrida e, seja ou não culpado, que se renda, antes
de tudo, à desculpa incondicional do ofensor, fundindo no coração os títulos
ternos que tenha concedido ao outro no título de irmão ou de irmã, de vez que
somos todos Espíritos imortais e filhos do mesmo Pai. (PÁG. 47)
69. Só pelo
esquecimento das faltas uns dos outros é que nos endereçaremos à definitiva
sublimação. (PÁG. 47)
70. Nenhum de nós, os filhos da Terra, está em condições de acusar
a ninguém, nos domínios do sentimento, porquanto os virtuosos de hoje podem ter
sido os caídos de ontem e os caídos de hoje serão possivelmente os virtuosos de
amanhã, a quem tenhamos, talvez, de rogar apoio e bênção. (PÁG. 47)
71. Homem ou mulher
em abandono, se tem filhos pequeninos, que se voltem, acima de tudo, para eles,
agasalhando-os sob as asas do entendimento e da ternura, até que se habilitem
aos primeiros contactos conscientes com a vida terrestre, antes de se
aventurarem à adoção de nova companhia. (PÁG. 47)
Alterações afetivas
72. Ensina “O Livro
dos Espíritos”, item 208, que os pais exercem grande influência sobre o filho.
“Conforme dissemos – afirmam os Imortais –, os Espíritos têm que contribuir para
o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão
desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui lhes isso uma tarefa.”
(PÁG. 49)
73. Depois que o
navio do casamento se afasta do cais do sonho para o mar largo da experiência,
é muito comum se alterem as condições afetivas. A esperança converte-se em
trabalho e desnudam-se problemas que a ilusão envolvia. Observa-se, então, na
maioria das posições, que arrefece o calor em que o casal se aquecia nos
primeiros dias da comunhão esponsalícia. (PÁGS. 49 e 50)
74. Urge, porém,
salvar a embarcação ameaçada de soçobrar. E ambos os cônjuges precisam
reaprender na escola do amor, reconhecendo que, acima da conjunção corpórea,
fácil de se concretizar, é imperioso que a dupla se case, em espírito - sempre
mais em espírito -, dia por dia. (PÁG. 50)
75. Não se inquietem
os parceiros, à frente das modificações ocorridas, de vez que toda afinidade
correta, nas emoções do Plano Físico, evolui fatalmente para a ligação ideal, a
exprimir-se na ternura confiante da amizade sem lindes. (PÁG. 50)
76. O carinho que
era, em princípio, repartido a dois, passa a ser dividido por maior número de
partícipes do núcleo familiar, os quais são, em muitas circunstâncias, os associados
da doce hipnose do namoro e do noivado, que mantinham nos pais jovens, ainda
solteiros, a chama da atração entusiástica até a consumação do enlace afetivo.
(PÁGS. 50 e 51)
77. Quase sempre,
Espíritos vinculados ao casal, ora mais ao pai, ora mais à mãe, interessam-se
na Vida Maior pela constituição da família, à face das próprias necessidades de
aprimoramento e resgate, progresso e autocorrigenda. Em vista disso, cooperam,
em ação decisiva, na aproximação dos futuros pais, aportando em casa pelos processos
da gravidez, reclamando naturalmente a quota de carinho e atenção que lhes é
devida. (PÁG. 51)
78. Em toda comunhão
mais profunda do homem e da mulher na formação do grupo doméstico, seguida de
filhos, há que contar com a sublimação espontânea do impulso sexual, cabendo a
ambos aderir naturalmente a essa
contingência da vida, cientes de que apenas o amor que se divide, em bênçãos
para com os outros, é capaz de multiplicar a verdadeira felicidade. (PÁG. 51)
Desajustes
79. É comum observar
que o casamento promissor repentinamente adoece. Aparecem os empecilhos. Surgem conflitos, doenças,
desníveis, falhas de formação e temperamento. Ora é a mulher que se casou
pensando encontrar no esposo o retrato psicológico do pai, a quem se vinculara
desde o berço. Ora é o homem a exigir da companheira a continuidade da
genitora, a quem se jungiu desde a vida fetal. A lição do Evangelho contudo nos
ensina: “Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma,
ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita”. (PÁG. 53)
80. Precisamos
compreender que o matrimônio é uma quebra de amarras através da qual o navio da
existência larga o cais dos laços afetivos em que jazia ancorado. Na viagem que
se inicia a dois, os nubentes se revelarão, um à frente do outro, tais quais
são e como se encontram na realidade, evidenciando os defeitos e as virtudes
que porventura carreguem. (PÁGS. 53 e 54)
81. Razoável se
convoque, em tais circunstâncias, o auxílio de técnicos capazes de sanar as
