quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O Porquê das Mortes Coletivas?



As grandes comoções que ocorrem na nossa sociedade material trazem sempre enormes indagações e dúvidas por parte de pessoas que ainda não adquiriram conhecimentos das verdades evangélicas a respeito da Lei de Causa e Efeito e das vidas sucessivas. Segundo ainda ensinamentos Evangélicos, “não caí uma só folha da árvore sem que Deus saiba” e, com toda certeza, as “mortes coletivas” não foram obras do acaso, mas sim, todas estavam cadastradas nos anais da espiritualidade para participarem dessas desencarnações coletivas.

Muitos desses fatos são consequências de Leis Naturais, ou juridicamente chamadas de “casos fortuitos”, como maremotos, terremotos, erupções de vulcões, etc., porém, outros ocorrem por acidentes ou desastres, que são provocados pelo próprio Homem, como por exemplo, acidentes aéreos, marítimos, ferroviários e, hoje em dia, até por ato terrorista. Ora esses fatos acontecem sem serem provocados por Deus, mas, em ambos os tipos de ocorrências, há a influência do ser humano, direta ou indiretamente. No primeiro caso, apesar de ser um fato natural, físico, corrobora a influência inferior da Humanidade. No segundo caso, pela imprudência do próprio homem.

Essas ocorrências, chamadas catastróficas, que ocorrem em grupos de pessoas, em família inteira, em toda uma cidade ou até em uma nação, não são determinismo de Deus, por ter infringido Suas Leis, o que tornaria assim, em fatalismo. Não. Na realidade são determinismos assumidos na espiritualidade, pelos próprios Espíritos, antes de reencarnar, com o propósito de resgatar velhos débitos e conquistar uma maior ascensão espiritual. O Espírito André Luiz, no livro Ação e Reação, afirma esses fatos: “nós mesmos é que criamos o carma e este gera o determinismo”.
São ações praticadas no pretérito longínquo, muito graves, e por várias encarnações vamos adiando a expiação necessária e imprescindível para retirada dessa carga do Espírito, com o fim de galgar vôos mais altos. Assim, chega o momento para muitos, por não haver mais condições de protelar tal decisão, e terão que colocar a termo a etapa final da redenção pretendida perante as Leis Divinas. Dessa complexidade de fatos é que geram as chamadas “mortes coletivas”.

Os Espíritos Superiores possuem todo conhecimento prévio desses fatos supervenientes, tendo em vista as próprias determinações assumidas pelos Espíritos emaranhados na teia de suas construções infelizes, aí, providenciam equipes de socorros altamente treinadas para a assistência a esses Espíritos que darão entrada no plano espiritual. Mesmo que o desencarne coletivo ocorra identicamente para todos, a situação dos traumas e do despertar dependerá, individualmente, da evolução de cada um. Estes fatos, mais uma vez André Luiz confirma: “se os desastres são os mesmos para todos, a “morte” é diferente para cada um”.
Assim, a Previdência Divina, com sua pré-ciência, aparelha circunstâncias de hora, dia e local, para congregar aqueles que assumiram tais resgates aflitivos, e, por outro lado, os que não vão fazer parte desse processo coletivo, por um motivo ou outro, não estarão presentes.


No livro Tempo de Transição, do escritor Juvanir Borges de Souza, tiramos os seguintes ensinamentos referentes a este assunto: “...o mesmo princípio aplicável a cada indivíduo estende-se às coletividades; uma família, uma nação ou uma raça formam as individualidades coletivas; “...entidades coletivas contraem responsabilidades agindo como individualidades coletivas, respondendo seus por seus atos e pelas consequências deles; “...as expiações coletivas são os resgates de ações anteriores praticadas em conjunto pelo grupo envolvido; “...os grupos se reúnem na Terra para tarefas ou missões comuns, assim como são reunidos, para purgar faltas cometidas em conjunto, solidariamente, assim, o inocente de hoje pode estar respondendo por seus atos de ontem; “...a Providência Divina tem meios e formas para determinar os reencontros, o reinício das tarefas, os resgates, tanto no plano individual quanto no coletivo, em processos complexos que nos escapam à percepção”.

Em seguida, o preclaro escritor traz exemplos significativos, lembrando da escravatura negra no Brasil que, durante três séculos foi uma instituição oficial, uma mancha social da qual resultam efeitos morais e espirituais até em nossos dias. Recorda ainda, a Guerra do Paraguai, país de menores recursos humanos e materiais, arcou com sofrimentos e dificuldades pesadas. Entretanto, passados mais de um século desse triste acontecimento, os governos uniram-se em tratado de honra e os dois povos construíram a maior usina hidroelétrica do mundo, que proporciona enorme progresso às populações de ambos os países, com considerável vantagem para o Paraguai, uma vez que o empreendimento foi custeado na sua quase totalidade pelo povo brasileiro. Entende-se como uma espécie de ressarcimento de débito do passado, sob a forma de compreensão, cooperação e realizações positivas e justas.

