Obra:
VIDA E SEXO
Emmanuel, FEB, 1971, 2a edição
Vida e Sexo
1. As proposições ao
redor do sexo, apaixonadamente focalizadas na atualidade da Terra, foram objeto
de criteriosas anotações do Mundo Espiritual, no século passado, na previsão
dos choques de opinião, que a Humanidade de agora enfrenta. (PÁGS. 7 e 8)
2. Em torno do sexo,
podemos sintetizar todas as digressões nas normas seguintes:
* Não proibição, mas
educação.
* Não abstinência
imposta, mas emprego digno, com o devido respeito a si mesmo e aos outros.
* Não indisciplina,
mas controle.
* Não impulso livre,
mas responsabilidade. (PÁG. 8)
3. Fora disso, é
teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência.
(PÁG. 8)
4. Sem isso, será
enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação
pessoal, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, porque a aplicação do sexo,
ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um.
(PÁG. 8)
Em torno do sexo
5. Diz “O Livro dos
Espíritos”, item 201, que “são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as
mulheres”. (PÁG. 9)
6. Atendendo à soma
das qualidades adquiridas nas múltiplas encarnações, o Espírito revela-se, no
Plano Físico, pelas tendências que registra nos recessos do ser, tipificando-se
na condição de homem ou de mulher, conforme as tarefas que lhe cabe realizar. (PÁG. 9)
7. O sexo se define,
assim, por atributo não apenas respeitável, mas profundamente santo da
Natureza, exigindo educação e controle. Através dele dimanam forças criativas,
a que devemos, na Terra, o instituto da reencarnação, o templo do lar, as
bênçãos da família, as alegrias revitalizadoras do afeto e o tesouro
inapreciável dos estímulos espirituais. (PÁG. 10)
8. É um despropósito
subtrair as manifestações do sexo aos seres humanos, a pretexto de elevação
compulsória, porque as sugestões da erótica se entranham na estrutura da alma.
De igual modo, seria absurdo deslocá-lo de sua posição venerável, a fim de
arremessá-lo às aventuras menos dignas, com a desculpa de garantir-lhe a
libertação. (PÁG. 10)
9. Sexo é espírito e
vida, a serviço da felicidade e da harmonia do Universo. Por isso, reclama
responsabilidade e discernimento, onde e quando se expresse. (PÁG. 10)
10. Todos os
compromissos na vida sexual estão subordinados à Lei de Causa e Efeito, e,
segundo esse princípio, de tudo o que dermos a outrem, no mundo afetivo, assim
nos será dado. (PÁG. 11)
Família
11. Ensina Kardec que
há duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias
pelos laços corporais. As primeiras são duráveis e se perpetuam no mundo
espiritual. As outras, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e, muitas vezes, se dissolvem
moralmente, já na corrente existência. (PÁG. 13)
12. Nenhuma
associação existente na Terra (excetuando evidentemente a Humanidade) é mais
importante em sua função educadora e regenerativa do que a família. (PÁG. 13)
13. Por intermédio da
paternidade e da maternidade, o homem e a mulher adquirem mais amplos créditos
da Vida Superior. Daí, as fontes de alegria que se lhes rebentam do ser com as
tarefas da procriação, visto que os filhos são liames de amor que lhes
granjeiam proteção mais extensa do Mundo
Maior. (PÁG. 14)
14. Arraigada nas
vidas passadas de todos os que a compõem, a família terrestre é formada de
agentes diversos, porquanto nela se reencontram, comumente, afetos e desafetos,
amigos e inimigos, para os ajustes e reajustes indispensáveis, ante as leis do
destino. (PÁG. 14)
15. Temos, pois, no
instituto doméstico uma organização de origem divina, em cujo seio encontramos
os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação do
Mundo Melhor. (PÁG. 15)
Namoro
16. Esclarece “O
Livro dos Espíritos”, item 291, que os Espíritos votam-se afeições particulares
recíprocas, tal como se dá entre os homens, sendo, porém, mais forte o laço que
prende os Espíritos uns aos outros, uma vez desembaraçados do corpo material,
porque então esse laço não se acha exposto às vicissitudes das paixões. (PÁG.