lesões no barco em perigo, como sejam médicos e psicólogos, amigos e
conselheiros, cuja contribuição se revestirá sempre de inapreciável valor;
entretanto, ao desenrolar de obstáculos e provas, o conhecimento da
reencarnação exerce encargo de importância por trazer aos interessados novo
campo de observações e reflexões, impelindo-os à tolerância, sem a qual a
rearmonização acena sempre mais longe. (PÁG. 54)
82. Urge perceber que
a comunhão afetiva não opera a fusão dos parceiros, pois cada qual continua
sendo um mundo por si, e nem sempre os característicos de um se afinam com o
outro. Daí a conveniência do mútuo aceite, com a obrigação da melhoria do
casal. Para isso, não bastarão providências de superfície. Há que internar o
raciocínio em considerações mais profundas para que as raízes do desequilíbrio
sejam erradicadas da mente. (PÁGS. 54 e 55)
83. Aceitação, eis o
problema. É preciso admitir o companheiro ou companheira como são e, feito
isso, inicie-se a obra da edificação ou da reedificação recíprocas. (PÁG. 55)
84. Obtém-se da vida o que se lhe dá, colhe-se o material de
plantio. Habitualmente, o homem recebe a mulher como a deixou e no ponto em que
a deixou no passado próximo, isto é, nas estâncias do tempo que se foi para o
continuísmo da obra de resgate ou de elevação no tempo de agora, sucedendo o
mesmo referentemente à mulher. (PÁG. 55)
85. O parceiro
desorientado, enfermo ou infiel, é aquele homem que a parceira, em existências
anteriores, conduziu à perturbação, à doença ou à deslealdade, através de atitudes
que o segregaram em deploráveis estados
compulsivos; e a parceira, nessas condições, consubstancia necessidades e
provas da mesma espécie. (PÁG. 55)
86. Seja qual seja o
motivo em que o tédio se fundamente, recorram ambos ao apoio recíproco mais
profundo e mais intensivo. Com isso, estarão em justa defesa da harmonia
íntima, sem castigarem o próprio corpo. E reeducar-se-ão, sem hostilizar os que
porventura lhes demonstrem afeto, mas acolhendo-os, não mais como cúmplices de
aventuras deprimentes, e sim por irmãos queridos, com quem podem fundir-se, em
espírito, no mais alto amor espiritual. (PÁG. 56)
Tédio no lar
87. Esclarece “O
Livro dos Espíritos”, item 939, que muitas pessoas acreditam amar perdidamente
a outrem, porque apenas julgam pelas aparências e, obrigadas a viver com as
pessoas amadas, não demoram a reconhecer que só experimentaram um encantamento
material. Não basta uma pessoa estar enamorada de outra que lhe agrada. Vivendo
com ela é que poderá apreciá-la. Em muitas uniões, que a princípio pareciam
destinadas ao fracasso, acabam os parceiros – depois de se haverem estudado bem
e de bem se conhecerem – por votar-se, reciprocamente, duradouro e terno amor,
porque assente na estima. (PÁG. 57)
88. Cumpre não se
esqueça de que é o Espírito quem ama, e não o corpo, de modo que, dissipada a
ilusão material, o Espírito vê a realidade. Há duas espécies de afeição: a do
corpo e a da alma. Quando pura, a afeição da alma é duradoura; efêmera é a do
corpo. É por isso que muitas vezes os que julgavam amar-se com eterno amor
passam a odiar-se, desde que a ilusão se desfaça. (PÁGS. 57 e 58)
89. Quando o tédio
reponte no lar, na forma, muitas vezes, de indiferença por parte do parceiro,
ou de relaxamento por parte da companheira, é preciso se faça judiciosa
auto-análise, de lado a lado, para que o parasito seja erradicado
completamente. (PÁG. 58)
90. Sempre que o
homem e a mulher se confiam um ao outro, pelos vínculos sexuais, essa rendição
é tão absoluta que passam, praticamente, a viver numa simbiose de forças, qual
se as duas almas habitassem num único corpo. Se um dos companheiros esmorece na
indiferença, a morte da união sobrevém, inevitável, com os resultados infelizes
que daí decorrem. (PÁGS. 58 e 59)
91. A sexualidade no
casal existe, sobretudo, em função de alimento magnético entre os dois corações
que se integram um no outro e daí procede a necessidade de vigilância para que
a harmonia não se perca, nesse circuito de forças. (PÁG. 59)
92. Noutros lances da
experiência, observarão os parceiros que a influência de alguém lhes atinge o
âmago do ser, incitando-os a ligações sexuais diferentes. É o passado que
volta, apresentando de novo as mesmas criaturas com quem tenhamos talvez
enveredado no labirinto de experiências francamente infelizes. (PÁG. 59)
93. Somente na base
da indulgência e do perdão recíprocos, mais facilmente estruturáveis no
