664.
Será útil que oremos pelos mortos e pelos Espíritos sofredores? E, neste caso,
como lhes podem as nossas preces proporcionar alívio e abreviar os sofrimentos?
Têm elas o poder de abrandar a justiça de Deus?
"A
prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma por quem
se ora experimenta alívio, porque recebe assim um testemunho do interesse que
inspira àquele que por ela pede e também porque o desgraçado sente sempre um
refrigério, quando encontra almas caridosas que se compadecem de suas dores.
Por outro lado, mediante a prece, aquele que ora concita o desgraçado ao
arrependimento e ao desejo de fazer o que é necessário para ser feliz. Neste
sentido é que se lhe pode abreviar a pena, se, por sua parte, ele secunda a
prece com a boa-vontade. O desejo de melhorar-se, despertado pela prece, atrai
para junto do Espírito sofredor Espíritos melhores, que o vão esclarecer,
consolar e dar-lhe esperanças. Jesus orava pelas ovelhas desgarradas,
mostrando-vos, desse modo, que culpados vos tornaríeis, se não fizésseis o
mesmo pelos que mais necessitam das vossas preces."
665. Que
se deve pensar da opinião dos que rejeitam a prece em favor dos mortos, por não
se achar prescrita no Evangelho?
"Aos
homens disse o Cristo: Amai-vos uns aos outros. Esta recomendação contém a de
empregar o homem todos os meios possíveis para testemunhar aos outros homens
afeição, sem haver entrado em minúcias quanto à maneira de atingir ele esse
fim. Se é certo que nada pode fazer que o Criador, imagem da justiça perfeita,
deixe de aplicá-la a todas as ações do Espírito, não menos certo é que a prece
que lhe dirigis por aquele que vos inspira afeição constitui, para este, um
testemunho de que dele vos lembrais, testemunho que forçosamente contribuirá
para lhe suavizar os sofrimentos e consolá-lo. Desde que ele manifeste o mais
ligeiro arrependimento, mas só então, é socorrido. Nunca, porém, será deixado
na ignorância de que uma alma simpática com ele se ocupou. Ao contrário, será
deixado na doce crença de que a intercessão dessa alma lhe foi útil. Daí
resulta necessariamente, de sua parte, um sentimento de gratidão e afeto pelo
que lhe deu essa prova de amizade ou de piedade. Em conseqüência, crescerá num
e noutro, reciprocamente, o amor que o Cristo recomendava aos homens. Ambos,
pois, se fizeram assim obedientes à lei de amor e de união de todos os seres,
lei divina, de que resultará a unidade, objetivo e finalidade do
Espírito."
666.
Pode-se orar aos Espíritos?
"Pode-se
orar aos bons Espíritos, como sendo os mensageiros de Deus e os executores de
Suas vontades. O poder deles, porém, está em relação com a superioridade que
tenham alcançado e dimana sempre do Senhor de todas as coisas, sem cuja
permissão nada se faz. Eis por que as preces que se lhes dirigem só são
eficazes, se bem aceitas por Deus."
KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos. 76.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1995.
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