As crianças que representam a Força Sagrada (que tambem chamamos
Orixá) de Yori ou Ibeiji, são espíritos que já estiveram encarnados na Terra e
que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de
caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria,
foram espíritos que desencarnaram com pouca idade (terrena), por isso trazem
características de sua última encarnação, como o trejeito e a fala de criança,
o gosto por brinquedos e doces. Mas tambem há muitos que na sua última
encarnação foram médicos, hindus, sacerdotes, magos e magas, e que optaram, na
espiritualidade seguir e trabalhar nesta vibração.
São ligados a tudo que se inicia e nasce: a nascente de um rio, o
nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc. Pode-se considerar
que a Ibejada é o novo, a força pura e primordial. Considera-se que foram
gerados a partir de Xangô e de Oxum, o Fogo e o Amor. Assim, não substime o
poder de Ibeiji, pois é pleno de Axé e virtudes!
Lembrar as crianças da Umbanda é aprender a ver tudo o que é bom e
belo que existe. Aprender a valorizar o sorriso de uma criança, o canto dos
pássaros, a felicidade das coisas simples.
Eles trabalham magísticamente junto aos pretos velhos, e caboclos e
mesmo exus (através dos erês e exus mirim), indo a todos os lugares, e tendo a
autorização suprema de Oxalá para atuarem onde for preciso, levando seu Amor e
sua Luz. Não haverá tristeza que elas não consigam dissipar e não haverá
maldade que não seja pulverizada sob a sua presença.
Não é conveniente prometer algo a uma criança de Umbanda se não for
cumprir. Em geral a pessoa é cobrada com brincadeiras que a deixem
constrangida, pois a questão aí é seriedade com o que se compromete.
Estes espíritos encaram o consulente de frente e falam todas as
verdades com clareza cristalina, o que tem de bom e os defeitos, o que precisa
ser consertado, e se o pedido é válido ou não. Mas são amorosos, e com extrema
capacidade de compreender e perdoar, e com seu jeito brincalhão conseguem se
fazer compreender e superar as naturais barreiras que a pessoa às vezes possui
por orgulho proprio, ou falta de maturidade, e assim conseguem ensinar e
esclarecer com facilidade muitas questões. Ou simplesmente declaram que aquilo
não é da alçada do conhecimento da pessoa, ou que ainda não é a hora para eles
saberem.
Alguns consideram que certos espíritos que se manifestam na gira da
Ibejada são encantados, isto é espíritos de outra dimensão que ainda não
encarnaram na Terra, não tendo natureza humana. Sua dimensão tem muitos pontos
de ligação com a vibração humana, mas são entes puríssimos, que muitas vezes
nem entendem as atitudes torpes dos adultos deste planeta. São ligados aos
elementos. Os que representam o elemento fogo são mais levados, espoletas; os
do elemento ar são brincalhões e irrequietos; os do elemento água são chorosos
e birrentos e os representantes do elemento terra são sisudos.
“Yori” significa “A Potência em Ação da Luz Reinante”. Essa
vibração traz o significado de crescimento através do aprendizado contínuo, a
busca da verdade, da sinceridade, junto de um profundo senso de fraternidade
pura.
Nos cultos africanos, os Ibeijis são considerados como os próprios
Xangô e Oxum crianças. Significam os opostos que caminham juntos, a dualidade
de todo ser humano. Mostram que a justiça só pode ser feita se ambos os lados
forem pesados. Eles podem desmanchar qualquer trabalho, mas o que eles fazem
nenhum Orixá desfaz.
Nas festas de Ibeiji, que tiveram origem na Lei do Ventre Livre,
desde aquela época até nossos dias, são servidos `s crianças um “aluá” ou água
com açucar ( ou a “água de bolinha” , o refrigerante), bem como o caruru, nas
Nações e Candomblé.
Cosme e Damião, sincretizados na Umbanda e cultos Africanos, e
considerados os espíritos da hierarquia máxima da Linha de Yori ou Ibeiji,
foram martirizados na Síria. Seu nome de batismo era Acta e Passio, e exerciam
a medicina gratuitamente. Perseguidos por Diocleciano, diz a história que eram
originários da Arábia, filhos de pais cristãos. Há relatos que eram muito bons
e caridosos e realizavam milagres, mas foram considerados feiticeiros e
inimigos dos deuses de Roma. Assim foram amarrados e jogados do alto de um
despenhadeiro. Em outra versão, foram queimados mas o fogo não lhes causou
dano, apedrejados, não foram atingidos, e por fim, morreram degolados. Após sua
morte, por volta de 300d.C. , surgiu a lenda que auxiliavam crianças em perigo
ou que sofressem violência.
No Brasil, em 1530,
a igreja de Igarassu, em Pernambuco, consagrou Cosme e
Damião como padroeiros, e sua festa é realizada no dia 27 de setembro.
Padroeiros dos farmacêuticos, médicos, barbeiros e cabeleireiros, São Cosme e
Damião protege as crianças, os orfanatos, creches, as doceiras, filhos em casa,
além de proteger das doenças como hérnia e a peste. Os emblemas dos santos são
caixa com ungüentos, frasco de remédios, folha de palmeira.Tanto as igrejas
como os templos umbandistas e candoblecistas e de nação enfeitam-se e festejam
estes santos no seu dia.
Na região Sudeste é hábitual a distribuição de saquinhos com doces
para as crianças, mas no Nordeste desde a véspera a movimentação todas é em
torno da finalização do preparo de caruru, vatapá, muito camarão seco, leite de
coco, azeite, milho branco, feijão preto, feijão fradinho, ximxim de galinha, arroz
branco, farofa de mel, banana da terra frita, amendoim assado, coco seco
cortado em tirinhas, inhame, abóbora, batata doce, pipoca, rapadura, cana
cortada, acarajé, abará e ovo em rodelas.
Uma lenda da Ibejada
Existiam num reino dois pequenos príncipes gêmeos que traziam sorte
a todos. Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles; em troca, pediam
doces balas e brinquedos.
Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia, brincando
próximos a uma cachoeira, um deles caiu no rio e morreu afogado. Todos do reino
ficaram muito tristes pela morte do príncipe.
O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de comer e vivia
chorando de saudades do seu irmão, pedia sempre a Orumilá que o levasse para
perto do irmão. Sensibilizado pelo pedido, Orumilá resolveu levá-lo para se
encontrar com o irmão no céu, deixando na terra duas imagens de barro. Desde
então, todos que precisam de ajuda deixam oferendas aos pés dessas imagens para
ter seus pedidos atendidos.
Algumas características da
Ibejada
Cor: Rosa e azul (branco, colorido)
Ervas: jasmim, alecrim, rosa
Símbolo: Gêmeos
Pontos da Natureza: Jardins, praias, cachoeiras, matas…
Dia da Semana: Domingo
Saudação: Oni Beijada
Bebida: Guaraná (Suco de frutas, água de coco, água com mel, água
com açúcar, caldo de cana)
Comidas: Caruru, doces e frutas.
Data Comemorativa: 27 de Setembro
Sincretismo: São Cosme e São Damião
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