conhecimento da reencarnação, conseguirão os cônjuges o triunfo esperado, nas
lides e compromissos abraçados, descerrando a si mesmos a porta da paz e a luz
da libertação. (PÁG. 60)
Vinculações
94. Ensina a Doutrina Espírita (“O Evangelho segundo o
Espiritismo”, cap. XIV, item 8): “Os que se encarnam numa família, sobretudo
como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados
por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida
terrena”. (PÁG. 61)
95. Cada criança é um
campo de tendências inatas, com tamanha riqueza de material para a observação
do analista, que debalde se penetrará os meandros da sua individualidade sem
apoio na reencarnação. Surpreenderemos na criança todo o equipamento dos
impulsos sexuais prontos à manifestação, quando a puberdade lhe assegure mais
amplo controle do carro físico. (PÁGS. 61 e 62)
96. Com esses
impulsos, despontam-lhe do espírito as inclinações para maior ou menor ligação
com esse ou aquele companheiro do núcleo familiar. O jogo afetivo se desenrola,
porém, via de regra, mais intensivamente entre ela e os pais, reconhecendo-se
então se os laços do passado estão mais fortemente entretecidos com o genitor
ou a genitora. (PÁG. 62)
97. Com frequência,
mas não sempre, as filhas propendem mais acentuadamente para a ligação com o
pai, enquanto os filhos manifestam maior afeto para com a mãe. Nenhuma
estranheza há nisso, quando sabemos que toda a estrutura psicológica, em que se
erguem nossos destinos, foi manipulada com os ingredientes do sexo, através de
milhares de reencarnações. (PÁGS. 62 e 63)
98. Aceitando os
princípios de causa e efeito que nos lastreiam a experiência, desconheceremos
que os instintos sexuais nos orientaram a romagem por milênios e milênios, no
reino animal, edificando a razão que hoje nos coroa a inteligência? (PÁG. 63)
99. Assim pensando,
recordemos o cipoal das relações poligâmicas de que somos egressos, e
entenderemos com absoluta naturalidade os complexos da personalidade infantil.
Isso sucede, porque herdamos espiritualmente de nós mesmos, reencontrando,
matematicamente, na posição de filhos e filhas, aqueles mesmos companheiros de
experiência sentimental, com os quais tenhamos contas por acertar. Atentos a
essa realidade, podemos concluir que os vínculos da criança solicitam
providências e providências, que sintetizaremos tão-somente numa única palavra:
educação. (PÁG. 63)
Desvinculações
100. Informa “O Livro
dos Espíritos”, item 205, que a reencarnação distende os laços de família, não
os destrói. Essa doutrina amplia os deveres da fraternidade, porquanto mostra
que no vizinho ou no servo pode achar-se um Espírito a quem tenhamos estado
presos pelos laços da consangüinidade. (PÁG. 65)
101. A desvinculação
entre os que se amam assume habitualmente o aspecto de dolorosa cirurgia
psíquica. (PÁG. 65)
102. Essa
desvinculação, via de regra, se verifica numa constante digna de nota: a
posição de pais e filhos, incluindo-se nela os pais e filhos adotivos, de vez
que, no enternecimento do lar, todos os jogos da ternura são postos na mesa do
cotidiano, revestidos de encantamento construtivo. (PÁG. 66)
103. No fundo, porém,
da personalidade paterna ou materna, descansam os remanescentes de grandes
afeições, às vezes desequilibradas e menos felizes, trazidas de outras
estâncias, nos domínios da reencarnação. A libido ou o instinto sexual na forma
de energia psíquica permanece, em muitos casos, na carícia dos pais, vestida em
manto de carinho e beleza, mas o amor é ainda, no ádito do Espírito, qual fogo
de vida que se nutre do próprio lenho. (PÁG. 66)
104. Os pequeninos,
recém-vindos da amnésia natural que a reencarnação lhes impõe, não conseguem
esconder as próprias disposições no campo das preferências, surgindo neles, de
inopino, quase sempre, as inclinações descontroladas, nos caprichos com que se
mostram. Geralmente, com muitas exceções, aliás, as filhas se voltam para os
pais e os filhos para as mães, patenteando a natureza das ligações havidas no
passado e prenunciando a obra de desvinculação que se executará no futuro
próximo. (PÁGS. 66 e 67)
105. Claro que nem
todos os filhos aparecem no lar à conta da desvinculação afetiva, porquanto
milhões de Espíritos tomam a estrutura física, no desempenho de encargos
simples ou complexos, valendo-se da colaboração dos pais, à maneira de amigos
que se entreajudam, nas faixas da confiança e da afinidade recíprocas. (PÁG.
