PARTE 3/4
Texto extraído do Livro "Umbanda – Mitos e Realidades" de
Iassã Ayporê Pery.
11. Como funciona
a hierarquia dentro de um terreiro de Umbanda?
Dentro de um
terreiro de Umbanda deve existir organização e disciplina. E para manter essa
organização e disciplina deve existir também um sistema hierárquico. Alguns
Terreiros dividem-se em parte administrativa e espiritual.
A parte administrativa
funciona como uma associação normal, com Presidente, Tesoureiro, Secretários e
outros cargos que possam vir a serem úteis na composição de seu estatuto. Já a
parte espiritual é comum ser dividida da seguinte forma:
a) Babalorixá e
Ialorixá: São os Dirigentes do terreiro, o Sacerdote (Babalorixá) ou a
Sacerdotisa (Ialorixá). É o Responsável espiritual por tudo que acontece nas
gírias, antes, durante e depois. São também chamados de pais e mães-de-santo.
Eles têm a função de cuidar e zelar espiritualmente do Terreiro e dos médiuns,
orientar e dirigir os trabalhos abertos e fechados ao público. São os
responsáveis em fazer cumprir as diretrizes estabelecidas pelo astral superior.
b) Pai Pequeno
e Mãe Pequena: São as segundas pessoas na hierarquia de um terreiro. Tem como
função auxiliar e substituir quando necessário o Babalorixá e a Ialorixá.
Outras funções específicas variam de terreiro para terreiro.
c) Médiuns de
Trabalho: São os médiuns que trabalham incorporados, cujas entidades já dão
consulta e já passaram por todos os preceitos do terreiro, que também variam de
Terreiro para Terreiro.
d) Médiuns em
Desenvolvimento: São Médiuns que como o nome já diz, estão em desenvolvimento,
ainda não passaram por todos os preceitos da casa. Em alguns Terreiros ele
podem dar passes, já incorporam uma ou outra linha de trabalho, mas não são
autorizados a dar consultas. Estão sendo preparados para tornarem médiuns de
Trabalho. Ajudam no auxílio as entidades incorporadas.
e) Cambonos: São
os responsáveis para auxiliar as entidades, esclarecer a assistência quanto as
obrigações passadas, coordenar a entrada da assistência nas consultas e passes.
f) Curimbeiro,
Tabaqueiro ou Ogã: É a pessoa responsável pela puxada dos pontos cantados e
bater ou tocar o atabaque, quando utilizados pelo Terreiro. Sua função é a de
ajudar na evocação das entidades e auxiliar a manter a agrégora positiva da
Casa durante as seções.
Deixemos bem
claro que todas as funções são importantes dentro da organização de um Terreiro
e nenhuma é melhor ou pior que a outra, o respeito e a disciplina deve sempre
ser elementos básicos da convivência entre todos, deve-se tomar muito cuidado
com a vaidade e a inveja, sentimentos que devem ser sempre repudiados por todo
e qualquer umbandista.
12. O que pode ou
não dentro dos rituais praticados nos Terreiros serem considerados de Umbanda?
Podemos
observar a enorme confusão que as pessoas fazem em relação ao que faz ou não
parte dos rituais da Umbanda e o que faz um terreiro serem considerados de
Umbanda.
Em primeiro
lugar a premissa básica para que se determine que um terreiro seja UMBANDA é a
caridade que se pratica no local. Não podemos confundir fundamentos com
elementos de rito ou culto. Em primeiro lugar é fundamental estabelecermos
algumas premissas básicas para o perfeito entendimento a respeito da
diferenciação do que seja “fundamento” de “elemento de rito”.
Fundamento: é
tudo que existe velado ou não, dentro do terreiro que “fundamenta” e direciona
seus trabalhos. Estabelece suas linhas de força trabalhada e cultuada, assim
como a missão da Casa. Ou seja, interfere e determina o resultado final dos
trabalhos realizados. É estabelecido pelos Dirigentes espirituais. Exemplo:
firmezas ou pontos de força estabelecidos no Gongá.
Elemento de
Rito: é tudo que existe, velado ou não, presente ou não, que não
interfere no resultado final dos trabalhos e nem na missão da Casa. É
estabelecido pelo sacerdote.
Entendido isso
vejamos então o que determina realmente se um terreiro é de Umbanda ou não?
a) Na umbanda o
atabaque é elemento de rito, ou seja, a presença ou não do atabaque NÃO
interfere no RESULTADO final do trabalho. A gira pode ficar, e fica mesmo, mais
alegre, mais “vibrante”, mas o resultado final é o mesmo. As entidades
incorporam e fazem seu trabalho da mesma maneira.
b) As roupas
(saias rodadas, etc.) são elemento de rito, o fato de serem brancas é que é
fundamento, ou seja, se as mulheres trabalham com “baianas” rodadas ou sem
roda, ou de jalecos não interfere no resultado final do trabalho. As roupas
coloridas podem ser usadas em giras festivas. Vai da preferência do sacerdote.
c) Sacrifício
de animal não é fundamento e muito menos elemento de rito da umbanda,
entretanto é e tem fundamento em outras religiões.
Esses simples
exemplos servem apenas para ilustrar, pois é tão fácil e simples saber ou
detectar se um terreiro é de umbanda ou não. Há caridade? Não há cobrança por
trabalhos, consultas ou passes? Não há sacrifício de animais? Então é umbanda.
Fácil, não? O resto, ou quase tudo, é elemento de rito.
13. Qual a
necessidade ou a importância do uso de roupas brancas?
A “Roupa
Branca” usada pelos médiuns nos rituais de Umbanda, deve ser tratada de maneira
especial e usada exclusivamente para este fim.
Ela representa
a pureza e a simplicidade, além do branco ser uma cor que absorve a vibrações
mas não as retém.
14. Qual o
objetivo dos banhos de ervas?
Tem ervas que
são para descarrego, outras para energização e outras com ambas as funções,
outras simplesmente preparatórias para algum tipo de trabalho.
Dependendo da
necessidade o médium ou o consulente, tomará seu banho de ervas objetivando
sempre uma boa harmonização com as forças da natureza, para a consecução dos
objetivos propostos.
Os banhos de
ervas necessitam de uma ritualística preparatória e não devem ser tomados
indiscriminadamente, só devem ser tomados sob orientação da Entidade ou do
Dirigente do Terreiro ou de pessoas a sua ordem, pois sem o conhecimento
específico do problema e do objetivo a ser alcançado, o banho pode ter efeito
contrário. Por exemplo se a pessoa tiver agitada demais não deverá tomar banho
de ervas Ogum ou Iansã, pois poderá ficar mais agitada ainda.
15. Porque
batemos a cabeça no gongá?
O “bater a
cabeça” é um gestual que representa humildade e respeito, é uma ato de
oferecimento de seu Ori (coroa), de reverencia e agradecimento à Coroa Regente
da Casa e de pedido de benção.
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