Nosso Estudo terá base com
as informações trazidas pelo Espírito Ramatís
FISIOLOGIA DA ALMA - Psicografia de
Hercílio Maes
PARTE 7/8
PERGUNTA: — Podeis
dar-nos algum exemplo mais objetivo de que a criatura humana é sempre
beneficiada, mesmo quando submetida à mais terrível prova cármica?
RAMATIS: — Suponde, para
exemplo, um espírito encarnado num corpo físico com paralisia total dos seus
membros inferiores. Isso para ele é um mal porque, devido ao efeito cármico que
lhe tolhe os movimentos das pernas, deixa de participar a contento do curso da vida
transitória do mundo material. No entanto, em tal caso, a ação restritiva da
Lei não tem por objetivo fazê-lo expiar de modo doloroso os seus erros do
pretérito, mas apenas desenvolver-lhe um melhor senso diretivo dos seus passos
futuros. Se o impede de participar ativamente das movimentações comuns da vida
física e o manieta pela paralisia, assim o faz para obrigá-lo a uma existência
mais introspectiva e ao constante esforço reflexivo que também lhe apura o psiquismo.
A paralisia ou
deformidade que o junge a uma cadeira de rodas ou leito de sofrimento não só o
obriga a uma vida mais psíquica, como o afasta das paixões perigosas e das
ilusões que vicejam nos caminhos do trânsito fácil da matéria. O paralítico,
então, pode melhor desenvolver os bens do espírito e instruir-se mais
facilmente, pois bem menores são as suas necessidades materiais e também
sobeja-lhe maior cota de tempo para compensar os prejuízos do pretérito. O que pode
parecer punição ou expiação espiritual, para as criaturas ignorantes do sentido
criador e da recuperação cármica da alma, nesse
caso não passa de
retificação da onda da vida, que estava desarmonizada com a consciência do ser.
Da mesma forma, quando se
represa o curso dos rios, não se o faz para castigá-los, mas apenas para que do
acúmulo de suas águas resulte maior força para a usina benfeitora. Assim,
quando muitas vezes a Lei do Carma, ajustando o efeito à causa correspondente, represa
a liberdade do espírito e o paralisa no ergástulo de carne retificador, não o
faz com o fito de qualquer desforra divina, mas apenas para corrigir o desvio
psíquico perigoso e reconduzir a alma novamente ao seu curso venturoso.
PERGUNTA: — Mas é
evidente que o sofrimento humano ainda é um acontecimento que muitas vezes
abate o espírito de tal modo que, provavelmente, não o compensa dos seus
equívocos passados e ainda pode torná-lo mais refratário à lição de retificação
espiritual! Que dizeis?
RAMATIS: — A enfermidade
física é apenas um efeito contensivo e transitório, que tanto ajusta o
energismo espiritual negligente no pretérito, como também se torna o meio pelo
qual o espírito expurga os venenos psíquicos que lhe impedem a diafanização do
perispírito.
Como o homem é o produto
do seu pensamento e, portanto, se converte naquilo que pensa, também termina
plastificando as linhas sadias e o vigor energético para os seus corpos
futuros, quando se habitua a só cultivar as expressões de harmonia que
fundamentam a intimidade angélica de toda criatura. O poder mental, cujo
domínio é tão apregoado pelos teósofos, iogues e esoteristas, quando é exercido
de modo positivo e sensato, caldeia sadiamente a personalidade futura, porque é
força ilimitada que atua no mundo oculto das causas dinâmicas do espírito
criador.
Daí verificar-se que,
mesmo a criatura mais deserdada na vida física, ainda pode servir-se de sua
vontade e atuar na origem ou na essência de sua vida imortal, usando de força
mental positiva para desatar as algemas da infelicidade, ou sobrepujar em
espírito os próprios efeitos cármicos do seu passado delituoso. Então é a
própria lei cármica que passa a ser dirigida pelo espírito em prova, e que inteligentemente
procura ajustar-se ao curso exato e evolutivo da vida espiritual, integrando-se
ao ritmo natural de seu progresso; ele abstém-se de resistir ao impulso sábio
que lhe vem do mundo oculto do espírito e harmoniza-se paciente e confiante aos
objetivos do Criador.
O vosso mundo apresenta
muitíssimos exemplos de almas resignadas e heróicas que, em lugar de se
entregarem à rebeldia ou desalento irremediável, têm superado os mais atrozes
padecimentos e correções cármicas, quando outros menos desfavorecidos deixam-se
aniquilar sob o queixume insuportável e ainda criam avultados melodramas ante
os sofrimentos mais singelos. As criaturas confiantes no sentido educativo da
vida humana não só extraem as mais vigorosas energias da própria dor, como
ainda superam o seu sofrimento acerbo e produzem obras e trabalhos notáveis.
Richelieu dominava um reino, malgrado a sua atroz e incurável furunculose; Dostoievski,
apesar de epiléptico, escreveu as mais profundas obras de introspecção humana;
Chopin, um tísico, presenteou o mundo com as mais sensíveis melodias; Maharshi,
apesar do câncer do braço, com sua bondade santificou até o local onde vivia, e
Cervantes, um deserdado, ofertou ao mundo a sátira genial do Don Quixote!
Inúmeras outras
criaturas, sem braços, sem pernas, paralíticas, cegas, deformadas ou
epilépticas realizam tarefas tão gigantescas, que servem de diretrizes morais e
mensagens definitivas comprovando a vitória do espírito sobre a matéria. Helena
Kelier, surda, muda e cega,
ainda encarnada no vosso
mundo, é um testemunho eloqüente de que o espírito, mesmo quando soterrado na
mais sombria masmorra de carne e privado dos seus principais sentidos de
relação com o mundo exterior, ainda consegue comprovar a sua imortalidade, a
sua glória e o poder criador! Em verdade, essas criaturas, embora cumpram os efeitos
cármicos dolorosos, gerados no passado, também mobilizam poderosos recursos
existentes no âmago de todo espírito e, em vez de se entregarem ao desespero,
fazem de suas enfermidades admiráveis poemas de heroísmo e superação
espiritual. Suas vidas então servem como um enérgico protesto contra aqueles
que, embora sadios de corpo, ainda vivem mergulhados no mais triste pessimismo
destruidor,
rebelando-se irascivelmente
contra os princípios superiores do espírito imortal!
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