quarta-feira, 12 de outubro de 2016

VIDA E SEXO Emmanuel, PARTE 2/5

Estudo – Parte 2/5
Obra:
VIDA E SEXO 
Emmanuel, FEB, 1971, 2a edição


Filhos
         64. Informa Kardec  (“O Evangelho segundo o Espiritismo”,  cap. XIV, item 8)  que os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque este já existe antes da formação do corpo. O pai não cria o Espírito de seu filho; apenas lhe fornece o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir. (PÁG. 45)
         65. Surge comumente, entre os casais, o problema do abandono, pelo qual o parceiro lesado é compelido à carência afetiva. Integradas duas criaturas na comunhão recíproca, é natural que o afastamento uma da outra provoque, em numerosas circunstâncias, o colapso das forças mais íntimas naquela que se viu relegada a esquecimento. (PÁG. 45)
         66. O cônjuge menosprezado no círculo doméstico detém, no entanto, a faculdade de refazer as condições que julgue necessárias à própria euforia, com base na consciência tranqüila. Não há obrigações de cativeiro para ninguém nos fundamentos morais da Criação. Um ser não dispõe de regalias para abusar impunemente de outro, sem que a vítima se veja espontaneamente liberta de qualquer compromisso para com o agressor. (PÁG. 46)
         67. As Leis da Vida, todavia, rogam – sem impor – às vítimas da deslealdade ou da prepotência que não renunciem ao dever de amparar os filhos, notadamente se esses filhos ainda não atingiram a puberdade. (PÁG. 46)
         68. Em semelhantes crises, é preciso que haja no cônjuge largado em desprezo uma revisão criteriosa do próprio comportamento, para verificar até que ponto terá ele provocado a agressão moral sofrida e, seja ou não culpado, que se renda, antes de tudo, à desculpa incondicional do ofensor, fundindo no coração os títulos ternos que tenha concedido ao outro no título de irmão ou de irmã, de vez que somos todos Espíritos imortais e filhos do mesmo Pai. (PÁG. 47)
         69. Só pelo esquecimento das faltas uns dos outros é que nos endereçaremos à definitiva sublimação. (PÁG. 47)
70. Nenhum de nós, os filhos da Terra, está em condições de acusar a ninguém, nos domínios do sentimento, porquanto os virtuosos de hoje podem ter sido os caídos de ontem e os caídos de hoje serão possivelmente os virtuosos de amanhã, a quem tenhamos, talvez, de rogar apoio e bênção. (PÁG. 47)
         71. Homem ou mulher em abandono, se tem filhos pequeninos, que se voltem, acima de tudo, para eles, agasalhando-os sob as asas do entendimento e da ternura, até que se habilitem aos primeiros contactos conscientes com a vida terrestre, antes de se aventurarem à adoção de nova companhia. (PÁG. 47)

Alterações afetivas
         72. Ensina “O Livro dos Espíritos”, item 208, que os pais exercem grande influência sobre o filho. “Conforme dissemos – afirmam os Imortais –, os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui lhes isso uma tarefa.” (PÁG. 49)
         73. Depois que o navio do casamento se afasta do cais do sonho para o mar largo da experiência, é muito comum se alterem as condições afetivas. A esperança converte-se em trabalho e desnudam-se problemas que a ilusão envolvia. Observa-se, então, na maioria das posições, que arrefece o calor em que o casal se aquecia nos primeiros dias da comunhão esponsalícia. (PÁGS. 49 e 50)
         74. Urge, porém, salvar a embarcação ameaçada de soçobrar. E ambos os cônjuges precisam reaprender na escola do amor, reconhecendo que, acima da conjunção corpórea, fácil de se concretizar, é imperioso que a dupla se case, em espírito - sempre mais em espírito -, dia por dia. (PÁG. 50)
         75. Não se inquietem os parceiros, à frente das modificações ocorridas, de vez que toda afinidade correta, nas emoções do Plano Físico, evolui fatalmente para a ligação ideal, a exprimir-se na ternura confiante da amizade sem lindes. (PÁG. 50)
         76. O carinho que era, em princípio, repartido a dois, passa a ser dividido por maior número de partícipes do núcleo familiar, os quais são, em muitas circunstâncias, os associados da doce hipnose do namoro e do noivado, que mantinham nos pais jovens, ainda solteiros, a chama da atração entusiástica até a consumação do enlace afetivo. (PÁGS. 50 e 51)
         77. Quase sempre, Espíritos vinculados ao casal, ora mais ao pai, ora mais à mãe, interessam-se na Vida Maior pela constituição da família, à face das próprias necessidades de aprimoramento e resgate, progresso e autocorrigenda. Em vista disso, cooperam, em ação decisiva, na aproximação dos futuros pais, aportando em casa pelos processos da gravidez, reclamando naturalmente a quota de carinho e atenção que lhes é devida. (PÁG. 51)
         78. Em toda comunhão mais profunda do homem e da mulher na formação do grupo doméstico, seguida de filhos, há que contar com a sublimação espontânea do impulso sexual, cabendo a ambos aderir  naturalmente a essa contingência da vida, cientes de que apenas o amor que se divide, em bênçãos para com os outros, é capaz de multiplicar a verdadeira felicidade. (PÁG. 51)

