Contrapondo-se à onda crescente da loucura que irrompe
avassaladora de toda parte, e domina, penetrando os lares e os destroçando, o
Evangelho de Jesus, hoje como no passado, abre larga faixa para a esperança,
facultando a visão de um futuro promissor onde os desassossegos do coração não
terão ensejo de medrar.
A par da lascívia e do moderno comércio do erotismo, que
consomem as mais elevadas aspirações humanas na Indústria da devassidão, as
se-mentes luminosas da Boa Nova, plantadas na intimidade do conjunto familiar, desdobram-se
em embriões de amor que enriquecem os espíritos de paz, recuperando os homens
portadores das enfermidades espirituais de longo curso e medicando-os com as
dádivas da saúde.
Enquanto campeia a caça desassisada aos estupefacientes e
barbitúricos a os narcóticos e aos excessos do sexo em desalinho, a mensagem do
Reino de Deus cada semana, na família, representa placebo valioso que consegue recompor
das distonias psíquicas aquêles que jazem anestesiados sob o jugo de forças
ultrizes e vingadoras de existências pretéritas.
Há mais enfermos no mundo do que se supõe que existam. Isto
porque, no
reduto familiar raramente fecundam a conversação edificante, o
entendimento fraterno, a tolerância geral, o amor desinteressado... Vinculados
por
compromissos vigorosos para a própria evolução, os espíritos
reencarnam-se no mesmo grupo cromossomático, endividados entre si, para o
necessário reajustamento, trazendo nos refolhos da memória espiritual as
recordações traumáticas e as lembranças nefastas, deixando-se arrastar,
invariàvelmente, a complexos processos de obsessão recíproca, graças ao ódio
mantido, às animosidades conservadas e nutridas com as altas contribuições da
rebeldia e da violência.
Em razão disso, o desrespeito grassa, a revolta se instala, a
indiferença insiste e a aversão assoma...
A família, em tais circunstâncias, se transforma em palco de
tragédias sucessivas, quando não se faz aduana de traições e desídias...
Estimulando os desajustes que se encontram inatos nos grupos da consangüinidade,
a hodierna técnica da comunicação malsã tem conspirado poderosamente contra a
paz do lar e a felicidade dos homens.
Cristo, porém, quando se adentra pelo portal do lar, modifica a
paisagem espiritual do recinto.
As cargas de vibrações deletérias, os miasmas da intolerância,
os tóxicos nauseantes da ira, as palavras azedas vão rareando, ao suave-doce
contágio do Seu amor e se modificam as expressões da desarmonia e do desconforto,
produzindo natural condição de entendimento, de alegria, de refazimento.
Cristo no lar significa comunhão da esperança com o amor.
A Sua presença produz sinais evidentes de paz, e aqueles que
antes experimentavam repulsa pelo ajuntamento doméstico descobrem sintomas de identificação,
necessidade de auxílio mútuo.
Com Jesus em casa acendem-se as claridades para o futuro, a
iluminar as sombras que campeiam desde agora.
Abre o "livro da vida" e medita nos "ditos do
Senhor" pelo menos uma vez na semana, entre aquêles que vivem contigo em
conúbio familiar. Mergulha a mente nas suas lições, embriaga o espírito na
esperança, sorve a água lustral da "fonte viva" generosa e abundante,
esquece os painéis tumultuados que são habituais e marcha na direção da alegria.
Se não consegues a companhia dos que te repartem a
consangüinidade para tal ministério, não desfaleças. Faze-o, assim mesmo.
Se assomam óbices inesperados não descoroçoes, insistindo, ainda
assim. Se surprêsas infelizes conspiram à hora do teu encontro semanal com Ele,
não desesperes e retoma as tentativas, perseverando...
Quando Cristo penetra a alma do discípulo, refá-la, quando
visita a família em prece, sustenta-a.
Faze do teu lar um santuário onde se possa aspirar o aroma da
felicidade e fruir o néctar da paz.
Sob o dossel das estrêlas, no passado, o Senhor, enquanto
conosco, instaurou nos lares humildes dos discípulos o convívio da prece, da
palestra edificante, inaugurando a era da convivência pacífica, da discussão
produtiva, do intercâmbio com o Mundo Excelso...
Abrindo-lhe o lar uma vez que seja, em cada sete dias,
experimentarás com Ele a inexcedível ventura de aprender a amar para bem servir
e crescer para a liberdade que nos alçará além e acima das próprias limitações,
integrando-nos na família universal em nome do Amor de Nosso Pai.
"Senhor, não sou digno de que entres em minha casa".
(Mateus: capítulo 8º, versículo 8.)
"Um dia, Deus, em sua inesgotável caridade, permitiu que o homem
visse a verdade varar as trevas. Esse dia foi o do advento do Cristo. Depois da
luz viva, voltaram as trevas. Após alternativas de verdade e obscuridade, o
mundo novamente se perdia. Então, semelhantemente aos profetas do Antigo
Testamento, os Espíritos se puseram a falar e a adverti-los, O mundo está
abalado em seus fundamentos; reboar o trovão. Sêde firmes!"
(Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 1º - Item 10.)
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 3.
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