Nosso Estudo terá base com as informações
trazidas pelo pelos mestres de luz Sr. Ogum Beira Mar, Pai Benedito de Aruanda,
Li-Mahi-An-Seri yê, Seiman Hamiser yê e Mestre Anaanda .
"O Código de Umbanda" – psicografada
por Rubens Saraceni.
PARTE 8
O Médium de Umbanda
O médium de Umbanda, ainda que muitos não o valorize, é o ponto
chave do ritual de Umbanda no plano material.
E por sê-lo, deve merecer dos filhos de Fé já maduros (iniciados) toda
atenção, carinho e respeito quando adentram no espaço interno das tendas, pois
é mais um filho da Umbanda que é "dado" à luz. E tal como quando a
generosa mãe dá à luz mais um filho, onde tanto o pai quanto os irmãos se
acercam do recém-nascido e o cobrem de bênçãos, amor, carinho e... compreensão
para com seus choros, o novo filho de Fé ainda é uma criança que veio à luz e
precisa de amparo e todos os cuidados devido à sua ainda frágil constituição
íntima e emocional.
Do lado espiritual, todo o apoio lhe é dado, pois nós, os espíritos
guias deles, sabemos que este é o período em que mais frágil se sente um ser
que traz a mediunidade.
Para um médium iniciante, este é um momento único em sua vida, e também
um período de transição, onde todos os seus valores religiosos anteriores de
nada lhe valem, pois outros valores lhe estão sendo apresentados.
Para todos os seres humanos este é um período extremamente delicado
em suas vidas. E não são poucos os médiuns que se decepcionam com a falta de
compreensão para com sua fragilidade diante do novo e do ainda desconhecido.
É tão comum uma pessoa dotada de forte mediunidade e de grandes medos,
ser vista como "fraca" de cabeça pelos já "tarimbados" médiuns.
Mas estes não param para pensar um pouco no que realmente incomoda o novo irmão
e, com isto, o Ritual de Umbanda Sagrada vê mais um dos seus recém-nascidos
filhos perecer na maior angustia, e socorre-se a outros rituais que primam pela
ignorância do mundo espiritual e sufocam nos seus fieis, seus mais elementares
dons naturais.
Muitos apregoam que tantos e tantos brasileiros são umbandista, e
que isto demonstra o vigor da religião umbandista. Mas, infelizmente, isto não
é verdade, e só serve para diminuir o que poderia ser uma grande verdade.
Vários milhões de brasileiros já assumiram suas mediunidades por completo
e são médiuns praticantes, que incorporam regularmente seus guias dentro das
tendas onde trabalham, ou nas suas reuniões mais intimas em suas próprias
casas.
Mas alguns milhões de filhos de Fé com um potencial mediúnico magnífico
já foram perdidos para outros rituais, porque os diretores das tendas não deram
a devida atenção ao "fator médium" do ritual de Umbanda, assim como
não atentaram para o fato de que aqueles que lhes são apresentados pelos guias
zeladores dos novos médiuns, se lhes são enviados, o são pelo próprio espírito universal
e universalista que anima a Umbanda Sagrada, e que é o seu espírito religioso,
que no lado espiritual tem meios sutis de atuar sobre um filho de Fé, mas no
lado material depende fundamentalmente dos pais e mães no Santo, animadores
materiais desse corpo invisível, mas ativo e totalmente religioso.
É tão comum vermos médiuns já "iniciados" que não tem a
menor noção da existência desse corpo religioso umbandista que se move através
do plasma universal que é Deus, é fé e é religiosidade. "Eu sou filho de tal
orixá...", e pronto! Sua fé acaba a partir daí, e sua ligação com este
plasma divinizado numa religião fica restrito a isto: "Eu sou filho de tal
orixá".
Incorpora seus guias, estes trabalham, e maravilhosamente, pois
estão em comunhão total com este espírito ativo que é o corpo religioso umbandista,
corpo este que assume a forma de orixás ou de seus pontos de forças, mas que
não deixam de irradiar essa energia divina chamada "Fé".
O ritual é aberto a todas as manifestações, mas o lado material (médiuns)
tem de ser esclarecido de que as manifestações só acontecem por causa desse
espírito religioso invisível conhecido por Ritual de Umbanda Sagrada, e que
fora dele não há manifestações, mas tão somente possessões espirituais.
É este espírito invisível que sustenta todas as manifestações,
quando em nome da Umbanda Sagrada são realizados.
Houve um tempo em que os orixás foram sincretizados com santos católicos,
pois aí a concretização do ritual aconteceria. As imagens
"mascaravam" a verdade oculta e as perseguições religiosas, políticas
e policiais foram abrandadas.
Mas, atualmente, isto já não é preciso como meio de expansão da Umbanda
Sagrada. Hoje já existe liberdade suficiente para que todos digam abertamente:
"Sou um filho de Fé, sou um filho de Umbanda!".
Mas para que isso possa ser realmente dito, é chegado o tempo de a Umbanda
deixar de perder seus filhos recém-nascidos para religiões que ainda recorrem a
princípios medievais, quando não obscurantistas.
Há de ser criada uma forte linha de fé doutrinadora dos sentimentos
religiosos dos filhos de Fé, pois só assim a Umbanda Sagrada sairá do interior
das tendas e dos lares e abarcará, num movimento abrangente e envolvedor, os
milhões de irmãos que afluem às tendas ou aos médiuns à procura de uma palavra
de consolo, conforto ou esclarecimento.
É chegado o momento de todos os médiuns, diretores espirituais, dirigentes
espirituais e pais e mães no Santo, imprimirem aos seus trabalhos mais uma
vertente da Umbanda Sagrada: a doutrinação dos irmãos e irmãs que afluem às
tendas nos dias de trabalho.
É preciso uma conscientização dos pais e mães no Santo de que os necessitados,
os aflitos, os carentes afluirão não só às tendas de Umbanda, mas também a
todas as outras portas abertas onde há uma promessa, um vislumbre de socorro
imediato. Mas só aquelas portas que, a par do socorro imediato, oferecerem uma
luz para toda a vida, alcançarão seu real objetivo, pois a par do imediato
também oferecem o bem duradouro, que é a fé forte numa religião. E a Umbanda
Sagrada é uma religião! Por isso ela tem de sair das tendas e conquistar
corações dos que a
ela afluem nos dias de trabalho, e conquistar o respeito e a confiança
de todos os cidadãos no seu trabalho de doutrinação e salvação de almas.
Nós temos acompanhado com carinho e atenção os irmãos umbandistas
que têm oferecido a maior parte de suas vidas a esta necessidade da religião
umbandista – abençoados sãos estes verdadeiros filhos de Umbanda, mas temos
acompanhado a vida de todos os pais e mães no Santo e temos visto que bloqueiam
a si próprios e às suas potencialidades doutrinadoras dentro da Umbanda
Sagrada, quando limitam a si e sua religião aos trabalhos dentro de suas
tendas, quando os seus guias incorporam e trabalham.
Limitam-se só a isto e limitam à própria religião umbandista, pois não
concedem a si próprios as qualidades que seus orixás lhes mostram que são
possuidores. Muitos filhos de Fé, movidos de nobres e dignificantes intenções,
buscam nas línguas a explicação do termo "Umbanda". Alguns chegam a
mergulhar no passado ancestral em busca do real significado desta palavra.
Nada a opor de nossa parte, mas melhor fariam e mais louvável aos olhos
dos orixás seriam seus esforços, caso já tivessem atinado com o real e
verdadeiro sentido do termo "Umbanda".
Umbanda significa: o sacerdócio em si mesmo, na m'banda, no médium que
sabe lidar tanto com os espíritos quanto com a natureza humana.
Umbanda é o portador das qualidades, atributos e atribuições que
lhe são conferidas pelos Senhores da natureza; os orixás! Umbanda é o veiculo
de comunicação entre os espíritos e os encarnados, e só um Umbanda está apto a
incorporar tanto os do Alto, quanto os do Embaixo, assim como os do Meio, pois
ele é, em si mesmo, um templo.
· Umbanda é sinônimo de poder ativo.
· Umbanda é sinônimo de curador.
· Umbanda é sinônimo de conselheiro.
· Umbanda é sinônimo de intermediador.
· Umbanda é sinônimo de filho de Fé.
· Umbanda é sinônimo de sacerdote.
· Umbanda é a religiosidade do religioso.
Umbanda é o veiculo, pois trazem em si os dons naturais, pelos
quais os encantados da natureza falam aos espíritos humanos encarnados.
Umbanda é o sacerdote atuante, que traz em si todos os recursos dos
templos de tijolo, pedras ou concreto armado.
Umbanda é o mais belo dos templos, onde Deus mais aprecia ser manifestado,
ou mesmo onde mais aprecia estar: no intimo do ser humano.
Umbandas foram os primeiros espíritos dos sacerdotes, que aos
poucos foram criando para si, no intimo dos médiuns filhos de Santo já preparados
para recebe-los, uma linha tão poderosa, mas tão poderosa que realizavam curas
milagrosas nos freqüentadores dos terreiros de "macumba".
Umbandas eram os caboclos índios que dominavam os quiumbas e libertavam
os espíritos encarnados de obsessores vingativos e perseguidores.
Umbandas eram os pretos-velhos que baixavam nas "mesas
brancas" e faziam revelações que não só deixavam admirados quem os ouviam,
mas encantavam também.
Umbandas eram os exus e pombas-giras brincalhões, debochados e francos,
tanto quanto os encarnados, pois falavam a estes de igual para igual, e com
isso iam rompendo o temor dos filhos de Santo para com seus "santos".
Umbanda era o inicio do rompimento da casca grossa da rituália de culto
aos eguns (os sacerdotes) já no outro lado da vida.
Umbanda o sacerdócio; embanda, o chefe do culto; Umbanda, o ritual aberto
do culto dos ancestrais.
Umbanda, onde na banda do "Um", mais um todos nós somos,
pois tudo o que nos cerca, através de nós pode se manifestar.
Umbanda, na banda do "Um" , um todos são e sempre serão,
desde que limpem seus templos íntimos dos tabus a respeitos dos orixás e os absorvam
através da luz divina que irradiam seus mistérios. Daí em diante, serão todos
"mais um", plenos portadores dos mistérios dos orixás.
Na Umbanda, o médium não é esvaziado, mas tão somente enriquecido
com a riqueza espiritual de todos os orixás.
Umbanda provém de "m'banda", o sacerdote, o curador. Umbanda
é sacerdócio na mais completa acepção da palavra, pois coloca o médium na
posição de "doador" das qualidades de seus orixás, que impossibilitados
de falarem diretamente ao povo, falam a partir de seus templos humanos: os
filhos de Fé!
Despertem para esta verdade, pais e mês de Santo! Olhem para todos
os que chegam até vocês, não como seres perturbados, mas sim como irmãos em
Oxalá que desejam dar "passagem" às forças da natureza que lhes chegam,
mas encontram seus templos (mediunidade) ocupados por escolhos inculcados
neles, através de séculos e séculos que estiveram afastados de seus ancestrais
orixás. Não inculquem mais escolhos dizendo a eles que tem orixá brigando pela
cabeça deles, ou que exu está cobrando alguma coisa.
Tratem os filhos que Olorum, o Incriado, lhes envia com o mesmo
amor, carinho e cuidados que devotam a seus filhos encarnados.
Cuidem deles; transmitam a eles amor aos orixás, pois orixá é o
amor do Criador às Suas criaturas.
Ensinem-lhes que, na lei de Oxalá, ninguém é superior a ninguém,
pois na banda do "Um", mais um todos são.
Mostrem-lhes que orixá é um santo, mas é mais do que isso: orixá é
a natureza divina se manifestando de forma humana, para os espíritos humanos.
Não percam tempo tentando contar lendas do tempo de cativeiro,
quando irmãos de cultos diferentes, raças diferentes e formações as mais diversas
possíveis, eram reunidos numa só senzala e evitavam a mistura dos orixás com
medo de perderem seus últimos vestígios humanos: seus "santos"de
cabeça e de fé. O tempo da escravidão já é passado e Umbanda é liberdade de
manifestação dos orixás através dos seus veículos naturais; os médiuns.
Ensinem-lhes que, se estão aptos a incorporarem o "seu"
pai de cabeça, também estão aptos a serem as moradas de todos os outros
"pais", pois orixá é antes de qualquer coisa e acima de tudo, isto:
senhora da cabeça. é senhor da coroa luminosa que paira em torno do mental
purificado do filho de Fé já liberto dos escolhos que o mantinham acorrentado e
escravizado a tabus e dogmas religiosos, que antes de tudo visavam impedi-lo de
ser mais um na banda do "Um", e mantê-lo na eterna dependência da
vontade dos carnais senhores dos cultos ao Criador, onde um é o pastor e os
restantes, só rebanho, ovelhas mesmo!
Digam que na banda do "Um", o rebanho é composto só de
pastores, pois "Umbanda" é sacerdócio.
Esclareçam ao filho recém-chegado que se sente incomodado, que isto
não é nada ruim, pois há todo um santuário aprisionado em seu intimo que está
tentando explodir através de sua mediunidade magnífica.
Conversem demoradamente com ele e procurem mostrar-lhe que Umbanda não
é a panacéia para todos os males do corpo e da matéria, mas sim o aflorar da
espiritualização sufocada por milênios e milênios de ignorância e descaso para
com as coisas do espírito.
Expliquem que pode fazer o que quiser com seu corpo material, mas deve
preservar sua coroa (cabeça), pois é nela que a luz dos orixás lhe chega e o
liberta dos vícios da carne e do materialismo brutal.
Ensinem-lhe que, como templos, deve manter limpo seu íntimo, pois nesse
íntimo há uma centelha divina animada pelo fogo divino que a tudo purifica, e
que o purificará sempre que entregar sua coroa ao seu orixá. Instrua-os com seu
mentor guia chefe, irmãos e irmãs (pais e mães de Santo).
Estabeleçam um dia da semana ou do mês dedicado exclusivamente a um
guia doutrinador que lhe falará da Umbanda a partir da visão mais acurada desta
religião, em que os fiéis são mais que fiéis: são "meios" onde toda
uma gama magnífica de seres de altíssima evolução se manifestam como humildes
pretos-velhos, garbosos mas amáveis caboclos, inocentes crianças ou humanos
exus e pombas-giras.
Sim porque nós conhecemos irmãos exus que possuem muito mais luz do
que vocês imaginam. E se preferem atuar como exus, é porque assim, bem humanos,
chegam mais rápido até onde desejam: aos consulentes sofredores e veículos de
espíritos sofredores afins.
Ensinem aos médiuns que eles trazem consigo mesmo todo um templo já
santificado e que nele se assentam os orixás sagrados. E que através desse
templo muitas vozes podem falar, e serem ouvidas pois Umbanda provem de
Embanda: sacerdote!
E o médium é um sacerdote, um embanda, um Umbanda, ou mais um na banda
do um, a Umbanda!
Nenhum comentário:
Postar um comentário