67)
106. As relações
entre pais e filhos constituem, no entanto, clima ideal para a libertação de
quantos se jungiram entre si, de modo inconveniente, nos desregramentos
emotivos em nome do amor. É por isso que a sabedoria da Natureza faculta o
reencontro, sob as teias da parentela, de quantos se desvairaram nos desmandos
de ordem sexual, até que os companheiros do pretérito, reencarnados na posição
de filhos, atinjam a juventude, na existência nova, elegendo novos parceiros
para a sua vida afetiva. (PÁG. 67)
107. Pais que sofrem
na entrega das jovens que o lar lhes confiou, aos companheiros que as
requisitam para o matrimônio, estão quase sempre renunciando à companhia de
antigas afeições que eles mesmos conduziram mal no passado. E o mesmo se dá com
as mães, ao se separarem de filhos que lhes lembram, embora inconscientemente,
as ligações do passado. (PÁG. 68)
Aversões
108. Em “O Evangelho
segundo o Espiritismo”, cap. XIV, item 8, aprendemos que os que encarnam numa mesma família são, as mais das
vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam
por uma afeição recíproca na vida terrena. Pode, contudo, acontecer sejam esses
Espíritos completamente estranhos uns aos outros e afastados entre si por
antipatias anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo que aí
lhes serve de provação. (PÁG. 69)
109. Existem pais e
filhos, irmãos e parentes outros que, não raro, se repelem, desde os primeiros
contactos. (PÁG. 70)
110. É que, arraigado
no labirinto de existências menos felizes, o problema das reações negativas,
culpas, remorsos, vinganças e tantos outros está presente no quadro familiar,
em que o ódio acumulado no passado se exterioriza por meio de manifestações
catalogáveis na patologia da mente, como os crimes de infanticídio que vez por
outra registra a imprensa. (PÁG. 70)
111.
Indubitavelmente, o tratamento psicológico, visando à cura mental e à
sublimação da personalidade, é o caminho ideal para semelhantes pacientes.
Médicos e analistas conseguirão também efetuar prodígios de compreensão e de
amor, liberando enfermos dessa espécie;
no entanto, o estudo da reencarnação é igualmente chamado a funcionar,
na obra de salvamento. (PÁGS. 70 e 71)
112. As vítimas
desses crimes não são, como alguém poderia pensar, arrebatadas para o céu ou o
inferno teológicos. Se forem pessoas compenetradas quanto às leis de amor e
perdão, promovem-se a trabalho digno na Espiritualidade, às vezes até mesmo em
auxílio a seus algozes. Na maioria dos casos, porém, persistem no caminho daqueles
que lhes dilapidaram a vida profunda, transformando-se em perseguidores
magoados ou vingativos que, mais tarde, acabam reconduzidos, pelos princípios
cármicos, ao renascimento junto deles, a fim de sanarem, pela convivência, os
complexos de crueldade que ainda nutram no ser. (PÁG. 71)
113. Quando isso
acontece, o apostolado de reajuste há-de iniciar-se nos pais, porquanto,
despertos para a lógica e para o entendimento, são convocados pela sabedoria da
vida ao apaziguamento e à renovação. É por isso que se torna indispensável amar
e desculpar, compreender e servir, sempre, de modo a que sofrimento e dissensão
desapareçam, para que, na base da compreensão e da bondade, as crianças de hoje
se levantem na condição de Espíritos reajustados perante as Leis do Universo.