Existem ainda, “mortes coletivas”, provenientes de seguidores de pessoas com alto grau de persuasão, mas de baixo senso moral, que conseguem anular sentimentos e raciocínios de pessoas despreparadas e com tendência ao materialismo, inculcando ensinamentos de salvação através de atos externos, apregoando os suicídios coletivos. Mais uma vez, recorremos das palavras sábias do escritor Amilcar Del Chiaro Filho: “Quando a pessoa se fanatiza por alguma coisa, especialmente pelas ideias religiosas, o desequilíbrio se apresenta, e o que é distorcido, desatinado, parece reto, equilibrado. Existe alguma relação com obsessores? Sim, existe. Espíritos obsessores se aproveitam das disposições dos encarnados para dominar-lhes a mente e impor-lhes a própria vontade”.

Transcrevermos ainda, palavras do Profº Waldo Lima de Valle, retiradas do seu livro, Morrer e Depois!: “mortes coletivas são provações muito dolorosas para os que ficam e também para os que partem, mas integram programas redentores do Espírito endividado perante a Lei e condição para que possam usufruir, merecidamente, as glórias da Vida Eterna (...) a dor coletiva corrige falhas mútuas, dos que partem e, também, dos que ficam”.

O Meigo Nazareno, como não poderia deixar de ser, ensina em suas “Boas Novas” a respeito dessas vítimas: “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas cousas? Não eram, eu vo-lo afirmo: se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. Ou cuidais que aqueles dezoito, sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” - Lucas 13.1-5. Isso significa que os que padecem desse drama no desencarne não são mais culpados do que outros, também habitantes deste planeta ainda inferior, pois carregamos todas dívidas e imperfeições de Espíritos que faz jus reencarnar aqui na Terra. O que precisa é o arrepender que Jesus ensina, ou seja, não mais praticarmos o mal contra nosso irmão, e praticarmos sim, a caridade para compensar o mal já efetivado em vidas passadas, para termos oportunidade de escaparmos dessas aparentes tragédias.

Para encerrarmos este assunto completamos com outra parábola de Jesus que demonstra materialmente essa verdade: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho; pode cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra? Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. Se vier dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la”. Lucas 13.6-9. Fica assim comprovado que Deus espera de nós os frutos que devemos dar pela oportunidade da reencarnação, no sentido de melhorarmos moral e espiritualmente, para não termos que expiarmos, drasticamente, nossas faltas pretéritas.




Fundação Espírita André Luiz - FEAL


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Guardiões da magia

EXÚ E 
POMBOGIRA

Exú é o eixo, aquele que movimenta, que traz a energia de viver, o guardião que te protege e te guarda das influências dos que querem te consumir.

Ao contrário do que muitos pensam, Exú não é o demônio, ou tinhoso, ou coisa ruim. Exú não é mal e nem bom, ele é o guardião da magia, o executor da justiça kármica, o intermediário entre nós e os Orixás. Assim como as Pombogiras que são o lado feminino do polo negativo que atua junto com os Exús.



O polo negativo não é o mal, mas a luz de Oxalá que atua na parte inferior, onde estão os que querem causar a discórdia entre seus filhos. Assim como os policiais que invadem a favela em busca de traficantes, são os Exús e Pombogiras atuando nas trevas e resgatando prisioneiros escravisados pelo poder inferior.


quarta-feira, 9 de novembro de 2016

PROGRAMAÇÃO REENCARNATÓRIA


O acaso não existe; a vida é causal, não casual


O que rege as nossas existências, ensina o Espiritismo, não é o acaso, mas o livre-arbítrio, uma conquista do ser humano que se desenvolve com a evolução da alma. O livre-arbítrio se exercita, no entanto, de modos diferentes quando estamos na erraticidade e quando no plano físico, assunto que Kardec elucida de forma magistral no item 872 d’ O Livro dos Espíritos.
Reportando-se ao assunto, André Luiz pede que evitemos o uso do vocábulo acaso, tanto quanto as palavras sorte e azar, porque tais termos não têm a significação que lhes atribuímos.
Depois de uma tempestade, diz o ditado popular, vem a bonança. André Luiz discorda, asseverando: “Depois da tempestade, aguarde outras”. Em compensação, em vez de afirmar que “há males que vêm para bem”, podemos dizer que “todos os males vêm para o nosso bem”.
Joanna de Ângelis confirma a tese exposta por André Luiz ao tratar dos chamados acontecimentos inesperados: “Imprevisível é a presença divina surpreendendo a infração. Insuspeitável é a interferência divina sempre vigilante. Inesperado é a ocorrência divina trabalhando pela ordem” (Alerta, cap. 3, obra psicografada por Divaldo P. Franco).

O caso do czar Alexandre – Kardec fez, na Revista Espírita de 1866, pp. 167 a 171, interessantes observações a propósito de uma tentativa de assassinato de que fora vítima o czar Alexandre da Rússia. No momento do atentado, um jovem camponês chamado Joseph Kommissaroff interveio, evitando que o crime fosse consumado.
Eis o que Kardec escreveu sobre o assunto:  1) Muitos atribuirão ao acaso o surgimento do jovem camponês na cena do crime. O acaso, porém, não existe. Como a hora do czar não havia chegado, o moço foi escolhido para impedir a realização do crime, pois as coisas que parecem efeito do acaso estavam combinadas para levar ao resultado esperado. 2) Os homens são os instrumentos inconscientes dos desígnios da Providência e é por eles que ela os realiza, sem haver necessidade de recorrer para tanto a prodígios. 3) Se o jovem Kommissaroff tivesse resistido ao impulso recebido dos Espíritos, estes se valeriam de outros meios para frustrar o crime e preservar a vida do czar. 4) Uma mosca poderia picar a mão do assassino e desviá-la do seu objetivo; uma corrente fluídica dirigida sobre seus olhos poderia ofuscá-lo e assim por diante. Mas, se tivesse soado a hora fatal para o imperador russo, nada poderia preservá-lo.
Levado o caso a uma sessão espírita realizada na casa de uma família russa residente em Paris, o Espírito de Moki, por meio do Sr. Desliens, explicou que mesmo na existência do mais ínfimo dos seres nada é deixado ao acaso: os principais acontecimentos de sua vida são determinados por sua provação; os detalhes, influenciados por seu livre arbítrio. Mas o conjunto da situação foi previsto e combinado antecipadamente por ele e por aqueles que Deus predispôs à sua guarda.

A programação reencarnatória

O livre-arbítrio quando estamos na erraticidade, ou seja, quando nos encontramos desencarnados, consiste na escolha do gênero de existência e da natureza das provas, dois itens fundamentais da chamada programação reencarnatória tão em voga em nossos dias e que a doutrina espírita esmiúça nas questões 258, 262 e 872 d’ O Livro dos Espíritos.
Duas únicas exceções à tese da escolha são referidas pelos Espíritos Superiores. A primeira, quando o Espírito em sua origem não tem experiência suficiente para exercê-la. A segunda, quando, por sua inferioridade ou má-vontade, não está apto a compreender o que lhe é mais profícuo. Deus pode, então, impor-lhe uma existência sem ouvi-lo, mas o Pai sabe esperar e não precipita jamais a expiação.
Confirmando o ensino contido na obra fundamental da doutrina espírita, Kardec consignou na Revista Espírita de 1866, pp. 182 a 188, as informações que se seguem:

I – Ao deixar a Terra, conforme as faculdades ali adquiridas, os Espíritos buscam o meio que lhes é próprio, a menos que, não podendo estar desprendidos, estejam na noite, nada vendo nem ouvindo.
II – Quando se prepara para reencarnar, o Espírito submete suas idéias às decisões do grupo a que pertence. O grupo discute o assunto, pesquisa, aconselha.
III - O Espírito pode, então, aconselhado, esclarecido, fortificado, seguir, se quiser, seu caminho, ciente de que terá na jornada terrena uma multidão de Espíritos invisíveis que não o perderão de vista e o assistirão.
IV – Cada pessoa tem no mundo uma missão a cumprir. Seja em grande escala, seja em escala menor, Deus pedirá a todos contas do óbolo que lhes foi entregue.
V – Nesse sentido, o dever dos espíritas é muito grande, porque o dom que lhes foi concedido é um dos soberanos dons de Deus. Sem se envaidecer por isto, devem os espíritas fazer todos os esforços para merecê-lo.
VI – Que ninguém reserve apenas para si esse talento, mas que o ofereça a todos os irmãos, trabalhando na seara espírita, sob a assistência dos Bons Espíritos, que jamais lhe faltará.
VII – Instruir os ignorantes, assistir os fracos, ter compaixão dos aflitos, defender os inocentes, lamentar os que estão no erro, perdoar aos inimigos – eis as virtudes que devem crescer em abundância no caminho do verdadeiro espírita.
        
O planejamento da reencarnação - A planificação para a reencarnação é quase infinita e obedece a critérios que decorrem das conquistas morais ou dos prejuízos ocasionais de cada candidato. Na generalidade, assevera Manoel P. de Miranda em Temas da Vida e da Morte, existem estabelecidos automatismos que funcionam sem maiores preocupações por parte dos técnicos em renascimento, e pelos quais a grande maioria dos Espíritos retorna à carne, assinalados pelas próprias injunções evolutivas.
Ao lado desse automatismo das leis da reencarnação, há programas e labores especializados para atendimento de finalidades específicas. Os candidatos em nível médio de evolução, antes de serem encaminhados às experiências terrenas, requerem a oportunidade, empenhando nisso os melhores propósitos e apresentando os recursos que esperam utilizar, a fim de granjear a bênção do recomeço, na bendita escola humana.
Examinados por hábeis e dedicados programadores, que recorrem a técnicas especiais de avaliação das possibilidades apresentadas, são eles submetidos a demorados treinamentos, de acordo com o serviço a empreender,  com  vistas ao bem-estar da Humanidade,  após o que são selecionados os melhores, o que reduz a margem de insucesso. Os que não são aceitos, voltam a cursos de especialização para outras atividades, especialmente de equilíbrio, com que se armam de forças para vencer as más inclinações defluentes das existências anteriores que se malograram, bem como para  a aquisição de valiosas habilidades que lhes repontarão, futuramente, no corpo como tendências e aptidões.
De acordo com a ficha pessoal do candidato, é feita, concomitantemente, pesquisa sobre aqueles que lhe podem oferecer guarida, dentro dos mapas cármicos, providenciando-se necessários encontros ou reencontros na esfera dos sonhos, ou diretamente, quando for um plano elaborado com antecedência, no qual os membros do futuro clã convivem, primeiro, na erraticidade, de onde partem já com a família adredemente estabelecida. (Angélica Reis)

A influência da lei de causa e efeito

O direito de programar a própria reencarnação nos é conferido por uma lei: a que concede aos seres humanos o livre-arbítrio, a liberdade de escolha e de conduta que Kardec estuda minuciosamente em suas obras. O livre-arbítrio sofre, porém, limitações por força de uma outra lei: a lei de causa e efeito, segundo a qual cada um de nós recebe da vida o que dá à vida, visto que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
Vê-se, pois, que o comportamento do homem afeta de maneira rigorosa a programação de sua vida. São de duas classes – adverte Manoel P. de Miranda em Temas da Vida e da Morte – as causas que influem na existência humana: as próximas, ocasionadas na encarnação presente em que a pessoa se movimenta, e as remotas, que procedem das ações pretéritas.
As causas próximas, situadas na presente existência, geram novos compromissos que, se negativos, podem ser atenuados de imediato por meio de atitudes opostas, e, se positivos, ampliados na sua aplicação. O tabagismo, o alcoolismo, a toxicomania, a sexolatria, a glutoneria, entre outros fatores dissolventes e destrutivos, são de livre opção, não incursos no processo educativo de ninguém. Aquele que se vincula a qualquer deles padecer-lhe-á, inexoravelmente, o efeito prejudicial.
O tabagismo responde por cânceres de várias procedências, na língua, na boca, na laringe, e por inúmeras afecções e enfermidades respiratórias, destacando-se o terrível enfisema pulmonar. O alcoolismo é gerador de distúrbios orgânicos e psíquicos de inomináveis conseqüências, gerando desgraças que de forma nenhuma deveriam suceder. É ele o desencadeador da loucura, da depressão ou da agressividade, na área psíquica, sendo o responsável por distúrbios gástricos, renais e, principalmente, pela irreversível cirrose hepática. (Angélica Reis)

O livre-arbítrio na existência corpórea

Feita a programação reencarnatória no estado de erraticidade, o livre-arbítrio consiste, depois que estamos encarnados, na faculdade que temos de ceder ou resistir aos arrastamentos, às tentações e às influências a que somos voluntariamente submetidos. Muitos cedem, poucos resistem. É nisso que o papel da educação e o período da infância são fundamentais ao ser humano, como Kardec adverte no item 872 d’ O Livro dos Espíritos.
         Estamos, pois, em nossa existência corpórea, sujeitos a mudanças, por força do livre-arbítrio que Deus nos outorgou. Muitos matrimônios precipitados nascem disso, porque uma pessoa pode perfeitamente envolver-se com outra pessoa, fora da sua programação reencarnatória, podendo daí até mesmo nascer filhos. O fato não significa que os filhos venham por acaso. Significa apenas que os protetores e amigos espirituais aproveitam toda oportunidade, mesmo as equivocadas, para semear o bem. O filho que nasce de uma ligação dessa natureza possui, evidentemente, ligações com um dos pais.
         Os matrimônios precipitados geralmente têm vida muito curta. A razão é simples: se nos programados existe toda uma equipe de mentores e amigos do casal ajudando para que as coisas dêem certo, nos outros nem sempre isso ocorre.
Existem ainda os casos de reprogramação, em que, para atender a uma emergência, pode ser dado novo rumo à história de uma pessoa. Exemplos disso, inúmeros, encontramos nas obras de André Luiz. Um dos casos é quando o esposo se suicida, deixando mulher e filhos sem o arrimo necessário ao cumprimento de suas tarefas. Um segundo matrimônio na vida dessa mulher pode perfeitamente ser estabelecido, com a ajuda dos protetores espirituais. Eis aí uma hipótese até comum de reprogramação da existência corpórea.

         A experiência de Otávio - O exemplo seguinte, extraído do cap. 7 do livro Os Mensageiros, obra de André Luiz psicografada por Francisco Cândido Xavier, mostra o que pode acontecer na vida de uma pessoa que se rebela ante o programa traçado. É o que ocorreu com Otávio, cuja existência foi de absoluto fracasso.
Após contrair dívidas enormes em outro tempo, Otávio havia sido recolhido por irmãos dedicados de "Nosso Lar", que se revelaram incansáveis para com ele. Preparou-se, então, durante trinta anos consecutivos, para voltar à Terra em tarefa mediúnica, desejoso de saldar suas contas e elevar-se na senda da perfeição. O Ministério da Comunicação favoreceu-o com todas as facilidades e, sobretudo, seis entidades amigas movimentaram os maiores recursos em benefício do seu êxito.
O matrimônio não estava nas suas cogitações; seu caso particular assim o exigia. Não obstante solteiro, deveria receber aos vinte anos os seis amigos que muito trabalharam por ele em "Nosso Lar", que chegariam ao seu círculo como órfãos. No início, ele enfrentaria dificuldades crescentes; depois viriam socorros materiais, à medida que fosse testemunhando renúncia, desprendimento, desinteresse por remuneração.
Aos treze anos de idade, Otávio ficou órfão de mãe, espírita desde a juventude, e aos quinze começaram os primeiros chamados da esfera superior. O pai casou-se segunda vez e, apesar da bondade e cooperação que a madrasta lhe oferecia, Otávio colocou-se num plano de falsa superioridade em relação a ela, passando a viver revoltado, entre queixas e lamentações descabidas. Levado a um grupo espírita de excelente orientação evangélica, faltavam-lhe as qualidades de trabalhador e companheiro fiel. Nutria desconfiança com relação aos orientadores espirituais e revelava acentuado pendor para a crítica dos atos alheios. E tanto duvidou, que os apelos espirituais foram levados à conta de alucinações. Um médico lhe aconselhou experiências sexuais e, aos dezenove anos, Otávio entregou-se desenfreadamente ao abuso do sexo, fato que o afastou gradativamente do dever espiritual.
O pai desencarnou quando ele contava pouco mais de vinte anos. Dois anos depois, a madrasta foi recolhida a um leprosário, deixando na orfandade seis crianças, que Otávio abandonou definitivamente, sem imaginar que lançava seus credores generosos de "Nosso Lar" a destino incerto. Mais tarde, casou-se e recebeu como filho uma entidade monstruosa ligada a sua mulher, criatura de condição muito inferior à sua. Seu lar passou a ser um tormento constante até que desencarnou, mal tendo completado 40 anos, roído pela sífilis, pelo álcool e pelos desgostos, sem nada haver feito de útil para o seu futuro eterno.

ANGÉLICA REIS
De Londrina

O CONSOLADOR









quarta-feira, 2 de novembro de 2016

VIDA E SEXO, Emmanuel, PARTE 5/5

Estudo – Parte 5/5
Obra:
VIDA E SEXO 
Emmanuel, FEB, 1971, 2a edição

Sexo e religião
         168. A necessidade da reencarnação para o progresso da criatura  humana  está claramente posta no item 166 de “O Livro dos Espíritos”. Para alcançar a perfeição, é indispensável sofrer a prova de uma nova existência corporal. (PÁG. 105)
         169. A criatura que abraça encargos de natureza religiosa está procurando para si mesma aguilhões regeneradores ou educativos, de vez que ordenações de caráter externo não transfiguram milagrosamente o mundo íntimo. As realizações da fé se concretizam à base de porfiadas lutas da alma; ninguém se burila de um dia para outro. (PÁGS. 105 e 106)
         170. As leis do Universo não destroem o instinto, mas transformam-no em razão e angelitude, na passagem dos evos, pelos mecanismos da sublimação. (PÁG. 106)
         171. Efetivamente, existem Espíritos superiores e já erguidos a notáveis campos de elevação que, unicamente por amor e sacrifício, tomam assento nas organizações religiosas da Terra, volvendo à reencarnação em atividades socorristas, nas quais impulsionam o progresso dos seus irmãos. (PÁGS. 106 e 107)
         172. Esses missionários vibram em faixas de amor sublime, quase sempre inacessível à compreensão dos seus contemporâneos. Não ocorre o mesmo entre os que renascem sob regime disciplinar, requisitado por eles contra eles mesmos, de vez que grande número desses obreiros das idéias religiosas, reencarnados em condições de prova, demonstram dificuldades e inibições múltiplas, no corpo e na mente, quando não sofrem exagerada tendência aos desvarios sexuais. (PÁG. 107)
         173. Surgem daí os incidentes menos felizes – quantas vezes! – em que vemos expositores ardentes e apaixonados, dessa ou daquela idéia religiosa, tombando em experiências emotivas, muito mais complicadas e deploráveis do que aquelas outras que eles próprios reprovavam no caminho e na vida dos companheiros! ... (PÁG. 107)
         174. Aliás, o fenômeno é mais que justo, porquanto, aceitando os distintivos de determinada seara religiosa, o Espírito impõe a si mesmo um fator de frenagem e autopoliciamento, sem que as marcas exteriores da fé signifiquem mais que um convite ou um desafio a que se aperfeiçoe, de acordo com os princípios doutrinários que abraça. (PÁGS. 107 e 108)
         175. Instruções religiosas exteriores não alteram, de improviso, os impulsos do coração, conquanto se erijam em fortaleza de luz, amparando a criatura que a elas se acolhe para o serviço de auto aprimoramento. (PÁG. 108)
         176. Por todo o exposto, percebe-se que somos nós mesmos, Espíritos endividados ante as Leis do Universo, que nos enlaçamos uns com os outros, encarnados e desencarnados, aperfeiçoando gradativamente as qualidades próprias e aprendendo, à custa de trabalho e de tempo, como alcançar a sublimação que demandamos, em marcha laboriosa para a conquista dos Valores Eternos. (PÁG. 108)

À margem do sexo
         177. Em lição constante do item 16 do cap. X, “O Evangelho segundo o Espiritismo” recomenda que nos lembremos daquele que julga em última instância, que vê os movimentos íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que censuramos, ou reprova o que relevamos, porque conhece o móvel de todos os atos. (PÁG. 109)
         178. Em face dos ensinos do Cristo, elucidados pelos Espíritos superiores, devemos, à frente de todas as complicações e problemas do sexo, abster-nos de censura e condenação. A razão é simples. Todos nós – os Espíritos em aperfeiçoamento nos climas do planeta – estamos emergindo de passado multimilenar, em que as tramas da alma se entreteciam em labirintos de sombra, para que as bênçãos do aprendizado se nos fixassem no espírito. Ainda assim, estamos muito longe da meta por alcançar. (PÁGS. 109 e 110)
         179. Se alguém parece cair, sob enganos do sentimento, silenciemos e esperemos! Se alguém parece tombar em delinquência, por desvarios do coração, esperemos e silenciemos!... Sobretudo, compadeçamo-nos uns dos outros, porque, por enquanto, nenhum de nós consegue conhecer-se tão exatamente, a ponto de saber hoje qual o tamanho da experiência aflitiva que nos aguarda amanhã. (PÁG. 110)
         180. Devemos calar os nossos possíveis libelos, ante as supostas culpas alheias, porquanto nenhum de nós, por agora, é capaz de medir a parte de responsabilidade que nos compete a cada um nas irreflexões e desequilíbrios dos outros. (PÁG. 110)
         181. Não dispomos de recursos para examinar as consciências alheias e cada um de nós, ante a Sabedoria Divina, é um caso particular, em matéria de amor, reclamando compreensão. Muitos dos nossos erros imaginários no mundo são caminhos certos para o bem, ao passo que muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para o mal de que nos desvencilharemos um dia! ... (PÁGS. 110 e 111)
         182. Abençoemos e amemos sempre. E diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, coloquemo-nos em pensamento no lugar dos acusados, analisando as nossas tendências mais íntimas e, após verificar se estamos em condições de censurar alguém, escutemos no âmago da consciência o apelo inolvidável do Cristo: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. (PÁG. 111)

Londrina, 17/5/1998
Astolfo O. de Oliveira Filho

Vida e sexo, de Emmanuel

02/11 – Dia de Finados




Detendo o umbandista a tranquila convicção de que seu ente querido não mais se demora por estas bandas, tendo demandado estâncias outras, mais ricas de vida, guarda a consciência clara de que tudo o que ficou na sepultura foi a "roupagem gasta", e não mais, portanto, a pessoa com quem compartilhou experiências e afeto.

O hábito de visitar os mortos, como se o cemitério fosse sala de visitas do Além, é cultivado desde as culturas mais remotas. Mostra a tendência em confundir o indivíduo com seu corpo. Há pessoas que, em desespero ante a morte de um ente querido, o "VISITAM" diariamente. Chegam a deitar-se no túmulo. Desejam estar perto do familiar. Católicos, budistas, protestantes, muçulmanos, espíritas - somos todos espiritualistas, acreditamos na existência e sobrevivência do Espírito. Obviamente, o ser etéreo não reside no cemitério. Muitos preferem dizer que perderam o familiar, algo que mostra falta de convicção na sobrevivência do Espírito. Quem admite que a vida continua jamais afirmará que perdeu alguém. Ele simplesmente partiu. Quando dizemos "perdi um ente querido", estamos registrando sérios prejuízos emocionais. Se afirmarmos que ele partiu, haverá apenas o imposto da saudade, abençoada saudade, a mostrar que há amor em nosso coração, o sentimento supremo que nos realiza como filhos de Deus. Em datas significativas, envolvendo aniversário de casamento, de morte, finados, Natal, Ano Novo, dia dos Pais, dia das Mães, sempre pensamos neles.
COMO PODEMOS AJUDAR OS QUE PARTIRAM ANTES DE NÓS?
Envolvendo o ser querido em vibrações de carinho, evocando as lembranças felizes, nunca as infelizes; enviando clichês mentais otimistas; fazendo o bem em memória dele, porque nos vinculamos com os Espíritos através do pensamento. Além disso, orando por ele, realizando caridade em sua homenagem, tudo isso lhe chegará como sendo a nossa contribuição para a sua felicidade; a prece dá-lhe paz, diminui-lhe a dor e anima-o para o reencontro futuro que nos aguarda.

PODEMOS CHORAR?
Podemos chorar, é claro. Mas saibamos chorar. Que seja um choro de saudade e não de inconformação e revolta. O choro, a lamentação exagerada dos que ficaram causam sofrimento para quem partiu, porque eles precisam da nossa prece, da nossa ajuda para terem fé no futuro e confiança em Deus. Tal comportamento pode atrapalhar o reencontro com os que foram antes de nós. Porque se eles nos visitar ou se nós os visitarmos (através do sono) nosso desequilíbrio os perturbará. Se soubermos sofrer, ao chegar a nossa vez, nos reuniremos a eles, não há dúvida nenhuma.

