quarta-feira, 26 de outubro de 2016

VIDA E SEXO Emmanuel, PARTE 4/5

Estudo – Parte 4/5
Obra:
VIDA E SEXO 
Emmanuel, FEB, 1971, 2a edição

Adultério e prostituição
         150. Ao dizer à multidão, reportando-se à mulher flagrada em adultério: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado”, Jesus fez da indulgência um dever para nós todos, porque não há ninguém que não necessite de indulgência. A sentença de Jesus ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos. “Antes de profligarmos a alguém uma falta – propõe-nos o Espiritismo –, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.” (PÁG. 93)
         151. No rol das defecções, deserções, fraquezas e delitos do mundo, os problemas afetivos se mostram de tal modo encravados no ser humano que, provavelmente, nenhuma pessoa da Terra haja escapado, em suas múltiplas existências, aos chamados “erros de amor”. (PÁGS. 93 e 94)
         152. Desses embates multimilenares restam, ainda, por feridas sangrentas no organismo social, o adultério, que será classificado, no futuro, na patologia das doenças da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado, e a prostituição, que reúne em si homens e mulheres que se entregam às relações sexuais, mediante paga. (PÁG. 94)
         153. O lenocínio de hoje, embora situado fora da lei, é o herdeiro dos bordéis autorizados em muitas regiões. (PÁG. 95)
         154. Na Grécia e na Roma antigas, os estabelecimentos dessa natureza eram constantemente nutridos por levas de jovens mulheres orientais, direta ou indiretamente adquiridas, à feição de alimárias, para misteres de aluguel. E tantos foram os desvarios dos Espíritos em evolução no planeta – entre os quais poucos de nós não nos achamos incluídos – que Jesus, personalizando na mulher sofredora a família humana, pronunciou a inesquecível sentença, convocando os homens, supostamente puros em matéria de sexualidade, a lançarem sobre a companheira infeliz a primeira pedra. (PÁG. 95)
         155. Quando cada criatura for respeitada em seu foro íntimo, para que o amor se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo, os conceitos de adultério e prostituição se farão distanciados do cotidiano, de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva não terá razão de ser. (PÁGS. 95 e 96)

Abstinência e celibato
         156. O celibato voluntário, conforme esclarecem os itens 698 e 699 de “O Livro dos Espíritos”, nem sempre agrada a Deus. Quando, porém, a criatura adota o celibato com o objetivo de se dedicar, de modo mais completo, ao serviço da Humanidade, a situação se altera, porque todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem. “Quanto maior o sacrifício, tanto maior o mérito”, asseveram os imortais. (PÁG. 97)
         157. Os que consigam abster-se da comunhão afetiva, com o fim de se fazerem mais úteis ao próximo, decerto que traçam a si mesmos escaladas mais rápidas aos cimos do aperfeiçoamento. (PÁG. 98)
         158. Agindo assim, por amor, a serviço dos semelhantes, eles convertem a existência, sem ligações sexuais, em caminho de acesso à sublimação, ambientando-se em diferentes climas de criatividade, porquanto a energia sexual neles não estancou o próprio fluxo – essa energia simplesmente se canaliza para outros objetivos, os de natureza espiritual. (PÁG. 98)
         159. Abstinência e celibato, seja por decisão súbita do homem ou da mulher, interessados em educar os próprios impulsos, seja por deliberação assumida, antes do renascimento na esfera física, em obediência a fins específicos, não contam indiferença e nem anestesia do sentimento. (PÁGS. 99 e 100)
         160. Constituem, sim, tentames louváveis do ser – experiências de caráter transitório –, nos quais a fome de alimento afetivo se lhes transforma no imo do coração em fogo purificador, acrisolando-lhes as tendências ou transfigurando essas mesmas tendências em clima de produção do bem comum, através do qual, pela doação de uma vida, se efetua o apoio espiritual ou a iluminação de inúmeras outras. (PÁG. 100)

Carga erótica
         161. Aprendemos no Espiritismo que o homem deve amar a sua alma, mas cuidar também de seu corpo. “Desatender às necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de Deus”, ensina a lição contida no item 11 do cap. XVII de “O Evangelho segundo o Espiritismo”. “Sereis, porventura, mais perfeitos se, martirizando o corpo, não vos tornardes menos egoístas, nem menos orgulhosos e mais caritativos para com  o vosso próximo? Não, a perfeição não está nisso, está toda nas reformas por que fizerdes passar o vosso Espírito. Dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortificai-o: esse o meio de o tornardes dócil à vontade de Deus e o único de alcançardes a perfeição.” (PÁGS. 101 e 102)
         162. O instinto sexual, exprimindo amor em expansão incessante, nasce nas profundezas da vida, orientando os processos da evolução. Toda criatura consciente traz consigo, devidamente estratificada, a herança incomensurável das experiências sexuais, vividas nos reinos inferiores da Natureza. (PÁG. 102)
         163. Depreende-se disso que toda criatura na Terra transporta em si mesma determinada taxa de carga erótica, de que, em verdade, não se libertará unicamente ao preço de palavras e votos brilhantes, mas à custa de experiência e trabalho, de vez que instintos e paixões são energias e estados inerentes à alma de cada um, que as leis da Criação não destroem e sim auxiliam cada pessoa a transformar e elevar, no rumo da perfeição. (PÁG. 103)
         164. É fácil entender, portanto, que do erotismo, como fator de magnetismo sexual humano, na romagem terrestre, não partilham tão-somente as inteligências que já se angelizaram, em minoria absoluta no Plano Físico, e os irmãos da Humanidade internados provisoriamente nas celas da idiotia. (PÁG. 103)
         165. Os Espíritos sublimados se atraem uns aos outros por laços de amor considerado divino, por enquanto inabordáveis a nós que ainda compartilhamos das tendências e aspirações, dificuldades e provas do gênero humano. Quanto aos companheiros temporariamente bloqueados por cérebros deficientes, atravessam períodos mais ou menos longos de silêncio emocional, destinados a reparações e reajustes, quase sempre solicitados por eles mesmos. (PÁG. 103)
         166. Assim, toda criatura humana carreia consigo determinada carga de impulsos eróticos, que ela mesma aprende, gradativamente, a orientar para o bem e a valorizar para a vida. Não nos achamos, diante do sexo, à frente de um despenhadeiro para as trevas, mas sim perante a fonte viva das energias em que a Sabedoria do Universo situou o laboratório das formas físicas e a usina dos estímulos espirituais mais intensos para a execução das tarefas que esposamos, visando ao progresso dos homens. (PÁG. 104)

         167. Cada homem e cada mulher que ainda não se angelizou ou que não se encontre em processo de bloqueio das possibilidades criativas, no corpo ou na alma, traz, evidentemente, maior ou menor percentagem de anseios sexuais, a se expressarem por sede de apoio afetivo, e é claramente, nas lavras da experiência, errando e acertando e tornando a errar para acertar com mais segurança, que cada um de nós conseguirá sublimar os sentimentos que nos são próprios, de modo a erguer-nos em definitivo para a conquista da felicidade celeste e do Amor Universal. (PÁG. 104)

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