(PÁG. 72)
Aborto
114. Os imortais
ensinam, no item 358 d’ O Livro dos Espíritos, que a provocação do aborto
injustificável, em qualquer período da gestação, constitui um crime ante as
leis de Deus. (PÁG. 73)
115. De todos os
institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto
de vista dos alicerces morais que regem a vida. É pela conjunção sexual entre o
homem e a mulher que a Humanidade se perpetua no planeta. (PÁG. 74)
116. Não é difícil
entender que nós, os Espíritos eternos, atendendo aos impositivos do progresso,
nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de pais, ora
desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na carteira do
corpo físico, as lições profundas do amor, que nos soerguerá um dia, em
definitivo, da Terra para os Céus. (PÁGS. 74 e 75)
117. Tendo em mente
tais informações, fica evidenciada a calamidade que representa o aborto
criminoso, praticado exclusivamente pela fuga ao dever, porquanto somos nós
mesmos quem, habitualmente, planifica a formação da família antes do
renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos,
à maneira da casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos e técnicos
distintos. (PÁG. 75)
118. Comumente
chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes, programando lhes a
volta em nosso convívio, a prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes
reedifique a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria. Criamos
projetos, aventamos sugestões, articulamos providências e externamos votos
respeitáveis... Contudo, se, uma vez instalados na Terra, anestesiamos a
consciência e os expulsamos de nossa companhia, a pretexto de resguardar o
próprio conforto, não podemos prever suas reações negativas, porque podem eles
tornar-se – como ocorre com frequência – inimigos recalcados que nos impõem
sofrimento e aflição, mais do que se estivessem conosco, na condição de
filhos-problemas. (PÁGS. 75 e 76)
119. Admitimos, pois,
seja suficiente breve meditação para reconhecermos no aborto delituoso um dos
grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões
catalogáveis na patologia da mente, a ocupar vastos departamentos de hospitais
e penitenciárias. (PÁG. 76)
Pais e filhos
120. Lemos em “O
Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XIV, item 9, que a ingratidão, um dos
frutos mais diretos do egoísmo, revolta sempre os corações honestos. A dos
filhos para com os pais apresenta, então, caráter ainda mais odioso. (PÁG. 77)
121. Os filhos não
pertencem aos pais, e de igual modo os pais não pertencem aos filhos. Os
genitores devem especial consideração aos próprios rebentos, mas o dever
funciona bilateralmente, de vez que os filhos devem aos pais particular
atenção. (PÁG. 77)
122. A reencarnação
traça rumos nítidos ao mútuo respeito que nos compete uns para com os outros.
Entre pais e filhos há, naturalmente, uma fronteira de apreço recíproco. É
justo que os pais não interfiram no futuro dos filhos, tanto quanto justo é que
os filhos não interfiram no passado dos pais. (PÁG. 78)
123. Pais e filhos
são, originariamente, consciências livres, livres filhos de Deus empenhados no
mundo à obra de autoburilamento, resgate de débitos, reajuste, evolução. (PÁG.
79)
124. Nunca será
lícito o desprezo de uns para com os outros. A existência terrestre é muito
importante no progresso e no aperfeiçoamento do Espírito; no entanto, ao mesmo
tempo, é simples estágio da criatura eterna no educandário da experiência
física, à maneira de estudante no internato. Os pais lembram alunos, em
condições mais avançadas de tempo no currículo de lições, ao passo que os
filhos recordam aprendizes iniciantes, quando surgem na arena de serviço
terrestre, com acesso à escola, sob o patrocínio dos companheiros que os
antecederam. (PÁG. 79)
125. Em vista disso,
jamais devem os filhos acusar os pais
pelo curso complexo ou difícil em que se vejam no colégio da existência humana,
porquanto na maioria das vezes foram eles mesmos, os filhos, que insistiram com
os pais, através de afetuoso constrangimento ou suave processo obsessivo, para
que os trouxessem, de novo, à oficina da vida terrena. (PÁGS. 79 e 80)
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