Desajustes
         79. É comum observar que o casamento promissor repentinamente adoece. Aparecem  os empecilhos. Surgem conflitos, doenças, desníveis, falhas de formação e temperamento. Ora é a mulher que se casou pensando encontrar no esposo o retrato psicológico do pai, a quem se vinculara desde o berço. Ora é o homem a exigir da companheira a continuidade da genitora, a quem se jungiu desde a vida fetal. A lição do Evangelho contudo nos ensina: “Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita”.  (PÁG. 53)
         80. Precisamos compreender que o matrimônio é uma quebra de amarras através da qual o navio da existência larga o cais dos laços afetivos em que jazia ancorado. Na viagem que se inicia a dois, os nubentes se revelarão, um à frente do outro, tais quais são e como se encontram na realidade, evidenciando os defeitos e as virtudes que porventura carreguem. (PÁGS. 53 e 54)
         81. Razoável se convoque, em tais circunstâncias, o auxílio de técnicos capazes de sanar as lesões no barco em perigo, como sejam médicos e psicólogos, amigos e conselheiros, cuja contribuição se revestirá sempre de inapreciável valor; entretanto, ao desenrolar de obstáculos e provas, o conhecimento da reencarnação exerce encargo de importância por trazer aos interessados novo campo de observações e reflexões, impelindo-os à tolerância, sem a qual a rearmonização acena sempre mais longe. (PÁG. 54)
         82. Urge perceber que a comunhão afetiva não opera a fusão dos parceiros, pois cada qual continua sendo um mundo por si, e nem sempre os característicos de um se afinam com o outro. Daí a conveniência do mútuo aceite, com a obrigação da melhoria do casal. Para isso, não bastarão providências de superfície. Há que internar o raciocínio em considerações mais profundas para que as raízes do desequilíbrio sejam erradicadas da mente. (PÁGS. 54 e 55)
         83. Aceitação, eis o problema. É preciso admitir o companheiro ou companheira como são e, feito isso, inicie-se a obra da edificação ou da reedificação recíprocas. (PÁG. 55)
84. Obtém-se da vida o que se lhe dá, colhe-se o material de plantio. Habitualmente, o homem recebe a mulher como a deixou e no ponto em que a deixou no passado próximo, isto é, nas estâncias do tempo que se foi para o continuísmo da obra de resgate ou de elevação no tempo de agora, sucedendo o mesmo referentemente à mulher. (PÁG. 55)
         85. O parceiro desorientado, enfermo ou infiel, é aquele homem que a parceira, em existências anteriores, conduziu à perturbação, à doença ou à deslealdade, através de atitudes que o segregaram  em deploráveis estados compulsivos; e a parceira, nessas condições, consubstancia necessidades e provas da mesma espécie. (PÁG. 55)
         86. Seja qual seja o motivo em que o tédio se fundamente, recorram ambos ao apoio recíproco mais profundo e mais intensivo. Com isso, estarão em justa defesa da harmonia íntima, sem castigarem o próprio corpo. E reeducar-se-ão, sem hostilizar os que porventura lhes demonstrem afeto, mas acolhendo-os, não mais como cúmplices de aventuras deprimentes, e sim por irmãos queridos, com quem podem fundir-se, em espírito, no mais alto amor espiritual. (PÁG. 56)

Tédio no lar
         87. Esclarece “O Livro dos Espíritos”, item 939, que muitas pessoas acreditam amar perdidamente a outrem, porque apenas julgam pelas aparências e, obrigadas a viver com as pessoas amadas, não demoram a reconhecer que só experimentaram um encantamento material. Não basta uma pessoa estar enamorada de outra que lhe agrada. Vivendo com ela é que poderá apreciá-la. Em muitas uniões, que a princípio pareciam destinadas ao fracasso, acabam os parceiros – depois de se haverem estudado bem e de bem se conhecerem – por votar-se, reciprocamente, duradouro e terno amor, porque assente na estima. (PÁG. 57)
         88. Cumpre não se esqueça de que é o Espírito quem ama, e não o corpo, de modo que, dissipada a ilusão material, o Espírito vê a realidade. Há duas espécies de afeição: a do corpo e a da alma. Quando pura, a afeição da alma é duradoura; efêmera é a do corpo. É por isso que muitas vezes os que julgavam amar-se com eterno amor passam a odiar-se, desde que a ilusão se desfaça. (PÁGS. 57 e 58)
         89. Quando o tédio reponte no lar, na forma, muitas vezes, de indiferença por parte do parceiro, ou de relaxamento por parte da companheira, é preciso se faça judiciosa auto-análise, de lado a lado, para que o parasito seja erradicado completamente. (PÁG. 58)
         90. Sempre que o homem e a mulher se confiam um ao outro, pelos vínculos sexuais, essa rendição é tão absoluta que passam, praticamente, a viver numa simbiose de forças, qual se as duas almas habitassem num único corpo. Se um dos companheiros esmorece na indiferença, a morte da união sobrevém, inevitável, com os resultados infelizes que daí decorrem. (PÁGS. 58 e 59)
         91. A sexualidade no casal existe, sobretudo, em função de alimento magnético entre os dois corações que se integram um no outro e daí procede a necessidade de vigilância para que a harmonia não se perca, nesse circuito de forças. (PÁG. 59)
         92. Noutros lances da experiência, observarão os parceiros que a influência de alguém lhes atinge o âmago do ser, incitando-os a ligações sexuais diferentes. É o passado que volta, apresentando de novo as mesmas criaturas com quem tenhamos talvez enveredado no labirinto de experiências francamente infelizes. (PÁG. 59)
         93. Somente na base da indulgência e do perdão recíprocos, mais facilmente estruturáveis no conhecimento da reencarnação, conseguirão os cônjuges o triunfo esperado, nas lides e compromissos abraçados, descerrando a si mesmos a porta da paz e a luz da libertação. (PÁG. 60)

Vinculações
         94. Ensina  a Doutrina Espírita (“O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XIV, item 8): “Os que se encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena”. (PÁG. 61)
         95. Cada criança é um campo de tendências inatas, com tamanha riqueza de material para a observação do analista, que debalde se penetrará os meandros da sua individualidade sem apoio na reencarnação. Surpreenderemos na criança todo o equipamento dos impulsos sexuais prontos à manifestação, quando a puberdade lhe assegure mais amplo controle do carro físico. (PÁGS. 61 e 62)
         96. Com esses impulsos, despontam-lhe do espírito as inclinações para maior ou menor ligação com esse ou aquele companheiro do núcleo familiar. O jogo afetivo se desenrola, porém, via de regra, mais intensivamente entre ela e os pais, reconhecendo-se então se os laços do passado estão mais fortemente entretecidos com o genitor ou a genitora. (PÁG. 62)
         97. Com frequência, mas não sempre, as filhas propendem mais acentuadamente para a ligação com o pai, enquanto os filhos manifestam maior afeto para com a mãe. Nenhuma estranheza há nisso, quando sabemos que toda a estrutura psicológica, em que se erguem nossos destinos, foi manipulada com os ingredientes do sexo, através de milhares de reencarnações. (PÁGS. 62 e 63)
         98. Aceitando os princípios de causa e efeito que nos lastreiam a experiência, desconheceremos que os instintos sexuais nos orientaram a romagem por milênios e milênios, no reino animal, edificando a razão que hoje nos coroa a inteligência? (PÁG. 63)
         99. Assim pensando, recordemos o cipoal das relações poligâmicas de que somos egressos, e entenderemos com absoluta naturalidade os complexos da personalidade infantil. Isso sucede, porque herdamos espiritualmente de nós mesmos, reencontrando, matematicamente, na posição de filhos e filhas, aqueles mesmos companheiros de experiência sentimental, com os quais tenhamos contas por acertar. Atentos a essa realidade, podemos concluir que os vínculos da criança solicitam providências e providências, que sintetizaremos tão-somente numa única palavra: educação. (PÁG. 63)

Desvinculações
         100. Informa “O Livro dos Espíritos”, item 205, que a reencarnação distende os laços de família, não os destrói. Essa doutrina amplia os deveres da fraternidade, porquanto mostra que no vizinho ou no servo pode achar-se um Espírito a quem tenhamos estado presos pelos laços da consangüinidade. (PÁG. 65)
         101. A desvinculação entre os que se amam assume habitualmente o aspecto de dolorosa cirurgia psíquica. (PÁG. 65)
         102. Essa desvinculação, via de regra, se verifica numa constante digna de nota: a posição de pais e filhos, incluindo-se nela os pais e filhos adotivos, de vez que, no enternecimento do lar, todos os jogos da ternura são postos na mesa do cotidiano, revestidos de encantamento construtivo. (PÁG. 66)
         103. No fundo, porém, da personalidade paterna ou materna, descansam os remanescentes de grandes afeições, às vezes desequilibradas e menos felizes, trazidas de outras estâncias, nos domínios da reencarnação. A libido ou o instinto sexual na forma de energia psíquica permanece, em muitos casos, na carícia dos pais, vestida em manto de carinho e beleza, mas o amor é ainda, no ádito do Espírito, qual fogo de vida que se nutre do próprio lenho. (PÁG. 66)
         104. Os pequeninos, recém-vindos da amnésia natural que a reencarnação lhes impõe, não conseguem esconder as próprias disposições no campo das preferências, surgindo neles, de inopino, quase sempre, as inclinações descontroladas, nos caprichos com que se mostram. Geralmente, com muitas exceções, aliás, as filhas se voltam para os pais e os filhos para as mães, patenteando a natureza das ligações havidas no passado e prenunciando a obra de desvinculação que se executará no futuro próximo. (PÁGS. 66 e 67)
         105. Claro que nem todos os filhos aparecem no lar à conta da desvinculação afetiva, porquanto milhões de Espíritos tomam a estrutura física, no desempenho de encargos simples ou complexos, valendo-se da colaboração dos pais, à maneira de amigos que se entreajudam, nas faixas da confiança e da afinidade recíprocas. (PÁG. 67)
         106. As relações entre pais e filhos constituem, no entanto, clima ideal para a libertação de quantos se jungiram entre si, de modo inconveniente, nos desregramentos emotivos em nome do amor. É por isso que a sabedoria da Natureza faculta o reencontro, sob as teias da parentela, de quantos se desvairaram nos desmandos de ordem sexual, até que os companheiros do pretérito, reencarnados na posição de filhos, atinjam a juventude, na existência nova, elegendo novos parceiros para a sua vida afetiva. (PÁG. 67)
         107. Pais que sofrem na entrega das jovens que o lar lhes confiou, aos companheiros que as requisitam para o matrimônio, estão quase sempre renunciando à companhia de antigas afeições que eles mesmos conduziram mal no passado. E o mesmo se dá com as mães, ao se separarem de filhos que lhes lembram, embora inconscientemente, as ligações do passado. (PÁG. 68)

Aversões
         108. Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XIV, item 8, aprendemos que os que  encarnam numa mesma família são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Pode, contudo, acontecer sejam esses Espíritos completamente estranhos uns aos outros e afastados entre si por antipatias anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo que aí lhes serve de provação. (PÁG. 69)
         109. Existem pais e filhos, irmãos e parentes outros que, não raro, se repelem, desde os primeiros contactos. (PÁG. 70)
         110. É que, arraigado no labirinto de existências menos felizes, o problema das reações negativas, culpas, remorsos, vinganças e tantos outros está presente no quadro familiar, em que o ódio acumulado no passado se exterioriza por meio de manifestações catalogáveis na patologia da mente, como os crimes de infanticídio que vez por outra registra a imprensa. (PÁG. 70)
         111. Indubitavelmente, o tratamento psicológico, visando à cura mental e à sublimação da personalidade, é o caminho ideal para semelhantes pacientes. Médicos e analistas conseguirão também efetuar prodígios de compreensão e de amor, liberando enfermos dessa espécie;  no entanto, o estudo da reencarnação é igualmente chamado a funcionar, na  obra de salvamento. (PÁGS. 70 e 71)
         112. As vítimas desses crimes não são, como alguém poderia pensar, arrebatadas para o céu ou o inferno teológicos. Se forem pessoas compenetradas quanto às leis de amor e perdão, promovem-se a trabalho digno na Espiritualidade, às vezes até mesmo em auxílio a seus algozes. Na maioria dos casos, porém, persistem no caminho daqueles que lhes dilapidaram a vida profunda, transformando-se em perseguidores magoados ou vingativos que, mais tarde, acabam reconduzidos, pelos princípios cármicos, ao renascimento junto deles, a fim de sanarem, pela convivência, os complexos de crueldade que ainda nutram no ser. (PÁG. 71)
         113. Quando isso acontece, o apostolado de reajuste há-de iniciar-se nos pais, porquanto, despertos para a lógica e para o entendimento, são convocados pela sabedoria da vida ao apaziguamento e à renovação. É por isso que se torna indispensável amar e desculpar, compreender e servir, sempre, de modo a que sofrimento e dissensão desapareçam, para que, na base da compreensão e da bondade, as crianças de hoje se levantem na condição de Espíritos reajustados perante as Leis do Universo. (PÁG. 72)

Aborto
         114. Os imortais ensinam, no item 358 d’ O Livro dos Espíritos, que a provocação do aborto injustificável, em qualquer período da gestação, constitui um crime ante as leis de Deus. (PÁG. 73)
         115. De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida. É pela conjunção sexual entre o homem e a mulher que a Humanidade se perpetua no planeta. (PÁG. 74)
         116. Não é difícil entender que nós, os Espíritos eternos, atendendo aos impositivos do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de pais, ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na carteira do corpo físico, as lições profundas do amor, que nos soerguerá um dia, em definitivo, da Terra para os Céus. (PÁGS. 74 e 75)
         117. Tendo em mente tais informações, fica evidenciada a calamidade que representa o aborto criminoso, praticado exclusivamente pela fuga ao dever, porquanto somos nós mesmos quem, habitualmente, planifica a formação da família antes do renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira da casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos e técnicos distintos. (PÁG. 75)
         118. Comumente chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes, programando lhes a volta em nosso convívio, a prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria. Criamos projetos, aventamos sugestões, articulamos providências e externamos votos respeitáveis... Contudo, se, uma vez instalados na Terra, anestesiamos a consciência e os expulsamos de nossa companhia, a pretexto de resguardar o próprio conforto, não podemos prever suas reações negativas, porque podem eles tornar-se – como ocorre com frequência – inimigos recalcados que nos impõem sofrimento e aflição, mais do que se estivessem conosco, na condição de filhos-problemas. (PÁGS. 75 e 76)
         119. Admitimos, pois, seja suficiente breve meditação para reconhecermos no aborto delituoso um dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, a ocupar vastos departamentos de hospitais e penitenciárias. (PÁG. 76)

Pais e filhos
         120. Lemos em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XIV, item 9, que a ingratidão, um dos frutos mais diretos do egoísmo, revolta sempre os corações honestos. A dos filhos para com os pais apresenta, então, caráter ainda mais odioso. (PÁG. 77)
         121. Os filhos não pertencem aos pais, e de igual modo os pais não pertencem aos filhos. Os genitores devem especial consideração aos próprios rebentos, mas o dever funciona bilateralmente, de vez que os filhos devem aos pais particular atenção. (PÁG. 77)
         122. A reencarnação traça rumos nítidos ao mútuo respeito que nos compete uns para com os outros. Entre pais e filhos há, naturalmente, uma fronteira de apreço recíproco. É justo que os pais não interfiram no futuro dos filhos, tanto quanto justo é que os filhos não interfiram no passado dos pais. (PÁG. 78)
         123. Pais e filhos são, originariamente, consciências livres, livres filhos de Deus empenhados no mundo à obra de autoburilamento, resgate de débitos, reajuste, evolução. (PÁG. 79)
         124. Nunca será lícito o desprezo de uns para com os outros. A existência terrestre é muito importante no progresso e no aperfeiçoamento do Espírito; no entanto, ao mesmo tempo, é simples estágio da criatura eterna no educandário da experiência física, à maneira de estudante no internato. Os pais lembram alunos, em condições mais avançadas de tempo no currículo de lições, ao passo que os filhos recordam aprendizes iniciantes, quando surgem na arena de serviço terrestre, com acesso à escola, sob o patrocínio dos companheiros que os antecederam. (PÁG. 79)

         125. Em vista disso, jamais devem os filhos acusar  os pais pelo curso complexo ou difícil em que se vejam no colégio da existência humana, porquanto na maioria das vezes foram eles mesmos, os filhos, que insistiram com os pais, através de afetuoso constrangimento ou suave processo obsessivo, para que os trouxessem, de novo, à oficina da vida terrena. (PÁGS. 79 e 80)

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