quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

AMOR acaba? Continua? Como? Quando?



Alma gêmea da minh’alma,
Flor de luz da minha vida,
Sublime estrela caída
Das belezas da amplidão! (…)

És meu tesouro infinito,
Juro-te eterna aliança,
Porque sou tua esperança,
Como és todo o meu amor!
(Emmanuel, Há dois mil anos, Chico Xavier)

Hoje não falaremos sobre o amor universal, exemplificado por Jesus, intuído e desejado para o futuro da humanidade; analisaremos o amor entre duas almas, o que nos liga especialmente a uma pessoa.
Das definições de Amor que encontramos, a que parece estar mais de acordo com as necessidades deste estudo é:

Amor é o sentimento que indica a viva afeição
que nos impele para a pessoa
que é objeto dos nossos desejos,
numa clara inclinação da alma e do coração.

O verdadeiro amor, portanto, é aquele que sente afeição profunda, nos inclinando para uma pessoa em especial, com a qual a alma e o coração desejam compartilhar do mesmo ar, experiências e momentos. Qualquer desejo de posse, desconfiança, medo, ou exclusivamente sensual que haja no sentimento, demonstra que o amor está mesclado de paixão – ainda não se sublimou.

O AMOR ULTRAPASSA A MORTE?

Sim, o verdadeiro amor (paixão NÃO é amor) é laço incorruptível que transcende a morte. A morte é o fim da vida orgânica, nada mais que um desatar dos nós que prendem o princípio inteligente (alma) ao corpo material. Com a morte, o que somos, sentimos e pensamos permanece vivo, até mais intenso, pois já não está ofuscado pela matéria. Sendo assim, os sentimentos permanecem vivos.




HÁ VÍNCULOS DE AMOR NAS REENCARNAÇÕES E NA ETERNIDADE?

Se a alma é imortal e o amor transcende a morte, fácil é conceber que os vínculos de amor alimentado nas diversas encarnações, continuam existindo tanto na erraticidade (período vivido na espiritualidade, entre as encarnações) quanto durante a encarnação. Na vida espiritual o sentimento é pleno, consciente, sabemos quem é alvo de nosso afeto e dedicação, embora não deixemos de amar fraternalmente, infinitos outros espíritos que caminham conosco.

EXISTEM ALMAS GÊMEAS?

Não existem almas gêmeas no sentido popularmente utilizado, ou seja, duas metades que eternamente necessitam uma da outra para completar-se, que se procuram incessantemente, infelizes uma sem a outra, e sendo uma fatalidade estarem juntas um dia. Deus fez cada espírito inteiro, indivisível. No entanto podemos entender como sendo almas gêmeas, as almas que caminham juntas na imortalidade, encarnam próximas, conhecem-se, ajudam-se, compartilham, e aprendem a amar-se de forma especial. Uma e outra são inteiras, embora se amem e procurem ajudar-se. Este amor não as faz olvidar o amor fraterno e universal que todos sentiremos um dia, por toda a humanidade.

AS ALMAS QUE SE AMAM, SE ENCONTRAM EM OUTRAS VIDAS?

Havendo continuidade da vida na espiritualidade, a única permanente, e havendo a condição positiva do espírito levar consigo suas aquisições morais, de conhecimento e sentimentais, o amor que sentem é como imã que os atrai aos objetos de seu afeto, tanto na encarnação quanto na espiritualidade. A vida espiritual é de atividade construtiva, as almas que se amam procuram estudar e trabalhar juntas, ajudam-se no crescimento mútuo, os mais adiantados auxiliam os que se perderam temporariamente no caminho. Muitas encarnam juntas; outras optam por seguir o afeto que encarnou, em espírito, como “anjo de guarda”. O certo é que não se esquecem, e procuram estar por perto para mutuamente apoiarem-se.

É POSSÍVEL RECONHECER UM AMOR DE VIDAS PASSADAS?

Na espiritualidade o sentimento é claro, de uma força e suavidade que mostram o que existe entre os espíritos que o sentem. Tanto mais fácil perceber este elo afetivo, quanto mais desenvolvido moral e espiritualmente é o espírito. Já durante a encarnação, há uma limitação imposta pelo esquecimento do passado, uma vantagem que Deus nos proporcionou para que o livre-arbítrio fosse pleno em nós. Quando encarnamos esquecemos do passado, e deixamos adormecidas lembranças e sentimentos. Se duas almas que se amam se encontram, talvez não venham a perceber imediatamente a importância real de uma na vida da outra, mas sentirão empatia, simpatia ímpar e profunda, o que as faz pender para a pessoa que acabaram de conhecer na nova encarnação. O reconhecimento de um amor de milênios pode ser forte e imediato, mas em geral, para nos facilitar a vida, surge doce e suave, lenta e profundamente.

O QUE FAZER QUANDO SE REENCONTRAM COM DESTINOS JÁ DEFINIDOS?

O fato de duas almas gêmeas – no sentido que expusemos, de terem aprendido a amar-se e que se procuram para continuar juntas sua jornada – encontrarem-se na encarnação, não significa necessariamente que devam ficar juntas, enquanto a experiência terrena estiver em andamento. Há reencontros que acontecem para que formem família, exemplifiquem o sentimento, evoluindo e dando, uma à outra, força nas provas, expiações e missões que vieram cumprir. É bem comum também que afetos verdadeiros não se encontrem, que estejam, cada um, vivendo experiências com outras almas, de modo a ampliar os laços do amor fraternal. Neste caso, costumam aliviar a saudade através de visitas em espírito (sonhos).
Há ainda outra possibilidade, em geral prova bem difícil por exigir o mais amplo sentimento de resignação, coragem e amor ao próximo: duas almas encontrarem-se, reconhecerem-se, amarem-se e não poderem ficar juntas porque já estão comprometidas com outras pessoas e famílias.

Imaginemos…

Duas almas aprendem a se amar; almas gêmeas que se tornam, escolhem experiências que irão fazê-las evoluir. Espíritos ainda em progresso, possuem defeitos morais que estão trabalhando nas existências. Nascem juntas, separadas, na mesma família, em outras, entre amigos ou inimigos. Entre tantas vidas, numa optam por temporariamente (o que são os anos de uma encarnação perante a imortalidade?) por encarnarem separadas. Casam-se com outras pessoas, formam famílias. Mas um dia encontram-se. Reconhecem-se. O amor ressurge. Seus compromissos espirituais são logo esquecidos, desejam-se. Eles deveriam resistir à tentação de trair, de abandonar os companheiros, os filhos, os compromissos, construindo falsa felicidade sobre lágrimas alheias. No entanto cedem. Traem, abandonam, fogem… não importa. Querem ser felizes e isso lhes basta. É o EGOÍSMO e a falta de fé no futuro, que lhes dirige a ação.
Mas não há real felicidade senão a conquistada no direito e na justiça. Se vencerem a tentação de fazer o que citamos, terão no futuro o mérito de estar uma com a outra. Se se deixam arrastar pelas paixões, estarão fadadas a novos afastamentos, lições dolorosas.

Escolhem esta experiência porque a visão que têm na espiritualidade é diferente da limitada visão da encarnação. Melhor abrir temporariamente mão da presença amada, já que o afeto não se esvai na ausência, do que abrir mão de estarem juntos em várias vidas e seus intervalos. Sendo o egoísmo o único motivador (e não o amor) da escolha de ficarem juntos a qualquer preço, constrói-se sólido castelo sobre a areia das ilusões. Fatalmente ele desmoronará, e será preciso reconstruí-lo.


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