17)
17. A integração de
duas criaturas para a comunhão sexual começa habitualmente pelo período de
namoro que se traduz por suave encantamento. Dois seres descobrem, um no outro,
motivos e apelos para a entrega recíproca e daí se desenvolve o processo de
atração. (PÁG. 17)
18. Compartilham na
Terra, diariamente, as emoções de semelhantes encontros:
* Inteligências que
traçaram entre si a realização de empresas afetivas ainda no Mundo Espiritual.
* Criaturas que já
partilharam experiências no campo sexual em estâncias passadas.
* Corações que se
acumpliciaram em delinqüência passional, noutras eras.
* Almas inesperadamente
harmonizadas na complementação magnética. (PÁG. 18)
19. Positivada a
simpatia mútua, é chegado o momento do raciocínio. Acontece, porém, que é ainda
diminuta, no Planeta, a percentagem de pessoas habilitadas a pensar em termos
de auto-análise, quando o instinto sexual se lhes derrama do ser. (PÁG. 18)
20. Imperioso anotar,
em muitos lances da caminhada evolutiva do Espírito, a influência exercida
pelas inteligências desencarnadas no jogo afetivo. Referimo-nos aos parceiros
das existências passadas, ou, mais claramente, aos Espíritos que se
corporificarão no futuro lar e cuja atuação, em muitos casos, pesa no ânimo dos
namorados, inclinando afeições pacificamente raciocinadas para casamentos
súbitos ou compromissos na paternidade e na maternidade. (PÁGS. 18 e 19)
21. Esses namorados
matriculam-se, então, na escola de laboriosas responsabilidades, porque a
doação de si mesmos à comunhão sexual, em regime de prazer sem ponderação, não
os exonera dos vínculos cármicos para com
os seres que trazem à luz do mundo, em cuja floração, se é verdade que
recolherão trabalho e sacrifício, obterão também valiosa colheita de
experiência e ensinamento para o futuro, se compreenderem que a vida paga em
amor a todos aqueles que lhe recebem com
amor as justas exigências para a execução dos seus objetivos essenciais. (PÁG. 19)
Ambiente doméstico
22. Refere “O
Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. V, item 11, que freqüentemente o
Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações
com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. “Se
reconhecesse nelas as a quem odiara –
registra a referida obra –, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no
íntimo.” (PÁG. 21) –
23. No lar
encontramos a escola viva da alma. O Espírito, quando retorna ao Plano Físico,
vê nos pais as primeiras imagens de Deus e da Vida. Na tépida estrutura do
ninho doméstico, germinam-lhe no ser os primeiros pensamentos e as primeiras
esperanças. (PÁG. 22)
24. Não lhe será,
porém, tão fácil seguir adiante com os ideais da meninice, de vez que,
habitualmente, a equipe familiar se aglutina segundo os desastres sentimentais
das existências passadas, debitando-se aos seus componentes os distúrbios da
afeição possessiva, a se traduzirem por ternura descontrolada e ódio manifesto,
ou simpatia e aversão simultâneas. (PÁG. 22)
25. Pais imaturos, do
ponto de vista espiritual, comumente se infantilizam, no tempo exato do
trabalho mais grave que lhes compete, no setor educativo, e, ao invés de
guiarem os pequeninos com segurança para o êxito em seu novo desenvolvimento no
estágio da reencarnação, embaraçam-lhes os problemas, ora tratando as crianças
como se fossem adultos, ora tratando os filhos adultos como se fossem crianças.
(PÁG. 22)
26. Estabelecido o
desequilíbrio no lar, irrompem os conflitos de ciúme e rebeldia, narcisismo e
crueldade, que asfixiam as plantas da compreensão e da alegria na gleba
caseira, transformando-a em espinheiral magnético de vibrações contraditórias,
no qual os enigmas emocionais, trazidos do passado, adquirem feição quase
insolúvel. (PÁGS. 22 e 23)
27. Decorre daí a
importância dos conhecimentos alusivos à reencarnação, nas bases da família,
para que o lar não se converta, de bendita escola que é, em pouso neurótico,
albergando moléstias mentais dificilmente reversíveis. (PÁG. 23)
Energia sexual
28. A energia sexual,
como recurso da lei de atração, é inerente à própria vida, gerando cargas
magnéticas em todos os seres, à face das potencialidades criativas de que se
reveste. (PÁG. 25)
29. Nos seres
primitivos, e em todas as criaturas que se demoram voluntariamente no nível dos
brutos, a descarga de semelhante energia opera-se inconsideradamente, fato que
lhes custa resultados angustiosos a lhes lastrearem longo tempo de fixação em
existências menos felizes, para que todos aprendamos que ninguém abusa de
alguém sem carrear prejuízo a si mesmo. (PÁGS. 25 e 26)
30. À medida que o
indivíduo evolui, passa a compreender que a energia sexual envolve o impositivo
do discernimento e da responsabilidade em sua aplicação, e que, por isso mesmo,
deve estar controlada por valores morais que garantam o seu emprego digno, seja
na procriação, asseguradora da família, ou na criação de obras beneméritas da
sensibilidade e da cultura, com vistas à evolução e ao burilamento da vida no
Planeta. (PÁG. 26)
31. Através da
poligamia, o Espírito assinala a si próprio longa marcha em existências
sucessivas de reparação e aprendizagem, em cujo transcurso adquire a necessária
disciplina do seu mundo emotivo. Fatigado de experimentos dolorosos, em que
recolhe o fruto amargo da delinqüência ou do desespero que haja estabelecido
nos outros, reconhece, enfim, na monogamia o caminho certo de suas
manifestações afetivas, identificando na criatura que se lhe afina com os
propósitos e aspirações o parceiro ou a parceira ideais para a comunhão sexual,
suscetível de lhe granjear o preciso equilíbrio. (PÁG. 26)
32. Em nenhum caso nos será lícito subestimar a importância da
energia sexual que, na essência, verte da Criação Divina para a constituição e
sustentação de todas as criaturas. Criatura alguma, no plano da razão, se
utilizará dela, nas relações com outra criatura, sem conseqüências felizes ou
infelizes, construtivas ou destrutivas, conforme a orientação que se lhe dê.
(PÁG. 27)
Compromisso afetivo
33. Tal como a
guerra, que semeia terror e morticínio entre as nações, a afeição erradamente
orientada, através do compromisso escarnecido, cobre o mundo de vítimas. (PÁG.
29)
34. Os conflitos do
sexo e os problemas do equilíbrio emotivo, que faceamos hoje na Terra, são na
verdade os de todos os tempos, na vida do planeta. As Leis do Universo esperar-nos-ão pelos
milênios afora, mas terminarão por se inscreverem, a caracteres de luz, em
nossas próprias consciências. (PÁG. 30)
35. Essas Leis
determinam amemos aos outros qual nos amamos. Para que não sejamos mutilados
psíquicos, urge não mutilar o próximo. (PÁG. 30)
36. Toda vez que
determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo
nesse sentido, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a
dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de
reciprocidade. (PÁG. 30)
37. Quando um dos
parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na
sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em
que esse compromisso venha a ser efetuado. Criada a ruptura no sistema de
permuta das cargas magnéticas de manutenção, de alma para alma, o parceiro
prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores, entra em pânico, sem
que se lhe possa prever o descontrole
que, muitas vezes, raia na delinqüência. (PÁGS. 30 e 31)
38. Tais resultados
da imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que partilhará das
conseqüências desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao caminho a
sementeira partilhada de conflitos e frustrações que carreará para o futuro.
(PÁG. 31)
Casamento
39. Ensina “O Livro
dos Espíritos”, item 695, que a união permanente de dois seres não contraria a
lei natural, mas, ao contrário, constitui um progresso na marcha da Humanidade.
(PÁG. 33)
40. O casamento ou a
união permanente de dois seres implica, obviamente, o regime de vivência pelo
qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua. Essa
união reflete as Leis Divinas que permitem seja dado um esposo para uma esposa,
um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração, na criação
de valores para a vida. (PÁG. 33)
41. É imperioso,
porém, que a ligação se baseie na responsabilidade recíproca, visto que na
comunhão sexual um ser humano se entrega a outro ser humano e, por isso, não
deve haver qualquer desconsideração entre si. (PÁGS. 33 e 34)
42. Quando as
obrigações mútuas não são respeitadas no ajuste, a comunhão sexual injuriada ou
interrompida costuma gerar dolorosas repercussões na consciência, estabelecendo
problemas cármicos de solução por vezes muito difícil, porquanto ninguém fere
alguém sem ferir a si mesmo. (PÁG. 34)
43. Nos Planos
Superiores, o liame entre dois seres é espontâneo, composto em vínculos de
afinidade inelutável. Na Terra do futuro, as ligações afetivas obedecerão a
idêntico princípio e, por antecipação, milhares de criaturas já desfrutam no
próprio estágio da encarnação dessas uniões ideais, em que se jungem
psiquicamente uma à outra, sem necessidade de permuta sexual, mais
profundamente considerada, a fim de se apoiarem mutuamente na formação de obras
preciosas, na esfera do espírito. (PÁG. 34)
44. Ocorre, porém,
que milhões de almas jazem no Planeta, arraigadas a débitos escabrosos perante
a lei de causa e efeito e, ainda inclinadas ao desequilíbrio e ao abuso, exigem
severos estatutos humanos para a regulação das trocas sexuais que lhes dizem
respeito, de modo a que não se tornem salteadores impunes na construção do mundo moral. São esses débitos contraídos
por legiões de companheiros da Humanidade que determinam a existência de
milhões de uniões supostamente infelizes, nas quais a reparação de faltas passadas
confere a numerosos ajustes sexuais o aspecto de ligações francamente
expiatórias, com base no sofrimento purificador. (PÁGS. 34 e 35)
45. É forçoso, assim,
reconhecer que não existem no mundo conjugações afetivas, sejam elas quais
forem, sem raízes nos princípios cármicos, nos quais as nossas
responsabilidades são esposadas em comum. (PÁG. 35)
Divórcio
46. Partindo do
princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o divórcio, a rigor,
não deve ser facilitado entre as criaturas, porquanto é aí, nos laços
matrimoniais, que se operam burilamentos e reconciliações endereçados à precisa
sublimação da alma. (PÁG. 37)
47. A Sabedoria
Divina, contudo, jamais institui princípios de violência, e o Espírito, embora
em muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de
interromper, recusar, modificar, discutir
ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos compromissos que abraça.
(PÁG. 38)
48. Em muitos lances
da experiência, é a própria individualidade, na vida do Espírito, antes da
reencarnação, que assinala a si mesma o casamento difícil que faceará na
estância física, chamando a si o parceiro ou a parceira de existências
pretéritas para os ajustes que lhe pacificarão a consciência, à vista de erros
perpetrados em outras épocas. (PÁG. 38)
49. Reconduzida à
vida terrestre e assumida a união esponsalícia que atraiu a si mesma, a
criatura humana vê-se, muitas vezes, desencorajada à face dos empeços que lhe
surgem à frente. Por vezes, o companheiro ou a companheira voltam à prática da
crueldade de outro tempo, seja através do menosprezo, do desrespeito, da
violência ou da deslealdade, e o cônjuge prejudicado nem sempre encontra
recursos em si para se sobrepor aos processos de dilapidação moral de que é
vítima. (PÁG. 38)
50. Compelidos, muita
vez, às últimas fronteiras da resistência, é natural que o esposo ou a esposa,
relegado a sofrimento indébito, se valha do divórcio por medida extrema contra
o suicídio, o homicídio ou calamidades diversas que lhe complicariam ainda mais
o destino. Em tais momentos da vida, a separação surge à maneira de bênção
necessária e o cônjuge prejudicado encontra no tribunal da própria consciência
o apoio moral da auto-aprovação para renovar o caminho que lhe diga respeito,
acolhendo ou não nova companhia para a jornada humana. (PÁGS. 38 e 39)
51. Obviamente, não
nos é lícito estimular o divórcio em tempo algum, competindo-nos apenas, nesse
sentido, reconfortar e reanimar os irmãos em lide, nos casamentos provacionais,
a fim de que se sobreponham às próprias suscetibilidades e aflições, vencendo
as duras etapas de regeneração ou expiação que rogaram antes do renascimento,
em auxílio de si mesmos. (PÁG. 39)
52. É justo, contudo,
reconhecer que a escravidão não vem de Deus e que ninguém possui o direito de
torturar ninguém, à face das leis eternas. O divórcio, pois, baseado em razões
justas, é providência humana e claramente compreensível nos processos de
evolução pacífica. (PÁG. 39)
União infeliz
53. Informam os
Espíritos superiores (L.E., item 167) que o fim objetivado por Deus com a
reencarnação é: expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. “Sem isto,
onde a justiça?” (PÁG. 41)
54. Sem dúvida, é
dolorosa a união considerada menos feliz
e, claro, não existe obrigatoriedade para que alguém suporte, a
contragosto, a truculência ou o peso de alguém, visto que todo Espírito é livre
no pensamento para definir-se quanto às próprias resoluções. (PÁG. 41)
55. Os débitos que
abraçamos são anotados na Contabilidade da Vida; todavia, antes que a vida os
registe por fora, grava em nós mesmos, em toda a extensão, o montante e os
característicos de nossas faltas. (PÁGS. 41 e 42)
56. A pedra que
atiramos no próximo talvez não volte sobre nós em forma de pedra, mas permanece
conosco na figura de sofrimento e, enquanto não se remove a causa da angústia,
os efeitos dela perduram sempre, tanto quanto não se extingue a moléstia, em
definitivo, se não a eliminamos na origem do mal. (PÁG. 42)
57. Nas ligações
terrenas encontramos as grandes alegrias; no entanto, é também dentro delas que
somos habitualmente defrontados pelas mais duras provações. (PÁG. 42)
58. A existência
física é processo específico de evolução, mas, da mesma maneira que o aluno
nenhuma vantagem obterá da escola se não passa dos ornamentos exteriores do
educandário em que estuda, o Espírito encarnado nenhum proveito recolherá do
casamento, caso pretenda imobilizar-se no êxtase do noivado. (PÁG. 42)
59. Os princípios
cármicos desenovelam-se com as horas. Provas, tentações, crises salvadoras ou
situações expiatórias surgem na ocasião exata, na ordem em que se nos
recapitulam oportunidades e experiências, qual ocorre à semente que,
devidamente plantada, oferece o fruto em tempo certo. (PÁGS. 42 e 43)
60. O matrimônio pode
ser precedido de doçura e esperança, mas isso não impede que os dias subsequentes,
em sua marcha incessante, tragam aos cônjuges os resultados das próprias
criações que deixaram para trás. A jovem suave que hoje nos fascina em muitos casos
será talvez amanhã a mulher transformada, capaz de impor-nos dificuldades
enormes para a consecução da felicidade. Essa mesma jovem foi, no entanto, em
existências já transcorridas, a vítima de nós mesmos, quando lhe infligimos os
golpes de nossa própria deslealdade, convertendo-a na mulher temperamental ou
infiel, que nos cabe agora relevar e retificar. (PÁG. 43)
61. O rapaz distinto
que atrai no presente a companheira será, muitas vezes, provavelmente, o homem
cruel e desorientado, suscetível de constrangê-la a carregar todo um calvário
de aflições. Esse rapaz foi, porém, no passado, em existências que já se foram,
a vítima dela própria, quando, desregrada ou caprichosa, lhe desfigurou o
caráter, transformando-o no homem vicioso ou fingido, que lhe compete tolerar e
reeducar. (PÁGS. 43 e 44)
62. Toda vez que
amamos alguém e nos entregamos a esse alguém, no ajuste sexual, ansiando por
não nos desligarmos desse alguém, para depois – somente depois – surpreender
nele defeitos e nódoas que antes não víamos, estamos à frente de criatura
anteriormente dilapidada por nós, a ferir-nos justamente nos pontos em que a
prejudicamos, no passado, não só a cobrar-nos o pagamento de contas certas,
mas, sobretudo, a esmolar-nos compreensão e assistência, tolerância e
misericórdia, para que se refaça ante as leis do destino. (PÁG. 44)
63. A união
supostamente infeliz deixa de ser, portanto, um cárcere de lágrimas para ser um
educandário bendito, onde o Espírito equilibrado e afetuoso, longe de abraçar a
deserção, aceita o companheiro ou a companheira que mereceu ou de que
necessita, a fim de quitar-se com os princípios de causa e efeito, liberando-se
das sombras de ontem para elevar-se, em silenciosa vitória sobre si mesmo, para
os domínios da luz. (PÁG. 44)
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