Carta de um morto

Pede-me você notícias do cemitério nas comemorações de Finados. E como tenho em mãos a carta de um amigo, hoje na Espiritualidade, endereçada a outro amigo que ainda se encontra na Terra, acerca do assunto, dou-lhe a conhecer, com permissão dele, a missiva que transcrevo, sem qualquer referência a nomes, para deixar-lhe a beleza livre das notas pessoais.
Eis o texto em sua feição pura e simples:
Meu caro, você não pode imaginar o que seja entregar à terra a carcaça hirta. no dia dois de Novembro.
Verdadeira tragédia para o morto inexperiente.
Lembrar-se-á você de que o enterro de meu velho corpo, corroído pela doença, realizou-se ao crepúsculo, quando a necrópole enfeitada parecia uma casa em festa.
Achava-me tristemente instalado no coche fúnebre, montando guarda aos meus restos, refletindo na miserabilidade da vida humana...
Contemplando de longe minha mulher e meus filhos, que choravam discretamente num largo automóvel de aluguel, meditava naquele antigo apontamento de Salomão – “vaidade das vaidades, tudo é vaidade” –, quando, à entrada do cemitério, fui desalojado de improviso.
Na multidão irrequieta dos vivos na carne, vinha a massa enorme dos vivos de outra natureza. Eram desencarnados às centenas, que me apalpavam curiosos, entre o sarcasmo e a comiseração.
Alguns me dirigiam indagações indiscretas, enquanto outros me deploravam a sorte.
Com muita dificuldade, segui o ataúde que me transportava o esqueleto imóvel e, em vão, tentei conchegar-me à esposa em lágrimas.
Mal pude ouvir a prece que alguns amigos me consagravam, porque, de repente, a onda tumultuária me arrebatou ao círculo mais íntimo.
Debalde procurei regressar à quadra humilde em que me situaram a sombra do que eu fora no mundo... Os visitantes terrestres daquela mansão, pertencente aos supostos finados, traziam consigo imensa turba de almas sofredoras e revoltadas, perfeitamente jungidas a eles mesmos.
Muitos desses Espíritos, agrilhoados aos nossos companheiros humanos, gritavam ao pé das tumbas, contando os crimes ocultos que os haviam arremessado à vala escura da morte, outros traziam nas mãos documentos acusadores, clamando contra a insânia de parentes ou contra a venalidade de tribunais que lhes haviam alterado as disposições e desejos.
Pais bradavam contra os filhos. Filhos protestavam contra os pais.
Muitas almas, principalmente aquelas cujos despojos se localizam nos túmulos de alto preço, penetravam a intimidade do sepulcro e, de lá, desferiam gemidos e soluços aterradores, buscando inutilmente levantar os próprios ossos, no intuito de proclama aos entes queridos verdades que o tímpano humano detesta ouvir".
Muita gente desencarnada falava acerca de títulos e depósitos financeiros perdidos nos bancos, de terras desaproveitadas, de casas esquecidas, de objetos de valor e obras de arte que lhes haviam escapado às mãos, agora vazias e sequiosas de posse material.
Mulheres desgrenhadas clamavam vingança contra homens cruéis, e homens carrancudos e inquietos vociferavam contra mulheres insensatas e delinquentes.
Talvez porque ainda trouxesse comigo o cheiro do corpo físico, muitos me tinham por vivo ainda na Terra, capaz de auxiliá-los na solução dos problemas que lhes escaldavam a mente, e despejavam sobre mim alegações e queixas, libelos e testemunhos.
Observei que os médicos, os padres e os juízes são as pessoas mais discutidas e criticadas aqui, em razão dos votos e promessas, socorros e testamentos, nos quais nem sempre corresponderam à expectativa dos trespassados.
Em muitas ocasiões, ouvi de amigos espíritas a afirmação de que há sempre muitos mortos obsidiando os vivos, mas, registrando biografias e narrações, escutando choro e praga, tanto quanto vendo o retrato real de muitos, creio hoje que há mais vivos flagelando os mortos, algemando-os aos desvarios e paixões da carne, pelo menosprezo com que lhes tratam a memória e pela hipocrisia com que lhes visitam as sepulturas.
Tamanhos foram meus obstáculos, que não mais consegui rever os familiares naquelas horas solenes para a minha incerteza de recém-vindo, e, somente quando os homens e as mulheres, quase todos protocolares e indiferentes, se retiraram, é que as almas terrivelmente atormentadas e infelizes esvaziaram o recinto, deixando na retaguarda tão somente nós outros, os libertos em dificuldade pacífica, e fazendo-me perceber que o tumulto no lar dos mortos era uma simples consequência da perturbação reinante no lar dos vivos.
Apaziguado o ambiente, o cemitério pareceu-me um ninho claro e acolhedor, em que me não faltaram braços amigos, respondendo-me às súplicas, e a cidade, em torno, figurou-se-me, então, vasta necrópole, povoada de mausoléus e de cruzes, nos quais os espíritos encarnados e desencarnados vivem o angustioso drama da morte moral, em pavorosos compromissos da sombra.
Como vê, enquanto a Humanidade não se habilitar para o respeito à vida eterna, é muito desagradável embarcar da Terra para o Além, no dia dedicado por ela ao culto dos mortos que lhe são simpáticos e antipáticos.
Peça a Jesus, desse modo, para que você não venha para cá, num dia dois de Novembro. Qualquer outra data pode ser útil e valiosa, desde que se desagarre daí, naturalmente, sem qualquer insulto à Lei. Rogue também ao Senhor que, se possível, possa você viajar ao nosso encontro, num dia nublado e chuvoso, porque, em se tratando de sua paz, quanto mais reduzido o séqüito no enterro será melhor.
E porque o documento não relaciona outros informes, por minha vez termino também aqui, sem qualquer comentário.

(Livro: Cartas e Crônicas, ditadas pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB)