Obra:
VIDA E SEXO
Emmanuel, FEB, 1971,
2a edição
Adultério e prostituição
150. Ao dizer à
multidão, reportando-se à mulher flagrada em adultério: “Atire-lhe a primeira
pedra aquele que estiver isento de pecado”, Jesus fez da indulgência um dever
para nós todos, porque não há ninguém que não necessite de indulgência. A
sentença de Jesus ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros,
do que nos julgamos a nós mesmos. “Antes de profligarmos a alguém uma falta –
propõe-nos o Espiritismo –, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.”
(PÁG. 93)
151. No rol das
defecções, deserções, fraquezas e delitos do mundo, os problemas afetivos se
mostram de tal modo encravados no ser humano que, provavelmente, nenhuma pessoa
da Terra haja escapado, em suas múltiplas existências, aos chamados “erros de
amor”. (PÁGS. 93 e 94)
152. Desses embates
multimilenares restam, ainda, por feridas sangrentas no organismo social, o
adultério, que será classificado, no futuro, na patologia das doenças da alma,
extinguindo-se, por fim, com remédio adequado, e a prostituição, que reúne em
si homens e mulheres que se entregam às relações sexuais, mediante paga. (PÁG.
94)
153. O lenocínio de
hoje, embora situado fora da lei, é o herdeiro dos bordéis autorizados em
muitas regiões. (PÁG. 95)
154. Na Grécia e na
Roma antigas, os estabelecimentos dessa natureza eram constantemente nutridos
por levas de jovens mulheres orientais, direta ou indiretamente adquiridas, à
feição de alimárias, para misteres de aluguel. E tantos foram os desvarios dos
Espíritos em evolução no planeta – entre os quais poucos de nós não nos achamos
incluídos – que Jesus, personalizando na mulher sofredora a família humana,
pronunciou a inesquecível sentença, convocando os homens, supostamente puros em
matéria de sexualidade, a lançarem sobre a companheira infeliz a primeira
pedra. (PÁG. 95)
155. Quando cada
criatura for respeitada em seu foro íntimo, para que o amor se consagre por
vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo, os
conceitos de adultério e prostituição se farão distanciados do cotidiano, de
vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura
afetiva não terá razão de ser. (PÁGS. 95 e 96)
Abstinência e celibato
156. O celibato
voluntário, conforme esclarecem os itens 698 e 699 de “O Livro dos Espíritos”,
nem sempre agrada a Deus. Quando, porém, a criatura adota o celibato com o
objetivo de se dedicar, de modo mais completo, ao serviço da Humanidade, a
situação se altera, porque todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito
para o bem. “Quanto maior o sacrifício, tanto maior o mérito”, asseveram os
imortais. (PÁG. 97)
157. Os que consigam
abster-se da comunhão afetiva, com o fim de se fazerem mais úteis ao próximo,
decerto que traçam a si mesmos escaladas mais rápidas aos cimos do
aperfeiçoamento. (PÁG. 98)
158. Agindo assim,
por amor, a serviço dos semelhantes, eles convertem a existência, sem ligações
sexuais, em caminho de acesso à sublimação, ambientando-se em diferentes climas
de criatividade, porquanto a energia sexual neles não estancou o próprio fluxo
– essa energia simplesmente se canaliza para outros objetivos, os de natureza
espiritual. (PÁG. 98)
159. Abstinência e
celibato, seja por decisão súbita do homem ou da mulher, interessados em educar
os próprios impulsos, seja por deliberação assumida, antes do renascimento na
esfera física, em obediência a fins específicos, não contam indiferença e nem
anestesia do sentimento. (PÁGS. 99 e 100)
160. Constituem, sim,
tentames louváveis do ser – experiências de caráter transitório –, nos quais a
fome de alimento afetivo se lhes transforma no imo do coração em fogo
purificador, acrisolando-lhes as tendências ou transfigurando essas mesmas
tendências em clima de produção do bem comum, através do qual, pela doação de
uma vida, se efetua o apoio espiritual ou a iluminação de inúmeras outras.
(PÁG. 100)
Carga erótica
161. Aprendemos no
Espiritismo que o homem deve amar a sua alma, mas cuidar também de seu corpo.
“Desatender às necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei
de Deus”, ensina a lição contida no item 11 do cap. XVII de “O Evangelho
segundo o Espiritismo”. “Sereis, porventura, mais perfeitos se, martirizando o
corpo, não vos tornardes menos egoístas, nem menos orgulhosos e mais
caritativos para com o vosso próximo?
Não, a perfeição não está nisso, está toda nas reformas por que fizerdes passar
o vosso Espírito. Dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortificai-o: esse o meio
de o tornardes dócil à vontade de Deus e o único de alcançardes a perfeição.”
(PÁGS. 101 e 102)
162. O instinto
sexual, exprimindo amor em expansão incessante, nasce nas profundezas da vida,
orientando os processos da evolução. Toda criatura consciente traz consigo,
devidamente estratificada, a herança incomensurável das experiências sexuais,
vividas nos reinos inferiores da Natureza. (PÁG. 102)
163. Depreende-se
disso que toda criatura na Terra transporta em si mesma determinada taxa de
carga erótica, de que, em verdade, não se libertará unicamente ao preço de
palavras e votos brilhantes, mas à custa de experiência e trabalho, de vez que
instintos e paixões são energias e estados inerentes à alma de cada um, que as
leis da Criação não destroem e sim auxiliam cada pessoa a transformar e elevar,
no rumo da perfeição. (PÁG. 103)
164. É fácil
entender, portanto, que do erotismo, como fator de magnetismo sexual humano, na
romagem terrestre, não partilham tão-somente as inteligências que já se
angelizaram, em minoria absoluta no Plano Físico, e os irmãos da Humanidade
internados provisoriamente nas celas da idiotia. (PÁG. 103)
165. Os Espíritos
sublimados se atraem uns aos outros por laços de amor considerado divino, por
enquanto inabordáveis a nós que ainda compartilhamos das tendências e aspirações,
dificuldades e provas do gênero humano. Quanto aos companheiros temporariamente
bloqueados por cérebros deficientes, atravessam períodos mais ou menos longos
de silêncio emocional, destinados a reparações e reajustes, quase sempre
solicitados por eles mesmos. (PÁG. 103)
166. Assim, toda
criatura humana carreia consigo determinada carga de impulsos eróticos, que ela
mesma aprende, gradativamente, a orientar para o bem e a valorizar para a vida.
Não nos achamos, diante do sexo, à frente de um despenhadeiro para as trevas,
mas sim perante a fonte viva das energias em que a Sabedoria do Universo situou
o laboratório das formas físicas e a usina dos estímulos espirituais mais
intensos para a execução das tarefas que esposamos, visando ao progresso dos
homens. (PÁG. 104)
167. Cada homem e
cada mulher que ainda não se angelizou ou que não se encontre em processo de
bloqueio das possibilidades criativas, no corpo ou na alma, traz,
evidentemente, maior ou menor percentagem de anseios sexuais, a se expressarem
por sede de apoio afetivo, e é claramente, nas lavras da experiência, errando e
acertando e tornando a errar para acertar com mais segurança, que cada um de
nós conseguirá sublimar os sentimentos que nos são próprios, de modo a
erguer-nos em definitivo para a conquista da felicidade celeste e do Amor
Universal. (PÁG. 104)
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