segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

UMBANDA – Mitos e Realidades

PARTE 3/4
Texto extraído do Livro "Umbanda – Mitos e Realidades" de Iassã Ayporê Pery.

11. Como funciona a hierarquia dentro de um terreiro de Umbanda?

Dentro de um terreiro de Umbanda deve existir organização e disciplina. E para manter essa organização e disciplina deve existir também um sistema hierárquico. Alguns Terreiros dividem-se em parte administrativa e espiritual.
A parte administrativa funciona como uma associação normal, com Presidente, Tesoureiro, Secretários e outros cargos que possam vir a serem úteis na composição de seu estatuto. Já a parte espiritual é comum ser dividida da seguinte forma:

a) Babalorixá e Ialorixá: São os Dirigentes do terreiro, o Sacerdote (Babalorixá) ou a Sacerdotisa (Ialorixá). É o Responsável espiritual por tudo que acontece nas gírias, antes, durante e depois. São também chamados de pais e mães-de-santo. Eles têm a função de cuidar e zelar espiritualmente do Terreiro e dos médiuns, orientar e dirigir os trabalhos abertos e fechados ao público. São os responsáveis em fazer cumprir as diretrizes estabelecidas pelo astral superior.

b) Pai Pequeno e Mãe Pequena: São as segundas pessoas na hierarquia de um terreiro. Tem como função auxiliar e substituir quando necessário o Babalorixá e a Ialorixá. Outras funções específicas variam de terreiro para terreiro.

c) Médiuns de Trabalho: São os médiuns que trabalham incorporados, cujas entidades já dão consulta e já passaram por todos os preceitos do terreiro, que também variam de Terreiro para Terreiro.

d) Médiuns em Desenvolvimento: São Médiuns que como o nome já diz, estão em desenvolvimento, ainda não passaram por todos os preceitos da casa. Em alguns Terreiros ele podem dar passes, já incorporam uma ou outra linha de trabalho, mas não são autorizados a dar consultas. Estão sendo preparados para tornarem médiuns de Trabalho. Ajudam no auxílio as entidades incorporadas.

e) Cambonos: São os responsáveis para auxiliar as entidades, esclarecer a assistência quanto as obrigações passadas, coordenar a entrada da assistência nas consultas e passes.

f) Curimbeiro, Tabaqueiro ou Ogã: É a pessoa responsável pela puxada dos pontos cantados e bater ou tocar o atabaque, quando utilizados pelo Terreiro. Sua função é a de ajudar na evocação das entidades e auxiliar a manter a agrégora positiva da Casa durante as seções.

Deixemos bem claro que todas as funções são importantes dentro da organização de um Terreiro e nenhuma é melhor ou pior que a outra, o respeito e a disciplina deve sempre ser elementos básicos da convivência entre todos, deve-se tomar muito cuidado com a vaidade e a inveja, sentimentos que devem ser sempre repudiados por todo e qualquer umbandista.

12. O que pode ou não dentro dos rituais praticados nos Terreiros serem considerados de Umbanda?

Podemos observar a enorme confusão que as pessoas fazem em relação ao que faz ou não parte dos rituais da Umbanda e o que faz um terreiro serem considerados de Umbanda.
Em primeiro lugar a premissa básica para que se determine que um terreiro seja UMBANDA é a caridade que se pratica no local. Não podemos confundir fundamentos com elementos de rito ou culto. Em primeiro lugar é fundamental estabelecermos algumas premissas básicas para o perfeito entendimento a respeito da diferenciação do que seja “fundamento” de “elemento de rito”.

Fundamento: é tudo que existe velado ou não, dentro do terreiro que “fundamenta” e direciona seus trabalhos. Estabelece suas linhas de força trabalhada e cultuada, assim como a missão da Casa. Ou seja, interfere e determina o resultado final dos trabalhos realizados. É estabelecido pelos Dirigentes espirituais. Exemplo: firmezas ou pontos de força estabelecidos no Gongá.

Elemento de Rito: é tudo que existe, velado ou não, presente ou não, que não interfere no resultado final dos trabalhos e nem na missão da Casa. É estabelecido pelo sacerdote.

Entendido isso vejamos então o que determina realmente se um terreiro é de Umbanda ou não?

a) Na umbanda o atabaque é elemento de rito, ou seja, a presença ou não do atabaque NÃO interfere no RESULTADO final do trabalho. A gira pode ficar, e fica mesmo, mais alegre, mais “vibrante”, mas o resultado final é o mesmo. As entidades incorporam e fazem seu trabalho da mesma maneira.

b) As roupas (saias rodadas, etc.) são elemento de rito, o fato de serem brancas é que é fundamento, ou seja, se as mulheres trabalham com “baianas” rodadas ou sem roda, ou de jalecos não interfere no resultado final do trabalho. As roupas coloridas podem ser usadas em giras festivas. Vai da preferência do sacerdote.

c) Sacrifício de animal não é fundamento e muito menos elemento de rito da umbanda, entretanto é e tem fundamento em outras religiões.

Esses simples exemplos servem apenas para ilustrar, pois é tão fácil e simples saber ou detectar se um terreiro é de umbanda ou não. Há caridade? Não há cobrança por trabalhos, consultas ou passes? Não há sacrifício de animais? Então é umbanda. Fácil, não? O resto, ou quase tudo, é elemento de rito.

13. Qual a necessidade ou a importância do uso de roupas brancas?

A “Roupa Branca” usada pelos médiuns nos rituais de Umbanda, deve ser tratada de maneira especial e usada exclusivamente para este fim.
Ela representa a pureza e a simplicidade, além do branco ser uma cor que absorve a vibrações mas não as retém.

14. Qual o objetivo dos banhos de ervas?

Tem ervas que são para descarrego, outras para energização e outras com ambas as funções, outras simplesmente preparatórias para algum tipo de trabalho.
Dependendo da necessidade o médium ou o consulente, tomará seu banho de ervas objetivando sempre uma boa harmonização com as forças da natureza, para a consecução dos objetivos propostos.
Os banhos de ervas necessitam de uma ritualística preparatória e não devem ser tomados indiscriminadamente, só devem ser tomados sob orientação da Entidade ou do Dirigente do Terreiro ou de pessoas a sua ordem, pois sem o conhecimento específico do problema e do objetivo a ser alcançado, o banho pode ter efeito contrário. Por exemplo se a pessoa tiver agitada demais não deverá tomar banho de ervas Ogum ou Iansã, pois poderá ficar mais agitada ainda.

15. Porque batemos a cabeça no gongá?


O “bater a cabeça” é um gestual que representa humildade e respeito, é uma ato de oferecimento de seu Ori (coroa), de reverencia e agradecimento à Coroa Regente da Casa e de pedido de benção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário